Futebol Nacional
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LOUCURA PELO GALO

Na fila e na torcida

Alvinegros acampados em Lourdes à espera do início da venda dos ingressos para quarta-feira acompanharam a partida em telões. Derrota não abalou a esperança

postado em 18/07/2013 08:43

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

Nem a derrota por 2 a 0 no Defensores del Chaco nem os 17 graus da noite de ontem em Belo Horizonte esfriaram a motivação dos mais de 1 mil atleticanos acampados em quase três centenas de barracas no quarteirão da sede do clube, em Lourdes. Na esperança de ver de pertinho o time conquistar o título inédito, quarta-feira que vem, no Mineirão, a torcida fez vaquinha, organizou churrasco, montou telões e televisões e empurrou o time movida a cerveja e quentão, vendidos por camelôs do entorno.

Tempo para organizar a festa não faltou, uma vez que muitos estão no local desde quinta-feira passada, sem muito o que fazer a não ser pensar no título do Galo. Um dos primeiros da fila, o contador Ralph Bruno, de 24 anos, avisou que tinha um datashow em casa, enquanto os demais se reuniram para pedir ao porteiro da sede uma tomada para ligar os equipamentos. Quem se deu bem foram os donos das primeiras barracas, que assistiram ao jogo “de camarote”, os torcedores que passavam pela rua e vendedores ambulantes, como Neri dos Santos, que já havia vendido 30 copos de quentão antes mesmo de o jogo começar. “Esquenta a torcida e o meu bolso”, brincou.

De acordo com o avanço da fila, pela Rua Bernardo Guimarães, a criatividade aumentava. No meio da tarde, o eletricista Ramiro Jamal interrompeu o truco para arrecadar uma grana com os amigos. Os R$ 105 dos 14 amigos serviram para comprar 7 quilos de picanha, asinha de frango e linguiça. Entre uma salgada na carne e outra, ele se espremia no meio dos amigos para ver os lances em uma televisão pequena instalada na calçada.

Virando a esquina, descendo a Rua Mato Grosso, o médico Luciano Spina, de 50 anos, transformou a fachada de uma clínica em cinema. Gastou R$ 350 do próprio bolso para alugar um telão. “Eles merecem. Estão aqui desde a semana passada, não tivemos nenhum problema”, comentou o médico.

Entre os espectadores do cinema do dr. Luciano estava o motorista Jhonny Rickson, de 23 anos, que chegou a Belo Horizonte na segunda-feira, vindo de Governador Valadares, Vale do Rio Doce. Ele estava na fila, terça-feira, quando descobriu que será pai pela primeira vez. “Agora não sei se eu volto ou se fico”, comentou.

Chegando à Rua Aimorés, Rander Pereira, de 38 anos, estava preocupado com sua funilaria, em Campo do Meio, no Sul de Minas. “Como ainda não sei que dia vai começar a vender ingressos, acho que vai ficar fechada até quinta-feira que vem”, comentou o funileiro, que viajou sozinho 360 quilômetros de ônibus para ver o Atlético jogar.

RUAS VAZIAS, BARES LOTADOS Por volta das 22h, ao contrário do habitual movimento, apenas dois corredores treinavam na Praça da Liberdade. Pelas ruas, a calma também era incomum. Já nos bares, mesmo os que não tem tradição em transmitir futebol, os torcedores se apertavam para ver a partida. Mais tradicional reduto alvinegro de Belo Horizonte, o Bar do Salomão teve de fechar a rua, pois os torcedores já ocupavam as mesas e a calçada desde as 19h.