Futebol Nacional
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ENTREVISTA

Novo técnico, Paulo Comelli traça planos no América: 'Meta é o acesso à Série A'

Treinador também comentou sobre a situação do Coelho no Campeonato Mineiro, a possibilidade de contratar novos jogadores e o aproveitamento da categoria de base

postado em 11/03/2013 16:28 / atualizado em 11/03/2013 20:58

Fernando Ribeiro/Criciúma EC



O América confirmou, nesse domingo, a contratação do técnico Paulo Comelli até o final desta temporada. O novo comandante do Coelho, de 52 anos, estava no Criciúma (SC), mas acabou demitido por conta da má campanha no Campeonato Catarinense. Ele, no entanto, foi o responsável por liderar o Tigre na Série B do Campeonato Brasileiro de 2012, competição em que foi vice-campeão – ficou atrás apenas do Goiás, campeão com 78 pontos.

Os números de Paulo Comelli pelo Criciúma foram bastante satisfatórios. Em 38 partidas na Série B do ano passado, o Tigre conquistou 22 vitórias, empatou sete vezes e perdeu nove. Os catarinenses marcaram 78 gols, sofreram 57 e tiveram Zé Carlos como artilheiro da competição, com 27 tentos. O técnico permaneceu em Santa Catarina durante 10 meses.

Em 22 anos de carreira, Paulo Comelli treinou aproximadamente 35 clubes. Os trabalhos de mais destaque do técnico foram no comando de Portuguesa, Bahia, Figueirense, Oeste (SP), Vila Nova (GO), CRB e Criciúma. Ele também é conhecido por atuar em equipes com calendário de jogos apenas para o primeiro semestre do ano: entre elas estão São Bento, XV de Piracicaba, União São João, Sertãozinho e Noroeste.

O contrato de Paulo Comelli, que substitui Vinícius Eutrópio no comando do América, termina no dia 30 de novembro de 2013. O novo técnico já prepara a equipe durante a semana para o jogo contra o Atlético, no próximo domingo, às 18h30, no Estádio Independência.

Antes de se apresentar ao América nesta terça-feira, às 16h, no CT Lanna Drumond, Paulo Comelli concedeu entrevista ao Superesportes e explicou sobre os planos e as expectativas no comando do novo clube. Para o técnico, o objetivo principal em 2013 é conquistar o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro.

No sábado, o América ainda havia técnico, e logo no dia seguinte foi divulgada a sua contratação. Como aconteceu o acerto com o clube?


O acerto aconteceu no domingo à noite. Eu tinha algumas propostas de outras equipes, mas optei pelo América. Gostei do projeto que me foi apresentado pela diretoria. A boa estrutura do clube também prevaleceu na minha decisão. Será a primeira vez que trabalharei em um clube de Minas Gerais.

Você já conhecia os jogadores do atual elenco do Coelho? Qual é sua avaliação a respeito deles?


Já trabalhei com o Neneca no Oeste (SP). Também acompanhei alguns jogadores nos confrontos entre América e Criciúma pela Série B de 2012. O clube conta com atletas de qualidade, entre eles Fábio Júnior, Rodriguinho, Alessandro, Leandro Ferreira, entre outros. É um grupo com bastante potencial, que será melhor avaliado a partir do momento em que eu começar a trabalhar com ele.

Existe algum atleta já recomendado por você à diretoria do América?


Por enquanto não há nada definido. O presidente comentou a respeito de carência em algumas posições e nós vamos avaliar com mais calma. Quero conhecer melhor o grupo, analisar melhor as situações e, depois, se a diretoria tomar alguma posição a respeito de contratar jogadores, fazer as indicações necessárias para suprir as necessidades da equipe.

Alguns treinadores preferem valorizar a marcação, enquanto outros optam pelo jogo mais ofensivo. Em quais destes atributos encaixa o seu estilo de treinar a equipe?


As equipes que treinei sempre tiveram características mais ofensivas. No ano passado, o Criciúma conseguiu fazer o maior número de gols de todas as divisões do Campeonato Brasileiro. O time jogou com dois volantes e dois armadores, além de um atacante mais veloz e outro um pouco mais fixo na grande área. Este é um esquema que eu estou mais acostumado a utilizar nas equipes que treinei.

E em relação ao seu estilo de lidar com o grupo? É um treinador mais tranquilo ou tem um perfil “durão” com os jogadores?


Acho que sou um meio-termo. É claro que é importante saber conversar e dialogar com os atletas, mas sem deixar de fazer cobranças. Disciplina é fundamental tanto dentro de campo quanto fora dele. Não abro mão disso em momento algum. Então sempre tem a hora de conversar e a hora de exigir mais dedicação. Vou conhecer isso com o passar do tempo no América.

Apesar da recém-demissão no Criciúma, você chega a BH creditado pela boa campanha que fez na Série B de 2012. Quais foram os pontos mais positivos do feito por seu ex-clube?


Surpreendemos muita gente no ano passado. Ninguém esperava que pudéssemos fazer uma boa campanha na Série B de 2012. As projeções iniciais passavam longe da possibilidade de acesso, mas conseguimos inverter a situação. Mesmo com o investimento reduzido, o Criciúma fez uma excelente campanha e hoje está na Série A.

Mesmo com a má campanha no Campeonato Catarinense, você se sentiu um pouco injustiçado com a demissão no Criciúma?


Respeitei o posicionamento da diretoria, pois os resultados não estavam sendo bons no Campeonato Catarinense. Por conta do acesso do Criciúma à Série A, a expectativa era a de que o time fosse brigar pelo título. Só que o elenco mudou bastante, pois dos 29 jogadores que foram vice-campeões da Série B, apenas quatro permaneceram. Saíram Zé Carlos, Lucca e outros jogadores importantes. A reformulação foi tão extensa que eu tive de promover alguns atletas das categorias de base para compor o grupo, que estava bastante reduzido (18 atletas). A tarefa não foi fácil e os dirigentes optaram pela mudança no comando técnico.

Prestes a assumir o comando do América, você já pode traçar o principal objetivo da equipe na temporada de 2013?


Sim, claro. A meta principal é o acesso à Série A . É claro que a montagem do plantel visará disputar o título, não tenha dúvida. Mas uma boa campanha na competição e o retorno à Primeira Divisão já será um grande feito. Para que isto aconteça, vamos analisar bem todos os recursos que temos no elenco e sugerir as reposições para as possíveis carências. Conseguimos fazer um bom trabalho no Criciúma e no América não será diferente, já que conta também com a presença de jogadores com muita experiência.

E em relação ao Campeonato Mineiro? O América ocupa apenas a sétima posição e está longe dos primeiros colocados. Qual é a sua expectativa faltando apenas seis jogos para o término da primeira fase?


Temos que pensar na classificação, mas ao mesmo tempo sermos realistas. Ainda teremos Atlético e Cruzeiro como adversários e sabemos que são equipes com extrema qualidade nos elencos. O grande objetivo mesmo é a Série B do Campeonato Brasileiro, competição em que teremos mais partidas. O elenco será montado para retornar à Série A .

Em Minas Gerais, muito se cobra o aproveitamento dos jogadores das categorias de base dos clubes. Você pretende, no América, estender a possibilidade de os jovens atletas atuarem pela equipe profissional?


Pretendo sim. Isso até faz parte da montagem do elenco. No Criciúma eu trabalhei com muitos jogadores jovens, então no América não será diferente. É importante a marcação de jogos-treino e coletivos entre o time profissional e os juniores, sem descartar também a presença dos jogadores juvenis. Temos que acompanhar tudo e conversar com os profissionais responsáveis por trabalhar diretamente com esses jovens. Tudo será avaliado.

Nas primeiras rodadas do Campeonato Mineiro, a torcida do América se mostrou bastante insatisfeita com o rendimento da equipe e chegou a vaiar os jogadores nas partidas no Independência. Como você espera enfrentar esta situação e conseguir conquistar a confiança dos americanos?


Na campanha do Criciúma na Série B de 2012, a presença da torcida foi importantíssima nos jogos. Em algumas situações, a equipe perdia por 2 a 0 ou 3 a 1 e conseguiu virar a partida graças ao incentivo e ao grito das arquibancadas. Isso pesa muito. Então, se a gente conseguir uma boa sequência de vitórias no América, com certeza teremos o apoio dos torcedores. É importante que eles venham junto com a equipe.