Futebol Nacional
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SONHO FUTEBOL CLUBE

Sob a bênção da mãe, estrela

postado em 13/08/2013 09:22 / atualizado em 13/08/2013 09:39

Ramon Lisboa EM DA PRESS
Belo Vale é um traçado de lembranças no coração do zagueirão Vinícius Fernandes Braga da Mata, de 16 anos, do time júnior do Villa Nova. Foi nas peladas de Nova Lima, município com cerca de 7 mil habitantes na Região Central de Minas, que ele foi revelado aos 12 anos. O jovem passou pelo Gol Brasil e, em 2012, depois de peneira “muito disputada, cheia de bons jogadores”, conquistou espaço entre as promessas da Portuguesa, em São Paulo, por um ano.

No coração e nas lembranças, uma estrela eterna: há menos de dois anos, Vinícius perdeu a mãe, com câncer. “Pensei em desistir, em largar o futebol para sempre. Perdi o chão”, diz, olhos marejados, tentando se manter forte com a firmeza que o destaca na defesa. No Leão do Bonfim, o moço arrebatou os cuidados de Piedade Betônico, voluntária e tutora dos garotos da base do Villa. “O sonho deles é também o meu sonho. Como mãe, amiga, tia, quero o bem de todos eles neste mundo difícil, mas também muito feliz, que é o mundo do esporte”, alegra-se.

A funcionária pública aposentada, de 56, não sabe explicar a paixão desde a infância pelo futebol, especialmente pelo clube da terra natal. “O futuro desses meninos é o futuro do meu Villa”, desmancha-se, emocionada pelo sonho realizado de nova residência para os jovens talentos do time. É dia de inauguração da “Toca do Leão”. Antes do sobrado, os jovens atletas viviam em alojamento de pouco conforto sob as arquibancadas do estádio municipal. Vinícius tem espaço garantido na nova república.

Com a simplicidade de quem quer subir degrau por degrau, avesso às cifras improváveis da roda da fortuna, o jogador não destaca os mais afortunados do esporte, negociados a peso de ouro para clubes estrangeiros. A principal inspiração de Vinícius é o cruzeirense Dedé. Ele diz acompanhar a carreira do zagueiro desde o Vasco. A humildade e a postura em campo são as qualidades do ídolo que mais chamam a atenção do garoto de Belo Vale.

“Minha paixão é o mundo da bola. Se não conseguir viver profissionalmente como jogador de futebol, vou estudar educação física e me tornar técnico de futebol”, revela. Dos momentos de glória, conta a vaga conseguida na raça na Lusa. “A melhor coisa é você alcançar um objetivo por meio do seu trabalho. Entrar para a Portuguesa foi uma vitória, porque eram muitos outros bons jogadores tentando a mesma oportunidade”, conta.

Sem ceder na guarda das particularidades, Vinícius procura manter timbre e timing de profissional na entrevista. Bem orientado, diz pretender “fazer um bom ano no Villa Nova e continuar superando limites”. Para o atleta, a principal virtude de um zagueiro é a tranquilidade. Em rara brecha de sentimentos, o atleta revela sentir a força e a presença da mãe “o tempo todo”. “Sinto as transformações que ela promove na minha vida. Foram muitas as lições que ela deixou”, emociona-se, por fim.