Futebol Nacional
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Escândalo

História trazida à tona por Bivar forma um quebra-cabeça que não encaixa

Denúncia do presidente do Sport remete a questionamentos para os quais não existem respostas

postado em 09/03/2013 08:37 / atualizado em 09/03/2013 09:01

Redação Superesportes /Diario de Pernambuco

A bombástica declaração de Luciano Bivar sobre a comissão paga a um lobista para facilitar a convocação de Leomar à Seleção Brasileira deixou uma série de arestas sobre o nebuloso passado reaberto pelo dirigente. Perguntas sem respostas que podem indicar a ponta do iceberg acerca do que realmente acontece na Confederação Brasileira de Futebol, coberta por uma antiga desconfiança sobre as convocações, com centenas de nomes desconhecidos de clubes obscuros, sobretudo do exterior.

Voltando a 2001, o ano que definitivamente não acabou, é preciso saber quem é a peça na qual se encaixa o receptor do dinheiro que, segundo o mandatário, viabilizou a convocação do ex-volante rubro-negro. Simplesmente por não fazer sentido algum o lóbi sobre um jogador bem conhecido do então treinador da Canarinha. Antes da primeira convocação para a Seleção, o último jogo de Leomar sob o comando de Emerson Leão havia sido em 3 de dezembro de 2000, no empate entre Sport e Grêmio na Ilha do Retiro, pela Copa João Havelange. O 1 a 1 encerrou a campanha leonina, em 5º lugar. Leomar jogou 34 partidas como titular e capitão no Rubro-negro sob o comando de Leão naquela temporada. O seu nome entre os convocados da Canarinha seria confirmado em 20 de abril, numa coletiva de Leão no Rio Janeiro. Ou seja, 138 dias depois.

Impossível apontar que Leão precisava conhecer mais detalhes do jogador. Teria vindo uma ordem de cima? O treinador rechaçou qualquer intromissão na convocação. Como Luciano Bivar não revelou o nome da “fonte”, o episódio segue sem uma conexão lógica sobre o “por fora”. A história, aliás, piora. Em 7 de agosto de 2001, já com uma crise político-administrativa na Ilha, turbinada pela perda do hexacampeonato estadual, Luciano Bivar renunciou. Leomar não seria mais convocado. Àquela altura, Luiz Felipe Scolari já havia assumido o lugar de Leão no comando da Seleção.

Justiça
A suposta valorização do jogador também não faz muito sentido. O Sport havia sido rebaixado no Brasileirão há dez dias quando Leomar acionou o clube na Justiça do Trabalho, em 28 de novembro. A ação na 17ª vara exigia o pagamento de R$ 2,84 milhões por atraso de salário. Cinco meses, para ser exato. O cabeça de área jogou a Copa das Confederações em junho, ainda na gestão Bivar, com salário atrasado.

É possível deduzir que havia dinheiro para bancar um lobista, visando valorizar o atleta, mas não verba para os vencimentos do atleta. Confusa essa lógica bivariana sobre a tal “regra do jogo”. Leomar ganhou a causa em 22 de janeiro de 2002 e partiu de graça para o Chonbuk Hyundai Motors, da Coreia do Sul. Já a causa continuou, virando uma bola de neve de R$ 5 milhões. O acordo na Justiça só aconteceu em 16 de março de 2009, com Silvio Guimarães na presidência do Sport. O valor teria sido “metade” da bola de neve, com uma parte à vista e mais 50 parcelas de R$ 50 mil. Uma história mal contada do começo ao fim.

Saiba mais

O seis jogos de Leomar na Seleção

A estreia
O primeiro jogo de Leomar na Canarinha aconteceu no dia 25 de abril de 2001, em partida válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. O volante atuou no empate em 1 a 1 com o Peru, no Morumbi. O gol brasileiro, inclusive, foi marcado por Romário, que também era o capitão da equipe. O treinador já era Emerson Leão.

A primeira vitória
Dois meses depois, Leomar foi convocado para um amistoso. No estádio Nacional de Tóquio, ele voltou a formar a dupla de volantes da Seleção com Vampeta. O duelo terminou em 2 a 0 para o Brasil.

Capitão

Cinco dias depois de enfrentar a seleção japonesa, Leomar estreou junto com o Brasil na Copa das Confederações, de 2001, disputada no Japão. Diante de Camarões, o volante assumiu a função de capitão e ajudou o país a vencer por 2 a 0, no estádio Kashima.

As críticas
Na mesma competição, Leomar voltou à campo pelo Brasil e participou do empate sem gols a com o Canadá, em uma partida em que a Seleção foi criticada pelo futebol apresentado. Novamente, o volante foi o capitão.

Pressão

No dia 4 de junho de 2001, o Brasil enfrentou os donos da casa pela Copa das  Confederações. A partida terminou, novamente, em um empate sem gols. As críticas sobre a Canarinha cresciam.

A despedida
A partida contra a França, disputada no dia sete de junho de 2001, marcou a despidida da Era Leomar na Seleção. O placar de 2 a 1 decretou a saída da equipe da Copa das Confederações. Posteriormente, o
técnico Emerson Leão foi demitido.

Repercussão

Na CBF

A assessoria da CBF afirmou que não vai posicionar oficialmente sobre o caso pois ela não foi citada diretamente pelo presidente do Sport, Luciano Bivar.

Na Câmara dos Deputados


“Segundo Bivar, em 2000 (foi em 2001), ele pagou para o volante Leomar ser convocado. Ou seja, a antiga e atual gestão da CBF estão acabando com o futebol”, disse o deputado federal Romário no Twitter, que espera a implatação de uma CPI para investigar a entidade.