Futebol Nacional
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Amor escancarado

postado em 18/07/2013 09:36

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press

Os craques atleticanos Reinaldo e Toninho Cerezo não sabem, mas já receberam muitos beijos durante a transmissão de seus jogos pela TV. Os estalos eram dados na tela do aparelho sempre que os atletas apareciam no vídeo. Loucura? Nada disso. É paixão. Paixão escancarada do comerciante João Pimenta, de 57 anos, quando criança. E teve mais na adolescência. Ao saber, por um colega, que Reinaldo estudava em um colégio da capital, deu um jeito de pedir transferência para a sala do craque. “Estudamos juntos por um ano”, lembra.

Em seu primeiro casamento, em 1981, o comerciante usou uma camisa do Galo sob o terno. Tanto fervor tinha que se refletir também no trabalho. João mantém um bar na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, que vem se transformando em reduto alvinegro. A frase que hoje embala os atleticanos nos jogos do clube em casa, “Caiu no Horto tá morto”, referência ao retrospecto do time no estádio da Zona Leste da capital, tem lugar de destaque no bar, bem alto, na prateleira, à frente de garrafas de conhaque e cachaça.

O amor do comerciante pelo time foi passado adiante. Os quatro filhos dele torcem para o alvinegro. O mais novo, Thiago Victor Brígido Pimenta, de 20 anos, embarcou em um ônibus na segunda-feira à noite para uma viagem de 1.800 quilômetros até Assunção, para o jogo de ontem à noite. Outro filho, Matheus Eduardo Brígido Pimenta, de 29, se casou no mês passado e repetiu o gesto do pai. Foi à cerimônia com a camisa do Galo. A charanga do time foi contratada para a festa.

As duas mulheres da família, Daniela Cristina Brígido Pimenta, de 30, e Bruna Cristina Brígido Pimenta, de 29, também herdaram a idolatria do pai pelo Atlético. “Uma se casou com um americano e a outra com um cruzeirense. Mas quando tem jogo do Galo deixam os dois em casa para ir ao campo”, conta.

FIM DO JEJUM João Pimenta diz não haver um motivo específico que o tenha levado a torcer pelo Galo. “A maior parte da minha família é formada por cruzeirenses”, diz. Talvez por isso o comerciante tenha aprendido a conviver com rivais. O último ajudante de balcão que contratou torce para o Flamengo, um clássico adversário do Galo, e só deixou o bar porque não conseguiu conciliar o horário de trabalho com o de outro emprego. “Não tenho sorte”, lamenta o comerciante. Mas o azar mais sentido de João é em relação ao seu time, que desde 1971 só vence competições de pouca expressão histórica, o que pode terminar na quarta-feira. no Mineirão, com a inédita conquista da Copa Libertadores.