Enviado especial a Tijuana, no México
A escolha pela camada industrializada beneficia tecnicamente os mexicanos. Mas essa foi uma opção que eles tiveram de fazer por causa do solo da região onde o Estádio Caliente foi construído. Localizado no Boulevard de Águas Calientes, o complexo foi erguido em 2007. Inicialmente, houve tentativa de adoção da grama natural, mas sem sucesso, devido ao fato de o solo ser de águas termais e ter muitos minerais.
Dessa forma, a manutenção se inviabilizou. O Tijuana então contratou a holandesa Desso Sports System, que já fez trabalhos para clubes como Arsenal e Manchester City, da Inglaterra. Segundo a empresa, os padrões que ela adota no futebol são aprovados pela Fifa.
Fato é que os mexicanos têm se aproveitado dessa particularidade para virar uma equipe dura de ser batida em casa, já que a maior parte dos visitantes têm problemas de adaptação. “O Tijuana está acostumado a jogar nessa grama. E o sistema de jogo é de pressão completa em todos os pontos do campo. Esse é o principal ponto técnico da equipe. Também vale mencionar a humildade de cada jogador, que dá o melhor quando entra”, avalia o jornalista Carlos Melo, da Televisa.
O piso sintético, mais ralo e curto, imprime rapidez obrigatória às partidas. “A bola rola muito, é mais veloz. O campo fica um pouco quente. Mas é para os dois times. Tomara que a gente possa aproveitar nosso gramado. A torcida tem de apoiar muito. Tomara que o pessoal fique concentrado e a gente consiga o gol”, diz o equatoriano Fidel Martínez, astro dos Xolos, ex-atacante das categorias de base do Cruzeiro.
TREINO
O Atlético desembarca hoje em Tijuana e vai treinar no Estádio Caliente antes da partida. Na avaliação dos brasileiros, uma equipe rápida, com jogadores como Bernard e Diego Tardelli, talvez consiga uma boa adaptação.
Mas fato é que o Tijuana usa o seu mando de campo como estratégia na Copa Libertadores e tem conquistado bons resultados – foram três vitórias e um empate em casa. Nas arquibancadas, torcedores até mesmo dos Estados Unidos. “Muitos vêm da Califórnia, San Diego, Los Angeles. E também da Baixa Califórnia”, afirma Carlos Melo.
FÉ NO 3
Três é considerado o número da sorte do Tijuana. Superstição ou não, ele está presente até nas configurações do Estádio Caliente. Por inspiração do fundador, Jorge Hank Rohn, a capacidade é de 23.333 torcedores. Depois do projeto de ampliação, passará para 33.333.
E MAIS...
Mr. Bean no apito
O colombiano José Hernando Buitrago será o árbitro de Tijuana x Atlético no jogo de ida pelas quartas de final da Copa Libertadores. Conhecido como Mr. Bean, pela semelhança com o personagem do ator inglês Rowan Atkinson, o árbitro, de 42 anos, será auxiliado pelos compatriotas Wilmar Navarro e Wilson Berrio.
ENQUANTO ISSO...
Lutas e touradas
Além de futebol, a preferência número um, e beisebol, a segunda, o El Mexicano, um dos jornais de Tijuana, abre espaço com destaque para luta livre e tourada. Atividades tradicionais do México, elas têm cobertura da editoria de esportes. As duas modalidades estavam no noticiário do caderno de ontem. Sobre a luta livre havia uma reportagem ilustrada com duas fotos, ocupando meia página. Já para o espetáculo das arenas havia uma matéria menor, que abordava a chegada de um “touro que impressiona” pelo vigor físico. No futebol, a abordagem principal foi para o jogo de domingo pela semifinal do Campeonato Mexicano, vencido pelo Cruz Azul ante o Santos Laguna. A final será entre Cruz Azul e América.