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SONHO FUTEBOL CLUBE

Nascido para vencer

postado em 13/08/2013 09:14 / atualizado em 13/08/2013 09:26

Cristina Horta EM DA PRESS
No parto, há cinco anos, o pequeno atacante precisou ser reanimado. “Ele teve convulsão e ficou em coma induzido. Foi muito difícil”, relembra, embargada, a mãe, Janaína Samirah Alves da Silva, de 25 anos. Devido às complicações vividas nos primeiros instantes de luz, Matheus Augusto da Silva Alcântara correu sérios riscos de ser deficiente físico. A família ouviu dos médicos que “dificilmente ele firmaria o pescoço”.

Um mês de internação pela recuperação do mocinho. “Ele correspondeu bem aos tratamentos iniciais, mas ficou com um atraso no desenvolvimento da fala e da mão esquerda”, conta Janaína. A técnica em segurança do trabalho recorda a força de vontade do filho pequenininho para encarar a fisioterapia. Com a falta de dinheiro, os pais de Matheus recorreram ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao Hospital Sarah Kubitschek.

O pai, Ediberto da Silva Alcântara, de 31, que já passou pela categoria de base do Cruzeiro, se fortaleceu na fé da mulher e no amor ao filho para não fugir à luta. Foram quatro anos de “muita peleja” até os tempos de surpreendente superação. Possível, segundo o ex-jogador – hoje carpinteiro –, pela intimidade de Matheus com o futebol. “Desde miudinho, percebemos nele uma paixão além do normal pela bola. O futebol ajudou em tudo: no desenvolvimento físico, mental e nos relacionamentos”, sorri Ediberto.

A deficiência da fala de Matheus foi embora com o assunto de paixão. O craque só quer conversar sobre futebol. Dono de sorriso dos mais cativantes, o pequeno goleador fala com a desenvoltura dos gigantes fora das quatro linhas. Promessa, destaque na escolinha do Centro Taffarel de Futebol, não é que o baixinho encanta a arquibancada com dribles de entortar zagueiros!?

Nas quadras da Avenida Barão Homem de Melo, no Bairro Estoril, Região Oeste de Belo Horizonte, o pequeno e arisco atleta já é conhecido como gigante vencedor. O caminho é longo. Pai e mãe sabem bem. Entretanto, Janaína e Ediberto não alimentam ilusões. “Esperamos que ele consiga viver bem, que seja feliz, com ou sem o futebol. Nosso papel é apoiá-lo e prepará-lo para o que der e vier”, considera Janaína.

Para a mãe, Matheus precisar saber desde cedo que, “quando um sonho não dá certo, a vida continua”. Apaixonado pelo Cruzeiro e fã do atacante Neymar, do Barcelona, o mocinho não arreda o pé da bola. Entrevista que nada. O menino quer mostrar serviço é em campo. Bola pra cá, pra lá e gol! Com ele é assim: papo bom é bola na rede. Os pais, cúmplices, se desmancham em orgulho. Fora do campo dos sonhos, a vida é de apertos com a falta de recursos.

Janaína ressalta o sufoco: “A gente luta muito. Meu marido trabalha como autônomo. É difícil. Às vezes, não temos dinheiro e atrasamos as contas, mas não o tiramos do futebol”, emociona-se. Para a mãe coragem, o esforço do filho já tem sido recompensado. “Ele se esforçou muito para ser como as outras crianças, para jogar de igual para igual… Vê-lo assim, tão feliz em campo, já é uma grande conquista”, comemora.