Sem pressa

Depois de longa novela que se prolongou durante a campanha do Atlético na Copa Libertadores, o atacante Bernard deixou Belo Horizonte na manhã de ontem e partiu para a Ucrânia. Ele conhecerá a estrutura do Shakhtar Donetsk, clube que se propõe a pagar 25 milhões de euros (R$ 76 milhões) à vista ao Galo por um contrato de cinco anos com o camisa 11. A viagem de volta está marcada para sexta-feira, quando o jogador dará a palavra final se aceita ou não a oferta do clube do Leste europeu.

Bernard viajou na companhia de seu empresário, Adriano Spadotto; do pai, Délio Duarte; do primo Lucas Dayrel e dos amigos João Paulo Carregal e Eduardo Aguiar. Eles embarcaram para Londres, e em seguida tomaram um avião particular do Shakhtar para a Ucrânia. O presidente do Galo, Alexandre Kalil, deixou a decisão nas mãos do prata da casa, evitando uma pressão acerca do futuro do jogador.

Hoje cedo, ocorrerá uma reunião entre o atacante, dirigentes do clube ucraniano e os empresários Giuliano Bertolucci e Spadotto. A expectativa da cúpula do Shakhtar é de que possa convencer o jovem a aceitar a oferta. O que poderia dificultar a negociação é o receio do camisa 11 de não se destacar no futebol europeu e ficar em segundo plano na luta por uma vaga na Copa do Mundo de 2014 pela Seleção Brasileira – sua família teria preferência num acordo com o Porto, mas o valor oferecido pelos lusitanos (cerca de R$ 65 milhões, divididos em três parcelas) foi abaixo do que o Galo pediu.

“É uma pressão enorme nas minhas costas. Minhas prioridades são o Atlético e a minha família. Vou fazer uma visita apenas e voltarei em breve. Não tem exame, nem contrato assinado. Vou viajar apenas para conhecer o clube”, disse Bernard, que demonstrou vontade de disputar o Mundial de Clubes, em dezembro, no Marrocos, pelo time alvinegro. Nos bastidores, a diretoria do Atlético estaria tentando um acordo para segurar o atleta no segundo semestre, como o São Paulo fez com o atacante Lucas no ano passado, quando ele já estava acertado com o Paris Saint-Germain.

Bernard foi liberado dos treinos do Atlético de sábado e domingo para preparar a viagem e passar um tempo com a família. Mas também aproveitou para se informar sobre o Shakhtar. No domingo, assistiu à vitória do time de Donetsk sobre o Dínamo de Kiev por 3 a 1, pelo Campeonato Ucraniano. “Dinheiro não é tudo na vida. Tenho de avaliar tudo primeiro e depois decidir. Não estou com pressa.”

REFORÇO Em litígio com a diretoria do Flamengo, da qual cobra R$ 1,5 milhão por danos morais devido à dispensa antes do término do contrato, o armador Renato Abreu deve ser a bola da vez no Atlético. Sem grandes opções no mercado nacional, o jogador de 35 anos seria a solução viável da diretoria para reforçar o grupo com vista ao Mundial, já que a posição é uma das carentes na equipe. “Nós sentimos muito a falta desse criador, desse armador. Não tivemos Guilherme, Ronaldinho ou Bernard (contra o Flamengo), que fazem essa função. Tentamos com Tardelli, Rosinei... Mas estamos tendo dificuldades”, afirma Cuca, que elogiou Renato Abreu depois da goleada sofrida diante do rubro-negro carioca por 3 a 0, em Brasília.

Renato Abreu recebia R$ 220 mil mensais e tinha contrato até o fim desta temporada com o clube da Gávea. Por enquanto, o diretor de futebol do Galo, Eduardo Maluf, desconversa sobre a vinda do jogador, mas admite que o clube deve se reforçar com dois ou três jogadores, sobretudo para o setor ofensivo, visando o Brasileiro, a Copa do Brasil e o Mundial de Clubes.

Outros falados na Cidade do Galo são dois atacante de mesmo nome: Bruno Mendes, de 18 anos, revelado pelo Guarani e atualmente no Botafogo, e Bruno Rangel, de 31, artilheiro da Série B pelo Criciúma. O primeiro está sem espaço com o técnico Oswaldo de Oliveira, e o segundo tem contrato até o fim da temporada com os catarinenses. (com Thiago de Castro)