Futebol Nacional
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NAS RUAS

Tranquilidade nas arquibancadas

Atleticanos e olimpistas se encontram nas ruas e no estádio, incentivando suas equipes na primeira partida da grande decisão em clima de rivalidade mas com muito respeito

postado em 18/07/2013 08:27

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Roger Dias
Enviado especial a Assunção

Debruçados sobre o alambrado do Defensores del Chaco, os torcedores do Olimpia começaram a festejar antes mesmo de o sol ir embora. Como os portões do estádio foram abertos às 16h30, muitos deles aproveitaram o embalo do trabalho para incentivar o Rei de Copas diante do Atlético na primeira partida da decisão da Copa Libertadores. Próximos do gramado, eles passaram energia diferente, um calor a mais para os jogadores e o técnico Ever Almeida.

O estádio ainda é antigo, sendo que sua última reforma foi em 1999 para a Copa América. Curiosamente, parte dos refletores foram ligados a apenas uma hora do jogo. Quando os jogadores do Atlético pisaram no gramado para o aquecimento, houve um festival de vaias a Ronaldinho Gaúcho, Jô e Bernard. Também houve provocações com os atleticanos, que se fixaram no lado esquerdo das cabines de rádio. O momento de aplausos de todos ocorreu quando representantes de um hospital entraram no gramado e fizeram uma campanha para doação de sangue.

Os torcedores do time da casa fizeram vários mosaicos, com frases como: “Olimpia, 111 anos de glória” e “O Rei (de Copas) quer a 4ª (taça)”. Do lado de fora, a polícia garantiu a segurança dos donos da casa e também dos mineiros. As ruas no entorno do palco da partida foram fechadas para melhorar o fluxo de carros. O movimento de torcedores foi bastante pacífico. “Somos muito fanáticos e calmos. Quem costuma causar tumulto são os torcedores do Cerro Porteño. Eles são nervosos e costumam até invadir o gramado”, brincou o torneiro mecânico Rodrigo Avellar.

Os atleticanos também não tiveram problemas para acessar as cadeiras. Três ônibus vindo do Brasil chegaram faltando uma hora e meia para o começo da partida. Os militares paraguaios fizeram um cordão de isolamento para que todos passassem com calma no meio dos olimpistas.

Se na hora do jogo estava tudo tranquilo, durante a madrugada os torcedores locais soltaram fogos de artifício e bombas e tentaram “secar” o Galo: deixaram uma boneca, garrafas de licor, velas, pratos de comida e pipocas no Hotel Bourbon, onde o Atlético está hospedado. Mas, de acordo com o comissário de polícia Juan Fernández, os jogadores não devem ter se incomodado. “Felizmente, os torcedores não conseguiram o que queriam, porque o hotel tem instalações especiais em que os ruídos de fora não são ouvidos.”

Três torcedores desceram de um carro e deixaram as bombas a 50 metros do hotel. Eles foram identificados pelos policiais que fazem a segurança alvinegra desde segunda-feira, mas foram liberados.

O clima durante a partida não se alterou. Com muito barulho, os anfitriões tentaram intimidar os visitantes. Mas isso só ocorreu durante os 90 minutos. Fora desse ambiente, o respeito e a cordialidade falaram mais alto. “O povo aqui é humilde, mas todos são bem-educados. Sempre tentaram nos ajudar da melhor maneira possível. Nós, mineiros, temos que tratá-los bem em Belo Horizonte na semana que vem. O esporte não foi feito para brigar e sim para unir”, disse o administrador José Guedes, de 62 anos.

COMPRAS Além de prestigiar o time na final da Libertadores, os atleticanos aproveitaram a ida ao Paraguai para comprar produtos eletrônicos mais baratos. O advogado Leonard Leduc, de 34 anos, preferiu adquirir bebidas alcoólicas num valor satisfatório. Morador de Brasília, o torcedor elogia a receptividade guarani: “Vim para cá na cara e na coragem, sem ingresso ou hotel para me hospedar. Mas, no fim, acabei conseguindo tudo. Já fui a outros países e não tive o tratamento que recebi aqui. Todos são fantásticos. Acabamos ficando amigos de todos”.