Futebol Nacional
None

OPINIÃO

Roberto Carlos cobra de Felipão as convocações de Kaká e Ronaldinho Gaúcho

Ex-jogador, agora técnico do Sirvasspor, falou sobre a Copa das Confederações

postado em 20/06/2013 11:37 / atualizado em 20/06/2013 12:16

MAXIM SHEMETOV
 

Fortaleza — Na chegada à Arena Castelão, um carequinha quarentão bom de bola, vestido com uma calça jeans, camisa branca e sapatênis, distribui autógrafos e posa gentilmente para fotos ao lado dos fãs. Campeão da Copa das Confederações, em 1997, da Copa do Mundo, em 2002, e da Copa América, em 1997 e em 1999, o agora técnico Roberto Carlos veio da Turquia, onde comanda o Sirvasspor, ao Brasil, para ser comentarista de uma tevê mexicana. Ontem, antes de assumir o microfone em uma das cabines da arena, o ex-lateral-esquerdo “cornetou” a segunda família Scolari.

Em entrevista ao Correio, o craque falou sobre a dinastia do Real Madrid na lateral esquerda da Seleção Brasileira, disse que o elenco de hoje jamais será como o de 2002, reivindicou as presenças de Kaká e Ronaldinho Gaúcho nas próximas convocações e assumiu a preferência pelo ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez na eleição de 2014 à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

O Roberto Carlos agora também virou comentarista?
Fiz um contrato com uma tevê mexicana para as copas das Confederações e do Mundo. Tenho feito comentários no Rio de Janeiro e agora em Campinas também. Está sendo gostoso, o pessoal está me tratando bem.

Como você está enxergando o atual momento da Seleção Brasileira e essa segunda “geração Felipão”?

Acho que a gente sempre precisa melhorar, mas o ambiente está bom, como na nossa época (2002). Pelo o que eu estou vendo na televisão, o pessoal está no caminho certo. Todo mundo fala que a Copa das Confederações é um teste, mas o Brasil tem de vencer. É um grupo novo, sem muita experiência. Eles podem fazer história.

E o que pode melhorar?

A cada dia. Os jogadores agora estão se conhecendo, têm mais tempo para treinar e para ficar junto. Essa melhora que digo é o Felipão não repetir o que fez em 2002, mas chegar próximo daquilo, e fazer com que os jogadores entendam que empate não serve. Tem de ganhar sempre e cada vez jogar melhor, que é o que o povo quer.

Essa dinastia brasileira na lateral esquerda do Real Madrid está aprovada com Marcelo?
Espero que ele tenha sorte como eu tive. Ele vem jogando bem, é um menino muito bom de caráter e dentro de campo. É um grande jogador.

Você pensa em ter uma aproximação maior com os atletas da Seleção como, por exemplo, dando palestras?
Se eu falar com eles, vou começar a brincar e eles não vão me levar a sério. Vou acabar me lembrando da época de jogador. Eu procuro sempre ser amigo, tenho medo de dar uma palestra e depois me interpretarem mal. Desejo apenas muita sorte a todos.

Ansioso por um confronto entre Brasil e Espanha?
Sim, como todos. O Brasil, independentemente do momento, é sempre favorito em qualquer competição. A Espanha é a atual campeã do mundo e eles também estão esperançosos. Mas, se tiver essa final, o Brasil vai fazer um grande jogo, tenho certeza disso.

Quanto ao seu futuro?

Assinei um contrato de dois anos como treinador do Sivasspor (Turquia). Parei de jogar há pouco mais de um ano e resolvi, depois de ser jogador e auxiliar-técnico do Anzhi, sair para seguir como treinador.

Você tem acompanhado os protestos pelo Brasil?

Vi carros quebrados aqui em Fortaleza e isso é ruim. Acho que esse protesto pode ser feito de maneira mais tranquila. De repente, o povo perde a razão no sentido de violência. Mas ele está no direito de cobrar e exigir os direitos de cada um. A democracia é aquela em que todos podem falar, pedir. Mas essa minoria que causa tumulto pode prejudicar a maioria.

Mas você acha os gastos com a Copa justos?
O Blatter (presidente da Fifa) foi muito feliz quando disse que o Brasil pediu para fazer a Copa aqui. Agora, não adianta pensar no que já foi feito, é pensar no que podemos melhorar.

Está aprovando o trabalho de Felipão? Falta alguém na Seleção?
Gostei quando Mano (Menezes) estava. No momento em que ele, enfim, arrumou o time, saiu. Mas Felipão vai fazer um time vencedor. Sou amigo do Felipão, estou gostando muito do trabalho. Só acho que ainda faltam o Ronaldinho, o Kaká e alguns outros jogadores que ele vai trazendo de volta para fazer uma mescla de juventude e experiência.

A sucessão presidencial na CBF, em 2014, pode prejudicar a Seleção?
Não vai, não contamina. A CBF é uma coisa, a equipe é outra. Se continuar o presidente atual, ótimo. Se chegar o Andrés Sanchez, que eu queria muito que ele fosse, e que já fez muita coisa boa no Corinthians, melhor. Eu apoio ele, sim, porque o que ele fez no Corinthians foi o que outros não fizeram em muitos anos.