Futebol Nacional
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COPA LIBERTADORES

Vale até perder o emprego

Torcedores atleticanos estão acampados na porta da sede do clube, no Bairro de Lourdes, à espera do começo da venda de ingressos para a segunda partida da final

postado em 16/07/2013 08:07 / atualizado em 16/07/2013 08:10

João Miranda/Esp. EM/D. A Press

No dia seguinte à classificação do Atlético à decisão da Copa Libertadores – derrotou o Newell’s Old Boys em semifinal dramática no Horto –, torcedores do alvinegro montaram barraca, literalmente, em frente à sede de Lourdes. Eles são estudantes, aposentados, pais de família, autônomos e desempregados que fazem vigília desde quinta-feira para tentar assegurar presença no jogo decisivo contra o Olimpia, dia 24. No Horto ou na Pampulha, os atleticanos que estão na sede de Lourdes, diante da possibilidade real de título, não querem ficar fora da festa.

A vigília, segundo eles, é a única forma de provavelmente vencer a concorrência dos sócios-torcedores, que têm o ingresso assegurado. O gerente de marketing Rafael Araújo Porto Bretas, de 19 anos, é de João Monlevade e conta que tirou férias para ficar na fila. “Minhas férias venceram em janeiro e eu pedi para tirá-las depois. Quando me ligaram de BH dizendo que já havia mais de 400 pessoas na fila, fui ao departamento pessoal e pedi férias. Era sexta-feira. Perguntaram-me se seria na segunda-feira e falei que precisava tirar a partir daquele momento. E estou aqui desde então.”

O montador Hamilton Antônio Fernandes da Silva, de 29 anos, é o mais novo desempregado da praça. “Eu literalmente abandonei o meu emprego porque o Galo é a minha vida”, afirma o atleticano, que reclama do descaso da diretoria. “Não nos dão informação de nada. Poderiam, pelo menos dizer se será no Independência, para não ficarmos aqui feito bobos. Porque se for lá, apenas 20 mil terão o privilégio de assistir ao jogo.”

O autônomo Paulo César dos Santos, de 40 anos, faz revezamento na fila com a esposa, Júnia Cândido, de 45 anos, para não deixar de cumprir seus compromissos profissionais. Em razão do esforço, exige da diretoria do Galo que mantenha o jogo no Mineirão. “Seria o mínimo que poderiam fazer pelos milhares de torcedores do Atlético. Esperamos por esse título há anos e diante da possibilidade de ganhá-lo apenas alguns torcedores vão assistir! Isso não é justo.”

Há também cambistas e seus “funcionários” na fila. Um jovem, que pediu para não ser identificado, faz revezamento com a namorada a pedido de um dos vendedores irregulares. O pagamento do “trabalho” seriam dois ingressos para a partida.

ASSUNÇÃO
Somente 300 ingressos foram vendidos, ontem, no Labareda, para o jogo em Assunção. Desse montante, 10% foram reservados para idosos. Houve distribuição de senhas, mas apenas os 90 primeiros da fila conseguiram as entradas, levando em consideração que cada torcedor tinha direito a comprar três bilhetes. A carga colocada à disposição pelo Olimpia foi de 1.685 entradas. A maioria foi adquirida por agências de turismo e repassada a patrocinadores, conforme acordos comerciais.