A repercussão dos incidentes na vitória do Atlético sobre o Arsenal de Sarandí por 5 a 2, na noite de quarta-feira, no Independência, pela Copa Libertadores, está longe de terminar. Se o clube argentino foi punido e multado em R$ 38 mil pelo Juizado Criminal e Especial de Belo Horizonte por causa violência de oito jogadores contra a Polícia Militar, o Galo também pode arcar com as consequências. Pelo menos é que o entende a Conmebol. Nessa quinta-feira, seu secretário-geral, o argentino José Luís Meiszner, criticou a atuação dos militares e promete rigor nas investigações e na punição aos envolvidos.
Ele garante que atos como esse estão sendo coibidos pela Confederação Sul-Americana: “O que a polícia do Brasil fez aos jogadores do Arsenal é imperdoável e incompreensível, e não se pode repetir”. A entidade abrirá investigação do caso assim que obtiver o relato do delegado da partida, o paraguaio Leonardo Flores, que já encaminhou a súmula para análise. “O ocorrido foi um caso de má aplicação das medidas de segurança, porque o que a polícia local fez foi um ato antinatural para uma sociedade moderna”, reforçou Meiszner.
Para o Atlético, porém, a responsabilidade recairia sobre os visitantes. “Se tiver punição pelas imagens, vai ser para o time da Argentina”, defendeu-se o presidente Alexandre Kalil. É o mesmo pensamento do representante da Conmebol no Brasil, Hildo Nejar. “Pelo que vi na televisão, o Atlético não teve interferência nenhuma. O problema foi causado pelo Arsenal. Porém, é preciso verificar o origem da confusão. Até hoje (sexta-feira), o relatório (do árbitro) deve ser enviado à Conmebol e aí o tribunal poderá tomar uma decisão”, afirmou.
Por causa da confusão, o Arsenal foi multado em R$ 38 mil e pegou empréstimo com a diretoria do Galo para o pagamento. Atingido por uma cadeira atirada pelos argentinos, o radialista Nilber Rodrigues recebeu indenização de R$ 4 mil, assim como os policiais militares Edson Henrique Rabello de Souza Mendes, Cícero Leonardo da Cunha – pelos crimes de lesão corporal, desacato a autoridade e danos materiais, o valor pago foi de R$ 26 mil, doados a cinco instituições filantrópicas. A coronel Cláudia abriu mão de sua indenização, depois de o volante Ivan Marcone pedir-lhe desculpas formais pela agressão.
O diretor de futebol Eduardo Maluf disse que o Atlético não tem o que temer: “A súmula da partida e o delegado não têm como nos incriminar. Conseguimos oferecer todas as condições de segurança para os times e os torcedores e não há porque ter medo. O Independência tem estrutura para abrigar esse grandes jogos de Libertadores”.
Ele cobrou rigor contra os argentinos: “A Conmebol tem de tomar medidas fortes e punir na parte disciplinar. Essas coisas estão ultrapassadas no futebol. O Atlético vai fazer a ocorrência e esperar por uma solução”.
DEPOIMENTOS NA MADRUGADA
Os jogadores do Arsenal ficaram no Independência durante toda a madrugada de ontem prestando depoimentos à juíza Patrícia Froes Belo. Inicialmente, foram identificados quatro agressores: os laterais Hugo Nervo e Damian Perez, o volante Jorge Ortiz e o atacante Milton Celiz, levados para a delegacia do Independência. Depois que a juíza expediu ordem requisitando as imagens de uma rede de televisão, mais quatro atletas foram reconhecidos – o zagueiro Lisandro López, os volantes Marcone e Nicolas Aguirre e o atacante Benedetto, que marcou o segundo gol dos visitantes. O quarteto também foi detido. O técnico Gustavo Alfaro prestou depoimento à polícia e acompanhou o caso até o fim.
A coronel Cláudia Romualdo, comandante do Policiamento da Capital, não cedeu às pressões dos dirigentes do clube visitante, que queriam a liberação imediata dos jogadores da arena – eles embarcariam às 2h30 em voo fretado para Buenos Aires. Enquanto os oito atletas envolvidos na confusão prestaram esclarecimentos, os demais e integrantes da comissão técnica ficaram retidos no vestiário. O único a comentar rapidamente o incidente foi o auxiliar técnico Carlos González: “É lamentável que tudo isso manche a partida, mas sabemos que nosso time foi prejudicado pela arbitragem. Logo, nossos atletas perderam o controle da situação”.
O presidente do clube, Júlio Grondona, se desculpou com a polícia e com Maluf, bem como o cônsul argentino José Cafiero, que acompanhou o desenrolar da ocorrência policial. O representante legal do Independência, Castellar Modesto Guimarães Neto, também abriu mão, em um primeiro momento, de indenização pelos possíveis danos materiais sofridos no estádio em decorrência dos incidentes. (Com agências)
COPA LIBERTADORES
Foi para a prorrogação
Depois de detenção e multa de R$ 38 mil a jogadores do Arsenal por agressões a PMs, Conmebol tacha a postura da polícia de "imperdoável" e ameaça com punição ao Galo
postado em 05/04/2013 08:00 / atualizado em 05/04/2013 08:27
Landercy Hemerson /Estado de Minas , Roger Dias /Estado de Minas