Futebol Nacional
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Passaporte alvinegro

Caravanas de atleticanos garantem presença no duelo do Galo com o Arsenal, em Buenos Aires. Parte do grupo vai encarar 38 horas de viagem em ônibus

postado em 19/02/2013 08:16 / atualizado em 19/02/2013 08:55

Maria Tereza Correia/EM/D.A Press
Foram 13 anos de espera para ver o Atlético reaparecer pelos gramados da América do Sul em sua mais importante competição. O primeiro passo foi torcer para que a equipe chegasse lá. Alcançado o objetivo, agora é hora de fazer as malas e acompanhar a delegação alvinegra. Se o time de Ronaldinho Gaúcho ganha confiança em seu primeiro jogo internacional pela Copa Libertadores’2013, diante do Arsenal, terça-feira, às 21h45 (de Brasília), em Sarandí, a 15 quilômetros de Buenos Aires, há torcedores se mobilizando para não perder um minuto da saga do Galo.

Eles terão gastos extras e vão se submeter a uma longa viagem para estar perto dos jogadores. Cerca de 700 pessoas compraram pacotes especiais em agências de turismo por quatro dias na capital argentina, pagando entre R$ 1,2 mil e R$ 1,8 mil. Já outros farão o percurso pegando a estrada e pagando mais barato (R$ 1 mil). Vão enfrentar pelo menos 31 horas de viagem, percorrendo quase 3 mil quilômetros.

O aposentado Aurélio Inácio da Silva, de 56 anos, está acostumado a ficar um dia inteiro dentro do ônibus por conta do Galo. Ele já viajou assim para o Rio de Janeiro, São Paulo, Cachoeiro do Itapemirim (ES), não esconde a ansiedade pela ida à Argentina e exalta a oportunidade de confraternização. “Vamos cantando alegres, conversando sobre futebol. É uma viagem muito boa para descansar e fazer novos amigos, porque não conhecemos todos. O que é cansativo torna-se divertido”, conta o torcedor.

De acordo com o agente de viagem Guto Moura, da São Lourenço, os passageiros embarcarão à meia-noite de domingo e farão paradas estratégicas para almoçar e tomar banho. O pacote inclui duas diárias de hotel em Buenos Aires, passeios a um shopping para compras e ida a um show de tango. Os torcedores seguirão em um ônibus leito, onde poderão descansar e evitar o desgaste. A empresa fez parceria com a folclórica torcedora Lenir Rocha, conhecida como Lenir da Sombrinha, que tradicionalmente organiza caravanas em jogos do Galo.

Já o corretor de imóveis Felipe Fonseca Vasconcelos, de 33 anos, partirá de avião com um grupo de 154 amigos. Ele teve experiências em outras viagens na Argentina para acompanhar o Atlético: esteve na goleada por 4 a 1 sobre o Lanús, no título da Conmebol de 1997, e no empate com o Boca Juniors por 2 a 2, pela Copa Mercosul de 2000. Para fazer um passeio tranquilo, Felipe partirá no dia do jogo e pediu três de folga. Só voltará na quinta-feira. “Quem viaja normalmente são os torcedores mais fanáticos. Vou mais tarde que os outros porque quero conhecer o Monumental de Nuñez e ir outra vez à Bombonera”. Para se locomover de Buenos Aires para Sarandí ele pegará um ônibus.

ANIMAÇÃO Caso o Atlético conquiste a vitória, o empresário Roberto Lélis, de 50 anos, promete fazer um carnaval e transformar Buenos Aires numa extensão de BH. “Eu falei que se o Atlético se classificasse à Libertadores iria a todos os jogos fora. É um momento diferente e único na nossa vida”. Em vez de procurar pacote especial, ele optou por comprar a passagem e reservar o próprio hotel, pagando R$ 1,1 mil. “A viagem torna-se mais longa, porque dependemos de horário. Vou sozinho para não ter esse problema”.

A animação dos torcedores em ir à Argentina quase prejudicou o próprio time, já que houve dificuldade para reservar voo para todos os integrantes da delegação. Os atleticanos terão direito a 2 mil ingressos no Estádio Júlio Grandona, com capacidade para 16,3 mil pessoas. Os associados Galo na Veia terão um pacote especial com direito a passagem, ingressos e hospedagem.

O comerciante Ricardo Márcio dos Santos conseguiu pagar mais barato para ver o Galo jogar. No início de janeiro, assim que a tabela da Libertadores foi divulgada, ele rapidamente comprou a passagem, pagando R$ 700 reais, além de R$ 150 pelo hotel. “A expectativa é grande, porque fizemos um time de qualidade com o Ronaldinho. Isso nos dá incentivo para acompanhar a equipe e acreditar numa grande vitória”.

OUTROS TEMPOS
Viagens precárias
Em épocas anteriores, viagens como essas representavam muito mais do que demonstrar o amor pelo time. Às vezes, nem terminavam, devido à precariedade dos ônibus, velhas jardineiras, e às condições das estradas, especialmente na disputa de 1972. Do meio do caminho, era comum o regresso de parte do grupo. Quem seguia ficava sujeito a atos de vandalismo que impediam a chegada ao destino. Isso ocorreu em 1978 e em 2000. Mas a mais dramática das caravanas talvez tenha sido a Rosário, em 1995, na decisão da Conmebol com o Rosário Central. O Galo perdeu nos pênaltis, e a torcida (por sorte ou azar) só chegou ao fim do duelo. (Antônio Melane)

MAIS UM DIA DE DESCANSO
Os jogadores do Atlético curtem mais um dia de folga e se reapresentam amanhã cedo para começar os trabalhos com vistas ao duelo com o Arsenal. A expectativa fica por conta do retorno do armador Ronaldinho Gaúcho, poupado na goleada sobre o Araxá por 3 a 0, no Independência. Ele passou os últimos três dias na academia intensificando a condição física. O atacante Diego Tardelli sofreu cãibras no fim da partida contra o Ganso. Ele, porém, garante estar inteiro para pegar os argentinos: “Consegui aguentar os 90 minutos, mas senti um pouco de dor. Nada que me preocupe, já que fui na manha e usei a experiência para suportar a partida”.