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A família mais feliz da Paraíba

Pais, avô e irmã de Douglas Santos comemoraram e se emocionaram com a convocação do lateral alvirrubro à Seleção

postado em 04/04/2013 07:47 / atualizado em 04/04/2013 08:23

Daniel Leal /Diario de Pernambuco

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
João Pessoa – O jogo que passava na televisão era Paris Saint-Germain contra Barcelona. Champions League. Direto de Paris, na França. De muito longe, em João Pessoa, os olhares estavam vidrados na partida entre gigantes do futebol mundial. Na mente, o sonho em ver o filho bem ali. Com grandes craques. No coração, a saudade que maltrata por uma distância bem inferior. Apenas 120 quilômetros separam as capitais da Paraíba e de Pernambuco. De onde saiu de casa com 16 anos e de onde está Douglas Santos, agora com 19. É justamente esse atleta do Náutico que tem a capacidade de ligar duas cidades por uma só palavra: convocado. Ou outras duas palavras: Seleção Brasileira.

A emoção foi demais. Os sonhos foram além. Foi da voz de Galvão Bueno que o motorista Marcos Justino, 40, pai do menino prodígio do Timbu, ouviu meio descrente que Douglas acabara de ser convocado para defender o futebol brasileiro. E dessa vez, era pelo time principal. Foi o suficiente para juntar toda a família e vizinhança no terraço humilde, com o piso batido de cimento, para comemorar como um gol. Como se fosse dia de jogo. Não do Náutico, mas de Douglinhas – como faz questão de ressaltar a mãe do atleta, a dona de casa Risomar dos Santos, 41. “Aqui é Associação Douglas Santos de Futebol.”

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
É nesses dias que a televisão (devidamente ajustada com canais para assistir ao pupilo) sai da sala apertada e vai para a garagem. Ou mesmo para simplesmente ver os reprises dos jogos gravados. A casa que Douglas morou a vida toda no bairro da Mangabeira IV, periferia de João Pessoa, é um “puxadinho” feito no terreno do avô, a quem ele pedia a passagem para ir treinar. “Eu ficava com o coração apertado. Nenhum mãe gosta de ver o filho passar necessidade”, lembrou Risomar. “As vezes, ele saia sem tomar o café da manhã. Aí, eu fazia um almoço reforçado.”

O “puxadinho” agora já vai virar casa. “Douglas vai comprar uma casa para a gente”, revelou o pai. “Sem contar que ele manda R$ 1.400 todo mês. Inclusive, ele comprou uma van e eu agora deixei de ser motorista de ônibus para transportar o pessoal em viagens”, contou Marcos. Família que reflete como um espelho a simplicidade e a humildade do lateral esquerdo do Náutico.

Um dia depois da convocação, tudo era festa na casa de Douglas. Muitas emissoras da televisão paraibana foram à casa do novo xodó da terra. Nas palavras da única irmã de Douglas, Mayara, o resumo do sentimento de toda a família. De todo os paraibanos e até de toda a torcida alvirrubra. “Meu irmão é um exemplo. Ele venceu. Mas pode mais. É um herói.”