Futebol Nacional
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Tardelli e mais 10

Já regularizado na CBF, atacante deve ser a grande novidade do Galo na estreia na Libertadores, contra o time que o revelou. Cuca só não anuncia em que função

postado em 08/02/2013 08:40 / atualizado em 08/02/2013 08:43

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
Do lado de fora da Cidade do Galo, oito torcedores do Atlético esperavam ansiosamente a saída do ídolo. Debaixo do sol quente, eles tiveram ânimo para pegar o ônibus do Centro de BH até o CT na cidade vizinha de Vespasiano, na ânsia de rever o jogador depois de dois anos. Mesmo que por poucos segundos, realizaram o desejo no fim da tarde. Dentro de sua BMW de vidro escuro, Diego Tardelli acenou de leve para os fãs, recebeu aplausos em retribuição e seguiu caminho com seu empresário, Beto Fedato.

Horas antes, o atacante contratado pelo alvinegro por R$ 15 milhões também realizava seu maior sonho: era apresentado como novo reforço para a Copa Libertadores e vestia novamente a camisa da equipe pela qual balançou as redes 73 vezes em 114 jogos, entre 2009 e 2011. Ele deverá ser a principal atração do jogo de estreia na Copa Libertadores, contra o São Paulo, quarta-feira, às 22h, no Independência.

Mais tranquilo do que na chegada ao aeroporto de Confins, onde havia sido recepcionado por 700 torcedores na terça-feira, Tardelli está consciente da responsabilidade de fazer gols e garantir títulos para o Galo. “Por tudo o que fiz no Atlético há dois anos, reconheço que as cobranças serão grandes. Não foi fácil minha vinda, desde que as negociações começaram. Queria agradecer à diretoria pela paciência e por ter acreditado em mim novamente. A gente vai buscar o objetivo principal, que é o bom papel na Libertadores”, avisou.

Toda a documentação do atacante foi enviada ontem à tarde à Federação Mineira de Futebol, que a encaminhou à CBF. Às 17h, seu nome era publicado no Boletim Informativo Diário (BID), o que permite ao Atlético inscrevê-lo na Libertadores. O atleta quer aproveitar ao máximo os cinco dias de preparação para estar em boas condições físicas para enfrentar o time que o revelou.

O treinador Cuca já adiantou que conta com Tardelli contra o São Paulo, mas não informou onde pretende escalá-lo. Tanto pode ser mais fixo na área, no lugar de Jô, quanto mais pela direita, em função carente desde a dispensa de Danilinho em agosto do ano passado. “No Catar, eu jogava mais pela esquerda, posição ocupada pelo Bernard no Atlético. Quero me preparar para isso, preciso estar jogando e me readaptar ao futebol brasileiro, porque no Catar o estilo é mais lento. Quero me readaptar ao fuso horário, que atrapalha um pouco. Em duas semanas, estarei 100%.”

PRESSÃO Ídolo da massa, Tardelli regressa ao Galo com a pressão de ser o nome de que o técnico tanto precisa no ataque e de justificar o alto investimento da diretoria. Nos dois últimos anos, o clube fracassou nas apostas em Guilherme e André, que não corresponderam à expectativa da torcida. Enquanto o primeiro foi comprado por R$ 15 milhões, o segundo custou R$ 17 milhões.

“Tardelli nos deixou em um bom momento em 2011 e buscou novos horizontes pelo mundo. Com as transformações que atingiram nosso futebol, conseguimos repatriá-lo. Ele veio complementar uma equipe que projetávamos, mas precisava de um jogador do nível dele. A promessa do presidente foi cumprida. Agora esperamos que ele possa brilhar”, ressalta o diretor de futebol Eduardo Maluf.

Reencontrar a torcida e voltar ao Atlético foram os objetivos conquistados pelo atacante, mas a oportunidade de atuar ao lado de Ronaldinho Gaúcho é mais um fator de estímulo. “É uma honra jogar com Ronaldinho, um ídolo mundial. Trocamos camisas em uma oportunidade e isso foi especial para mim. Espero que a gente se entenda dentro de campo e possa brilhar.” Ele também volta a pensar na Seleção Brasileira e na Copa do Mundo de 2014. “Tenho de estar bem até lá para voltar a ser convocado.”

MEMÓRIA
Rusga no passado
Cuca e Tardelli tiveram um problema de relacionamento há nove anos, no São Paulo. O atacante, recém-promovido da base, foi afastado pelo técnico por ter chegado atrasado à concentração na véspera de um jogo. Ambos garantem ter superado o episódio e estar prontos para iniciar nova fase de convivência. “Os problemas que tive fazem parte do passado. Tinha 18 anos. Estou feliz de estar trabalhando novamente com Cuca, mais maduro, tenho a vida totalmente diferente do que tinha há 10 anos. Sou pai de família”, disse o atacante.