Futebol Nacional
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Violência no futebol

Familiares e amigos se consolavam na expectativa de notícias de Lucas Lyra

postado em 17/02/2013 08:53 / atualizado em 17/02/2013 09:33

Redação Superesportes /Diario de Pernambuco

Jailson da Paz/DP/D.A Press
Familiares e amigos de Lucas de Freitas Lyra fizeram vigília na rampa do Hospital da Restauração durante horas. À espera de informações médicas sobre o estado de saúde do rapaz, eles pouco falavam. Limitavam-se, na maior parte do tempo, a se abraçar. O silêncio era quebrado, em breves momentos, por palavras de apoio mútuo e pelo som de músicas religiosas tocadas no rádio de um amigo de Lucas. Quase todo o tempo, esse amigo permaneceu encostado à mureta da rampa.

A irmã de Lucas, Mirella Lyra, 26 anos, fugia à regra. Pouco ficou parada. Circulava de um lado a outro. Parecia não acreditar na história. “O que mais quero é meu irmão de volta. Só isso”, disse, quando soube do encaminhamento do irmão para o bloco cirúrgico. Ele seria submetido a uma neurocirurgia. Antes, Lucas, transferido do Hospital Agamenon Magalhães, passou por uma tomografia. Os médicos queriam saber a extensão e gravidade do ferimento. Sabiam que o estado era grave.

Mesmo sabendo da gravidade, Mirella estava confiante. Dizia que o irmão era merecedor de uma chance para viver. “Lucas e os amigos que foram ao jogo com ele são meninos do bem. Ele sempre foi um menino do bem. Merece viver”, disse. Mal completou a última frase, Mirella desabou no choro. Lembrou que o irmão, há duas semanas, sofreu uma crise alérgica, sendo levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Lá, o estado de saúde foi avaliado com a ficha vermelha. Ou seja, no estágio dos pacientes em estado mais graves, mas teve o quadro contornado.

Ao deixar a UPA, Lucas estava sóbrio. “Ele disse para gente que ouviu, durante todo o tempo da crise, uma voz que o acalmava”, revelou. A voz, completou Mirella, afirmava “que ainda não havia chegado a hora dele partir”. Do mesmo modo do que aconteceu dias atrás, a irmã acreditava que o irmão estava sendo protegido durante a neurocirurgia. “Isso tudo dói e revolta. Como um rapaz sai de casa para assistir uma partida de futebol e é baleado?”, questionou.

Lucas costumava ir a jogos do Náutico. Era um apaixonado pelo time. Ontem, uniu-se a amigos e vizinhos do bairro onde mora, a Várzea, no Recife, para ver o clube que liderava o Campeonato Pernambucano. Não viu o time do coração sequer entrar em campo. O seu amigo, colado ao rádio, preferia hinos religiosos, que falavam “Jesus” e pedia que se tivesse “fé”, enquanto Lucas estava em cirurgia. Até às 22h10, seu estado era gravíssimo.