Futebol Nacional
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Facções liberadas

Bom enquanto durou

Proibição é revogada e torcidas organizadas, que prometeram bom comportamento, estão de volta aos estádios

postado em 04/06/2013 08:14 / atualizado em 04/06/2013 08:44

O roteiro é de praxe. Integrantes de torcidas organizadas promovem vandalismos nos jogos, dentro e fora dos estádios da capital pernambucana, antes, durante e depois das partidas. Brigas em ônibus, furtos e outras confusões passam rente à segurança pública. Infelizmente, casos ainda mais graves ganharam espaço no cenário local, como o tiro na cabeça do alvirrubro Lucas Lyra, antes do duelo entre Náutico e Central, em 16 de fevereiro. A forte repercussão levou ao segundo passo do roteiro, com a suspensão das torcidas organizadas. Ou por força de uma liminar ou por determinação da Federação Pernambucana de Futebol. Sem amparo legal, as decisões são derrubadas com o tempo, sem ao menos tratar o núcleo do problema, numa curva crescente no Recife há mais de uma década. Nos últimos cinco anos foram 800 crimes num raio de três quilômetros dos Aflitos, Ilha e Arruda. Ontem, para a surpresa de poucos, a proibição das três maiores uniformizadas do estado foi revogada.

A liberação aconteceu mesmo sem o cadastro das torcidas, num pleito antigo da polícia e necessário para a identificação. Na audiência no Tribunal de Justiça de Pernambuco, no Juizado Especial Cível e Criminal do Torcedor, as três entidades se uniram, inclusive no corpo de advogados, na promessa de bom comportamento e combate aos “infiltrados”. A queixa se torna paradoxal no momento em que as próprias entidades não realizam o cadastro. E a execução só pode ser feita de forma unilateral.

Essa foi, inclusive, a alegação do presidente da FPF, Evandro Carvalho, para não ter enviado um representante para a audiência. Segundo o dirigente, o Estatuto do Torcedor não legitima a exigência da FPF, ou da Secretaria de Esportes do estado. “A FPF continuará atenta, no âmbito da sua competência, ou seja, dos seus campeonatos, para tomar novas medidas que porventura se façam necessárias no futuro”, afirma Evandro.

A direção das facções promete rigor no uso das ‘becas’. A partir de hoje começa um nova história, com a torcida de todos por um roteiro diferente, pacífico.

perfil
800 crimes em 5 anos

o total de casos de violência no futebol pernambucano registrados nas delegacias do Recife, Polícia Militar e no Juizado Especial do Torcedor (Jetep).

Torcida Jovem
Paulo Paiva/DP/D.A Press


Surgiu numa dissidência de outra torcida rubro-negra durante uma eleição interna. Logo nos primeiros anos tornou-se a maior uniformizada do clube, sendo a única com uma cor diferente do Sport, o amarelo. Inicialmente ficava na arquibancada frontal, dividindo o espaço com outras facões. Hoje ocupa a geral da sede, sozinha.

Fundação: 29/10/1995
Sede: Rua da Aurora, Boa Vista
Cadastrados: 90 mil
Facebook: 62 mil

Inferno Coral


Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
A organizada foi criada a partir da união de três torcidas, a Santamante, a Força Jovem e Os Cobrões, tradicionais na década de 1980. Localizada na arquibancada inferior na rua do canal, a Inferno conta com o maior bandeirão da região e o 5º do país, com dimensões 175m x 45m
(7.875 m²).

Fundação: 25/04/1992
Sede: Rua do Hospício,
Boa Vista
Cadastrados: 80 mil
Facebook: 30 mil

Fanáutico
Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
É a mais antiga entre as três maiores uniformizadas da capital, com quase 30 anos de história. Foi fundada por cinco jovens alvirrubros. Nos Aflitos, já mudou bastante de localização. Ultimamente, ocupava a geral atrás da barra no lado direito das cabines. Na Arena Pernambuco deverá ficar no anel superior.

Fundação: 05/02/1984
Sede: Avenida Conde da Boa Vista, Boa Vista
Cadastrados: 20 mil
Facebook: 7,5 mil

violência e organizadas
Maria Eugênia Nunes/DP/D.A Press


19/11/2012

A sede da Fanáutico, no bairro da Boa Vista, sofre tentativa de invasão por integrantes da Jovem em revide a uma tentativa da oganizada alvirrubra de praticar o mesmo ato pela manhã.

16/2/2013

Torcedor Lucas Lyra é baleado minutos antes do jogo entre Náutico e Central, nos Aflitos. O crime aconteceu em frente à sede alvirrubra.

3/3/2013

As organizadas Comando Alvinegro (Central) e Torcida Jovem do Sport entram em confronto no entorno do estádio Luiz Lacerda, antes da partida entre as equipes pelo Pernambucano. Carros foram danificados com pedras e torcedores ficaram feridos levemente.

20/2/2013

O Juizado do Torcedor de Pernambuco proíbe, por tempo indeterminado, que as torcidas organizadas Fanáutico, Inferno Coral e Jovem se reúnam no entorno ou frequentem estádios em jogos de seus respectivos clubes.

1/5/2013

Integrantes de uma organizada do Sport se infiltram na torcida do Internacional, adversário do Santa Cruz na Copa do Brasil, e promovem vandalismo no Arruda, quebrando cadeiras do bar.

12/5/2013

Banheiros da Ilha do Retiro, destinados à torcida do Santa Cruz, são depredados por vândalos na final do Pernambucano. Em seguida, os entulhos foram arremessados da arquibancada. Um carro de um integrante da comissão técnica do Sport foi danificado. Logo após a partida, foi a vez de novos veículos serem depredados por rubro-negros em protesto pela perda do título.