Questão de honra

No ano passado, Vagner Mancini chegou ao Sport para tentar amenizar a crise no clube. Em vão. Apesar de promover grandes mudanças na equipe, o treinador deixou a Ilha do Retiro após 15 jogos disputados e um aproveitamento de apenas 28,8%. Meses depois, Sérgio Guedes foi quem assumiu o comando rubro-negro. Restavam apenas dez jogos para o fim da Série A. Conseguiu reformular o time. Deu novo ânimo, mas pecou na partida decisiva. Na última rodada, perdeu para o Náutico por 1 a 0 e chorou o rebaixamento leonino.

O Clássico dos Clássicos deste domingo deixa diante dos dois treinadores, portanto, a chance de provar que eles podem mais. Para Mancini, o momento é de confirmar a boa fase no Náutico e apagar, em Pernambuco, a imagem arranhada que deixou no Sport. Para Sérgio Guedes, fica a possibilidade de recolocar o time nos trilhos e, enfim, fazer o time rubro-negro começar a sair da crise em que mergulhou.

Os dois treinadores, por sinal, têm pontos de interseção no caminho que trilharam no futebol. Em 1997, eles estiveram juntos em campo por dois times. Primeiro, no São José-SP. Depois, no Coritiba. Sérgio Guedes era o goleiro e líder. Vagner Mancini se mostrava um jogador versátil e com consciência tática acima da média. O conhecimento prévio se transformou em respeito mútuo, que, por outro lado, não impede as brincadeiras.

“Eu acho que ele é um profissional sério, correto, competente. Foi um grande jogador. Ele era meu protetor, inclusive. Às vezes, ele ajudava na marcação na zaga. Às vezes, atuava mais adiantado, como apoiador. Então, é dificuldade à vista. Ele é um pouco mais antigo do que eu no comando dos times de futebol, mas eu o comandava quando jogava. Então, talvez, eu tenha uma vantagem”, disse Sérgio Guedes, deixando escapar um sorriso.

É inegável, porém, que Mancini está à frente do time em melhor fase. Apesar disso, o técnico alvirrubro tenta jogar o favoritismo para o lado rubro-negro. Vale ressaltar, apenas para este clássico. “Sei que ele é muito detalhista. Conheço bem ele. Será uma disputa acirrada. Um jogo de xadrez realmente. O favorito é o Sport porque joga em casa. O Náutico é favorito para o campeonato. É muito difícil jogar na Ilha”, observou o técnico timbu.

 

Sérgio Guedes

 

Torcida
“Tenho uma posição muito clara na minha cabeça: o Sport tem uma torcida fanática, diferente, participativa e que decide os jogos dentro da Ilha do Retiro. Ela vai nos receber muito bem, tenho certeza disso. E quando a torcida apoia, é difícil derrotar o  Sport dentro de casa.”

Ataque
“Eu fiz só uma partida e, se nós tivéssemos concluído bem as chances que criamos, o Sport é quem teria o melhor ataque da competição. Pelo que a gente soube, isso vinha acontecendo há algumas partidas. A gente precisa calibrar isso para voltar a crescer na competição.”

Versatilidade de Tobi
“Ele pode se adequar de acordo com a maneira que o outro time joga. Eu posso ter uma linha de três guarnecida e posso estabelecer o jogador no campo adversário para que a gente tenha um número melhor e maior de jogadores quando tivermos a posse de bola.”

 

Vágner Mancini

 

Marcação individual
“Não posso cair no erro de que se eu anular A ou B, eles serão mais fracos. Temos que respeitar o conjunto do Sport, a qualquer momento eles podem voltar a jogar o que tem potencial. A nossa marcação será firme e sairemos sempre com muita velocidade para incomodar o adversário.”

Sérgio Guedes
“É um amigo que eu nunca perdi o contato desde os tempos de atleta, quando atuamos juntos. É um estrategista, um líder, e por nos conhecermos tão bem é que não vou adiantar o meu time, assim como ele também não vai adiantar o dele. Será uma briga tática saudável”

Favoritismo
“Já havia dito e não volto atrás: o Náutico é favorito ao título. Para esse jogo, o favorito é o Sport, que joga em casa. Queremos um Náutico mordendo corrente. Só pela rivalidade já temos motivos suficientes e vamos em busca do resultado positivo.”