Após sequência de lesões, Martinez tem o custo benefício questionado

Tratada como “prioritária” desde a reta final da Série A, a renovação contratual do volante Martinez foi longa. A luta para manter o capitão alvirrubro nos Aflitos não foi em vão. Ou não deveria ser. Considerado o jogador mais técnico e experiente do elenco do Náutico, a manutenção do capitão no elenco deslocou dirigentes até os Estados Unidos para tratar do negócio. Até ter um final feliz. O esforço, porém, até agora, não tem sido bem recompensado. Entre o potencial para ser fundamental à equipe e a ação propriamente dita em campo, tem sido entrave as lesões. Novamente na coxa esquerda. A mesma que tirou Martinez de nove jogos no Brasileirão e que, agora, tirou das últimas quatro partidas do PE2013.

Apesar da região ser igual, a lesão que existe nesta temporada é em um músculo diferente. Do adutor, a contusão agora passou para a posterior do coxa. Mais precisamente para a parte longa do bíceps femoral. “Na mesma parte da coxa existem vários músculos. No caso de Martinez, uma lesão não tem relação com a outra. Se fosse no mesmo músculo, como há uma fibrose (cicatriz) proveniente da contusão anterior, as lesões poderiam, ser relacionadas, sim. Mas não é o caso”, detalhou o médico do Náutico, Fábio Ribas.

Ontem, fez 15 dias desde a lesão do atleta durante um treino comum. Ele agora vive a expectativa de ser liberado pelo departamento médico e retornar ao time no próximo final de semana. Para o duelo de amanhã, contra o Pesqueira, o veto já foi confirmado. Longe de ser um jogador jovem, aos 32 anos, Martinez ainda tem que correr contra o próprio corpo para manter a regularidade física. “O que acontece com ele, não é fora do comum, até pela idade. O que pode explicar essas recorrentes lesões é a carga genética do atleta”, explicou Ribas.

Martinez passou pelo mesmo tipo de lesão no Palmeiras, em 2008. Pelo Cruzeiro, em 2006, a contusão que o tirou de alguns jogos da Série A foi na coxa direita.

Dedicado
Apesar das lesões, o departamento médico alvirrubro ressalta que Martinez é um atleta dedicado e segue exatamente todas as instruções. “Ele faz tudo o que é pedido, inclusive três turnos de serviços em uma clínica privada. Ele é do tipo que se disser que está doendo, a gente acredita pois não é de dar ‘migué’ mesmo”, pontuou Fábio Ribas. Em contrapartida ao “esforço”, está o salário de Martinez, triplicado após a renovação. Com isso, a exigência da torcida também passou a ter o mesmo peso. Os vencimentos do atleta estão entre os maiores do clube, girando em torno de R$ 120 mil, o que já faz o custo benefício do volante nos Aflitos passar a ser uma incógnita.

Luis Fernando Lojudice Martinez, volante, 32 anos

Retrospecto de Martinez no Náutico

2012 (Série A)

26 jogos esteve à frente do time atuando como volante titular e capitão
9 derrotas
6 empates
11 vitorias
50% de aproveitamento dos pontos disputados
12 foi o número de vezes que o atleta desfalcou o Timbu
5 partidas Martinez foi substituído ao longo do jogo por contusão (duas vezes ainda no primeiro tempo)
9 ausências em campo foram relacionadas à lesão
5º jogador que mais atuou na Série A: 2.127 minutos

2013

2 jogos em ação (Porto e Serra Talhada)
100% de aproveitamento
7 jogos fora* do time

Um atleta que sofre um estiramento na coxa de grau 3, significa que os músculos se rompem completamente do feixe muscular. O caso pode ser cirúrgico e o tempo de recuperação pode chegar até a 4 meses.

* Nas três rodadas iniciais, o Náutico atuou com o time juniores no Estadual, logo Martinez desfalcou a equipe em quatro partidas até então.
**Esse tempo depende do músculo afetado e da posição do atleta. Por exemplo: lateral, por usar mais alguns tipos de movimentos, tendem a demorar mais na recuperação.

Fonte: Fábio Ribas (médico ortopedista do Náutico); Ogol.com.br

As lesões de Martinez no Náutico

2012
A contusão: Estiramento no músculo adutor da coxa esquerda
Tipo de lesão: de grau 2
O que significa: há um hematoma dentro de um ou mais músculos do adutor da coxa. Não chega a haver uma lesão interna. A fibra não chega a ser totalmente rompida
Tempo de recuperação estimado**: 4 semanas

2013
A contusão: Estiramento no músculo posterior da coxa esquerda
Tipo de lesão: de grau 1
O que significa: Acontece somente o estiramento do músculo, que contrai mas não chega a ter uma lesão interna
Tempo de recuperação estimado: 10 a 15 dias
Situação atual: em fase final de recuperação (ontem completou 15 dias da lesão)