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Copa Libertadores

Com suor... e até sangue!

Batalhas do Atlético em arenas argentinas são embaladas por catimba, triunfo que abriu caminho para título e massacres dentro e fora de campo. Desafio de terça é o Arsenal

postado em 24/02/2013 08:32

O caminho do Atlético fora de casa na Copa Libertadores começa na terça-feira, diante do Arsenal, às 21h45, no Estádio Julio Grondona, em Sarandí, a 15 quilômetros de Buenos Aires, para onde a delegação embarca hoje.

Na Argentina, o Galo protagonizou duelos que ficaram marcados na história do clube, envolvendo título, rivalidade, catimba, confusão e até casos pesados de agressão. Momentos inesquecíveis e outros lamentáveis na memória do torcedor alvinegro.

A saga atleticana no país hermano começou em 1978, em sua segunda participação na Copa Libertadores (a primeira foi em 1972). O clube viajou para enfrentar os dois principais times do país – River Plate e Boca Juniors. No Monumental de Núñez, a partida seria contra o forte River, que havia perdido o título da competição para o Cruzeiro dois anos antes. Naquela época, os argentinos pouco sabiam sobre o Galo, que ainda dava os primeiros passos para construir sua trajetória internacional. O time do técnico Mussula era visto como inferior à Raposa, por não ter uma reputação fora do Brasil.

E a pressão sobre os mineiros surtiu efeito. Mesmo liderado pelo goleiro João Leite, pelo zagueiro Vantuir e pelo volante Toninho Cerezo, o time alvinegro perdeu por 1 a 0. “A Libertadores não tinha a mesma visibilidade de hoje. O Brasileiro era o mais importante. Por isso, a concentração não foi a mesma. Até a polícia nos pressionou, pois ficava à beira do campo nos intimidando. Foi um clima de guerra. Logo, não conseguimos jogar”, disse Vantuir.

Uma semana depois, o Galo enfrentou o Boca. E mais uma vez a catimba argentina deu certo. Em jogo de muitas faltas e paralisações, os donos da casa fizeram 3 a 1 na Bombonera – gols de Modesto (contra), Mastrângelo e Salinas, contra um de Marinho. O time mineiro voltou para casa eliminado.

O Atlético retornou à Argentina em 1995 para disputar a final da Copa Conmebol contra o Rosario Central, no Gigante de Arroyito. O clima era de festa e euforia, depois da goleada por 4 a 0 no jogo de ida, no Mineirão, uma semana antes. O clube tinha preparado uma festa para a torcida na Praça Sete. Mas do outro lado estava a torcida do Rosario, feroz pelo humilhante resultado em BH e disposta à vingança. E ela criou um ambiente hostil. Um dia antes do duelo, o ônibus do Galo foi apedrejado por torcedores rivais. Na véspera do confronto, os jogadores nem dormiram, já que vândalos atiraram bombas e panelas no Hotel Riviera durante a noite.

Na partida, o Galo perdeu a concentração e a cabeça. Os donos da casa devolveram a goleada por 4 a 0 e levaram o título nos pênaltis – 4 a 3. Procópio lamentou que o time tenha se descuidado: “Falei no jogo de ida que poderíamos ter vencido por cinco ou seis gols de diferença. Os jogadores desperdiçaram chances no fim da partida. Os argentinos recorreram a todos os meios possíveis para nos vencer, inclusive à violência”.

Mas o time mineiro enfrentaria sua partida mais violenta e polêmica em 1997, diante do Lanús, outra vez na decisão da Copa Conmebol. Era o primeiro jogo da final e o Galo, que buscava o bicampeonato (campeão em 1992), sabia que pelo menos o empate seria importante resultado. O time da casa ainda não era uma das potências da Argentina e jamais havia sido campeão nacional. Mas tentava compensar tudo com muita vontade e catimba, e abusava do jogo duro.

Dentro de campo, o Galo foi perfeito: 4 a 1 sobre os donos da casa, que teriam de vencer por quatro gols de diferença no Mineirão para ser campeões. Porém, os anfitriões partiram para a agressão física, num dos incidentes que mancharam a história do futebol sul-americano. No gramado, o primeiro alvo foi o armador Jorginho, atacado por Ruggeri no segundo tempo. E depois da partida, os atletas argentinos e parte da torcida partiram para cima dos atletas do Galo e a comissão técnica, encurralados junto ao alambrado. Foi um festival de socos e pontapés.

A maior vítima foi o técnico Emerson Leão, ferido gravemente no rosto. Ele teve de se submeter a uma cirurgia para reparar as marcas da agressão. Até hoje o caso lhe provoca arrepios. “Não gosto nem de lembrar. Os principais episódios já apaguei da memória. Já até voltei ao estádio do Lanús e fui bem recebido. As lamentações foram apagadas com o nosso título, que foi brilhante”, diz o treinador. No Mineirão, o Galo chegou ao bi com empate por 1 a 1.

MERCOSUL Os dois últimos confrontos do alvinegro na Argentina foram pela Copa Mercosul de 2000. Na primeira fase, os mineiros bateram o San Lorenzo por 4 a 3, no Nuevo Gasometro, com gols marcados por André (2), Marques e Ramon – Loco Abreu (2) e Romeo descontaram. Nas quartas de final, o time de Carlos Alberto Parreira eliminou o Boca, outra vez no Bombonera, com empate por 2 a 2, gols de Barijho (2) para os boquenses e Cláudio Caçapa e André para o Galo, que havia vencido no Mineirão (2 a 0). Nas semifinais, a equipe alvinegra caiu diante do Palmeiras.