Futebol Nacional
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SANTA CRUZ

Santa Cruz não tem a saúde financeira esperada e elenco coral sofre reflexos da falta de dinheiro

Clube teve cotas de TV retidas na Justiça do Trabalho, tem rendas baixas, tenta cobrir déficit de 2015 e vive de patrocinadores para contratar em mercado inflacionado

postado em 26/06/2016 14:03 / atualizado em 30/06/2016 17:17

Yuri de Lira /Diario de Pernambuco

Brenno Costa/DP
Os cofres do Santa Cruz não estão tão cheios como se esperava. Uma série de episódios comprometeram a saúde financeira coral. A começar pelo não acerto com a Dryworld, que prometia um acordo com cifras milionárias. As rendas de público no Brasileirão, de quebra, têm sido módicas. Dono de uma dos menores faturamentos de Primeira Divisão, o clube bebe, basicamente, de três fontes: do repasse parcelado do patrocinador master (a MRV Engenharia), da fornecedora (Penalty), além das cotas de televisão, cujos valores estão agora retidos pela 12ª Vara do Trabalho por causa de dívidas passadas. O reflexo desta “seca” recai diretamente no futebol.

O que Penalty se comprometeu a pagar ao Santa Cruz está bem longe do que havia sido acertado no pré-contrato com a Dryworld. A canadense pretendia colocar algo em torno de R$ 7 milhões anuais no Arruda. As cifras do negócio com a confecção brasileira não foram divulgadas por causa de uma cláusula de sigilo no contrato, mas não chegam nem perto do que foi oferecido pela empresa estrangeira - que entrou em distrato com o clube após a diretoria tricolor ter percebido falhas no fornecimento de material em outras equipes do país.

Fora o dinheiro da Dryworld, o Santa pretendia usufruir de até quatro jogadores de renome que seriam bancados pela multinacional durante o Brasileiro. Hoje, para contratar, o Tricolor se vê limitado ao dinheiro da MRV (também cerca de R$ 7 milhões no ano, pago em prestações), das cotas de televisionamento agora retidas na Justiça (perto dos R$ 28 milhões) e do dinheiro da Penalty, cujos valores não aumentaram em relação ao primeiro contrato.

Precisando ainda lidar com o déficit financeiro milionário que terminou 2015 (R$ 3,38 milhão) e com jogadores a preços inflacionados no mercado da Série A, os reforços não têm sido do nível esperado. Até aqui, o Santa Cruz trouxe para o nacional nove peças: Wellington, Luan Peres, Mário Sérgio, Roberto, Derley, Fernando Gabriel, Jadson, Marion, Bolaño e Everaldo (os dois últimos já deixaram o Arruda). Nenhum deles com a "grife" da elite, fato que o próprio técnico Milton Mendes reconhece.

“A gente está indo aonde nós podemos ir. Sem dúvidas nenhuma, indicamos outro tipo… outros jogadores, mas não podemos ir lá. Nós temos que ir aonde o bolso do clube pode.” Questionado se estava satisfeito com as contratações, o treinador não quis responder. Contudo, mostra compreensão. “O clube faz uma ginástica enorme para não voltar aos outros anos de atrasos de pagamento, de dificuldades. Então, temos que entender isso.”