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COPA LIBERTADORES

Arquibancada é em casa

postado em 21/07/2013 08:49

João Miranda/EM/D. A Press


Francelle Marzano, Estado de Minas

Se tem jogo do Galo, é dia de ir para os Barrosos. Ir ao estádio, nem pensar, a tradição é enfeitar a casa, estender bandeiras, vestir a camisa e assistir aos jogos do Atlético comendo um bom tira-gosto e tomando uma boa cerveja no cantinho da família. Há anos, a paixão pelo Galo une os 12 irmãos que vivem no Coração Eucarístico, tradicional bairro de Belo Horizonte. Uma verdadeira arquibancada para torcer pelo time é formada na residência dos Barrosos, como são conhecidos. Irmãos, filhos, netos, cunhadas e amigos choram, dão risadas, sofrem e, agora, são só alegria na hora de ver o Galo na final da Libertadores. “O coração quase sai pela boca. Esperamos por uma decisão dessa há anos”, disse a psicóloga Luciana Godoy, integrante da família.

Explicar como nasceu essa paixão é tarefa difícil, mas para o alvinegro agregado da família Fernando Araújo, de 47 anos, tudo começou quando eles planejaram construir a coberta com a arquibancada que virou o ponto de encontro da família. “Antes nos reuníamos em outros lugares, mas, como são muitas pessoas, era uma bagunça só. Hoje temos nosso cantinho e nos sentimos como se estivéssemos no estádio. Cantamos os hinos e acompanhamos a torcida que está no campo. Somos bastante pé-quente por aqui”, disse.

A família alvinegra também tem suas superstições. Fernando conta que não gosta de mudar as coisas de um jogo para o outro ou na hora da partida. Para ele, tem gente que não pode assistir à partida, outros devem sentar sempre no mesmo lugar, algumas cadeiras não podem ficar no local e rodada de pipoca e pão de queijo enquanto a bola rola, nem pensar. “Se mudar qualquer coisa, já acho que é motivo para o Galo perder. Sendo assim, é preferível não mexer em time que está ganhando. No mais, temos fé em Deus, o resto é futebol”, revelou.

Da razão à loucura, aguentar o time do coração em uma final da Libertadores pela primeira vez não é para qualquer um. Por isso, tem gente da família que vai se isolar do mundo na próxima quarta-feira. Enquanto a bola estiver rolando no Mineirão, na grande final, e a festa bombando na casa dos Barrosos, Marcelo Barroso estará dentro de um cinema. “Para não passar mal, ele prefere não ver ou ouvir nada. Nem televisão, nem rádio e muito menos foguetes. Será horrível ficar no cinema sem saber o que está acontecendo, mas é melhor assim do que ver meu marido passando mal”, acredita Luciana. Já o cunhado Fernando ainda diz não saber como Marcelo aguenta. “Ficar num cinema, isolado, não adianta. Dá última vez que ele fez isso, um cara gritou dentro da sala quando o Galo marcou o gol. Ele ficou mais ansioso ainda.”

Se cruzeirense tem vez? A resposta sai na ponta da língua. “Não gostamos muito, mas aceitamos, já que na família também tem. O que prevalece aqui é o respeito. Desta vez, meu cunhado até pediu para eles saírem e não ficarem secando, mas não teve jeito. Quando os dois times estão jogando, são duas televisões”, contou Luciana.

A família foi pé-quente até a final e promete ser também no dia da grande decisão. “O sofrimento faz parte, mas esperamos que isso seja página virada para o Atlético, coisa do passado. Daqui para a frente vamos só comemorar. E que venha o título”, vibraram.