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POLÍTICA

Abandono da obra do estádio em Olinda gera aumento de mais de R$ 3 milhões no custo final

Construção do estádio no Bairro de Rio Doce foi retomada na semana passada

postado em 30/09/2014 10:22 / atualizado em 30/09/2014 10:39

Emanuel Leite Jr. /Especial para o Diario

Julio Jacobina/DP/D.A Press
Quanto tempo se leva para construir um estádio de pequeno porte, com capacidade para 10.700 lugares? Em Olinda, patrimônio histórico da humanidade, a resposta é complicada. Projetado para servir de centro de treinamento de seleções na Copa, o estádio Grito da República, em Rio Doce, ainda não ficou pronto. Na verdade, suas obras estiveram paradas por cerca de 22 meses e só recentemente foram retomadas. Agora, com custo total calculado em R$ 10.545.712,63, a expectativa é de que, finalmente, fique pronto até janeiro de 2015.

A indefinição parece ser marca desta obra construída com recursos dos governos federal e municipal. Inicialmente, de acordo com a ordem de serviço, com investimentos do Ministério do Esporte e da Prefeitura de Olinda, assinada em 2008, o gasto era de R$ 7,1 milhões. Após tanto tempo de interrupção, as obras foram retomadas com o estádio custando R$ 10.545.712,63. Deste total, R$ 7,75 milhões a cargo do governo federal, através do Ministério do Esporte. A contrapartida do município de Olinda subiu de quase R$ 1 milhão para R$ 2.795,712,63.

Além dos valores que mudaram, a data para a inauguração do estádio também segue sendo uma interrogação. Originalmente, era para ter ficado pronto em dezembro de 2012. Em setembro de 2013, a promessa da Prefeitura de Olinda era de entregar a obra entre março e abril de 2014, ou seja, ainda a tempo da Copa. E agora, qual o novo prazo? Depende de quem responder. A secretária de Obras de Olinda, Hilda Gomes, diz que a pretensão é inaugurar em janeiro de 2015. Já o secretário executivo, João Batista Cavalcanti Neto, é mais otimista. “A nossa meta, e isso é uma cobrança do prefeito, é entregar a obra até o fim do ano”, garante.

População descrente
Ouvindo relatos de moradores do entorno do estádio, percebe-se que os cidadãos da região não depositam muita fé na conclusão da construção. “Essa obra aí é só por que estamos em época de eleição. Não fazem nada além dessa arquibancada”, critica o motorista Jonas Silva, apontando para o lance de arquibancada em que os funcionários concentram o trabalho.“A obra só está sendo feita na arquibancada central e mais nada. E antes, quando recomeçou, tinha muito mais funcionário”, reforçou Raquel Gomes, assistente financeira.

O secretário executivo de obras, João Batista Cavalcanti Neto, compreende a desconfiança dos moradores, considerando que eles desconhecem todo o trâmite de uma obra deste porte. “Trata-se de um número de funcionários adequado para a etapa construtiva. Se tivesse mais gente na obra, muitos ficariam ociosos”, esclareceu, descartando qualquer possibilidade de a obra ser novamente interrompida. “Vamos entregar um estádio à altura que Olinda merece.”

Problemas que permanecem
Ao longo do tempo que a obra do estádio esteve parada, o abandono fez com que o local fosse utilizado como ponto de consumo de drogas e prostituição, além de roubos e vandalismos. A retomada da construção diminuiu a incidência dos problemas. Porém, de acordo com os moradores, não se extinguiram.

Um aposentado, que preferiu não se identificar, afirmou que a estrutura da arquibancada onde agora se concentra a obra continua sendo usada como local para uso de entorpecentes. Não há um muro que separe a obra da via pública. A ausência de seguranças em número suficiente para tomar conta de toda área aumenta a vulnerabilidade.

Secretário executivo de obras, João Batista tenta justificar. “Nós colocamos tapumes ao redor, mas o pessoal estava furtando. Mas já está planejada para se iniciar agora, no chamado período de verão, a construção do muro de fechamento.”

Outra crítica dos populares diz respeito ao canal que fica por trás do estádio. Tomado por mato e lixo, ele expõe os moradores a uma situação de insalubridade. Quando chove, piora tudo. “Basta alguns minutos de chuva para você não saber o que é rua ou maré”, queixa-se um cidadão.

“Com a abertura do verão agora, a gente vai poder executar uma grande ação para a limpeza do canal”, afirma o secretário. Que não se limita a essa promessa. “Não é só isso que está proposto. Pretendemos fazer o revestimento do canal, para que a gente tenha um canal que não tenha mais o problema de assoreamento. Existe um projeto junto à Secretaria de Planejamento. Estamos na fase de captação de recursos.”