Futebol Nacional
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Pernambucano 2013

Critério dos cartões: tiro saiu pela culatra

Se a intenção do critério de desempate dos cartões era conter a violência, a pressão sobre os árbitros virou permissividade

postado em 22/04/2013 07:00

Celso Ishigami /Diario de Pernambuco

O cronômetro aponta 26 minutos de jogo. Um dos melhores em campo, Martinez rouba uma bola e parte em contra-ataque próximo à linha lateral. Disposto a matar a jogada, Luciano Sorriso aplica um carrinho frontal, violento, deixando marcas na canela do adversário, que não teve condições de retornar para o segundo tempo. Responsável pela condução da partida, Gleydson Leite sequer marca falta. Um reflexo da enorme pressão que o bizarro regulamento deste Pernambucano impôs aos árbitros. Cientes de que o número de cartões pode influenciar diretamente na briga pelo título, os homens do apito preferiram economizar nas advertências.

Ricardo Fernandes/DP/D. A. Press
Foram apenas dois cartões ao longo do Clássico das Emoções. Amarelos. Deveriam ter sido muito mais. Personagem importante, quase um protagonista (ou antagonista), único capaz de tirar uma vantagem incomum do bolso da camisa, Gleydson entrou em campo pressionado. E decidido a não influenciar na definição dos finalistas. Por isso, preferiu dialogar em lances que exigiam o cartão. Errou.

Gleydson já havia advertido - com justiça - o alvirrubro Douglas Santos por um lance menos agressivo, quando “empatou” o Clássico das Emoções no quesito disciplinar. O amarelo do lado tricolor foi mostrado para Jefferson Maranhão, por ele ter demorado a deixar o campo ao ser substituído por Caça-Rato. E mais nenhum cartão foi mostrado. A falta de critério para a distribuição dos cartões sugere a inclinação do árbitro a não interferir no andamento da competição. O que seria louvável, não fosse o fato de ele ter deixado de aplicar a regra corretamente para evitar essa interferência.

No Lacerdão, a postura de Nielson Nogueira foi semelhante. Normalmente generoso na aplicação de cartões, o árbitro de Ypiranga x Sport foi bastante econômico. Foram três ao todo, sendo dois para a Máquina de Costura e um para o Leão. O do rubro-negro Reinaldo pela repetição de faltas. Os dois da equipe do interior, por reclamação.

Encerrados os jogos, confirmou-se o temor de que o inacreditável regulamento do Pernambucano influencia, de maneira nefasta, não somente questões extracampo. Ficou claro que ao dar tamanho peso à subjetiva questão disciplinar, os dirigentes interferiram indiretamente nos desempenhos dos árbitros e, por consequência, no andamento das partidas.

Arbitragem

As advertências e as omissões no clássico

1º tempo


13’
Rogério deu um carrinho perigosíssimo, por trás, em Everton Sena, passível até de expulsão. O árbitro marcou apenas falta e chamou a atenção do atleta verbalmente.

14’

Luciano Sorriso deu entrada dura em Elton no meio de campo. Não recebeu cartão.

26’
Luciano Sorriso deu um violento carrinho em Martinez. O capitão alvirrubro precisou ser substituído. O árbitro sequer marcou falta.

40’

Douglas Santos entrou de carrinho em Nininho e recebeu o cartão amarelo, o primeiro do clássico. Merecido, porém àquela altura do jogo, incoerente.


2º tempo

23’
Jefferson Maranhão fez cera para deixar o gramado. Abaixou os meiões ainda no meio do gramado e recebeu cartão amarelo.

29’
Josa fez falta dura, por trás, em Caça-Rato. Com o placar dos cartões empatados em 1 a 1, o árbitro fez vista grossa para o lance.