Mais um encontro para cessar violência nos estádios de Pernambuco

No mesmo local e horário. A sede do Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPPE) tem sido o reduto da alta cúpula de segurança sempre que algum incidente acontece nos arredores dos estádios da capital. Nesta segunda-feira, não foi diferente. O único ilustre convidado do dia foi o emissário do governador do estado, o secretário de Defesa Social Wilson Damázio.

Em mais uma tentativa de unir forças e banir a violência entre as torcidas organizadas, Aguinaldo Fenelon (procurador-geral de justiça do MPPE), Aílton Alfredo (Juizado do torcedor), Evandro Carvalho (presidente da Federação Pernambucana de Futebol), Ana Cavalcanti (secretária estadual de esportes) e representantes da polícia militar e Corpo de Bombeiros se reuniram.

Desta vez, o encontro - acredita-se que em caráter de urgência - foi motivado pela cena estúpida de violência que sofreu o torcedor do Náutico, Lucas Lyra, que levou um tiro na nuca, na noite do último sábado, em frente aos Aflitos.

À medida que iam surgindo as ideias para conter os atos insanos dos pseudos-torcedores, durante a reunião de portas fechadas, alguns representantes também aproveitaram para apontar a responsabilidade do
vizinho da cadeira ao lado.

"Infelizmente, isso não depende da vontade da Federação e do estado. Os torcedores não são obrigados a fazer o cadastramento. Sabemos que a grande maioria que vai ao estádio é de boa índole. Neste caso, que ocorre fora dos estádios, o problema é da justiça, mas o que for preciso para ajudar a FPF vai fazer", declarou EVandro Carvalho, presidente da FPF.

E a Justiça, na figura de Aguinaldo Fenelon, estava soltando fogo pelas ventas. Em tom áspero, o procurador-geral mandou o recado: "Na hora que se cria uma delegacia para se investigar os crimes, o que pratica vai para a cadeia. Vai ter uma delegacia e uma promotoria especializadas. Pernambuco é o único Estado que terá isto. Será destaque no país em combate à violência. Quem for bandido, vai parar na cadeia. Vamos retirar os vândalos de dentro dos estádios de Pernambuco".

Damázio tratou logo de avisar que estava ali a mando do governador Eduardo Campos. Disse ainda que não medirá esforços para ver em pleno funcionamento o cadastramento dos membros de torcidas organizadas, bem como fazer valer uma parceria entre todos os órgãos envolvidos na segurança e bem-estar do torcedor pernambucano.

A parte do cadastramento da organizadas vai ficar a cargo da secretaria de esportes, que já tentou, sem sucesso, fazê-lo em 2011. Formulários foram entregues pela secretaria aos representantes das torcidas Jovem, Fanáutico e Inferno Coral, que não devolveram o papel,
contendo dados de cada "torcedor". No quarto encontro, ainda de acordo com a secretaria de esportes, eles declinaram do cadastramento.

Agora, o órgão tem 60 dias para tentar obter dados dessas pessoas. "Vamos entrar em contato novamente com a empresa de Software, que tem tudo pronto para o cadastramento. Será o mesmo usado no programa Chapéu de Palha", explicou Ademir Teles, secretário executivo de esportes.

Caso consiga entrar em funcionamento, o credenciamento do torcedor vai ser feito através de
um cartão, contendo um chip, que receberá leitura de um celular - usado pela polícia - na entrada do estádio.