Futebol Nacional
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Zico 60 anos

postado em 03/03/2013 09:13 / atualizado em 03/03/2013 09:18

 (Kimimasa Mayama/reuters - 28/5/06)
A nação rubro-negra está em festa. Seu maior ídolo completa hoje 60 anos, grande parte deles dedicada ao clube do coração. Arthur Antunes Coimbra, simplesmente Zico, faz questão de ressaltar essa ligação afetiva com a Gávea. “O Flamengo é um capítulo à parte na minha carreira. Não é fácil um torcedor do clube chegar à posição a que cheguei. Era um sonho de criança jogar com a camisa 10 do Flamengo, e depois tive a oportunidade de fazer parte de um dos maiores times da história do clube”, disse o ídolo, por telefone, ao Estado de Minas.

Nascido no subúrbio carioca de Quintino Bocaiúva – daí o apelido Galinho de Quintino –, Zico chegou à escolinha do Fla em setembro de 1967. O vice-presidente George Helal decidiu investir na promessa e estabeleceu tratamento especial para o desenvolvimento físico do garoto franzino, que, entre 1967 e 1970, passou de 37kg e 1,55m para 53kg e 1,66m. A estreia no profissional foi num clássico com o Vasco (vitória por 2 a 1), em 29 de julho de 1971, pela penúltima rodada da Taça Guanabara, com pouco mais de 18 mil pagantes no Maracanã.

Campeão mundial e da Libertadores em 1981, tetra brasileiro em 1980, 1982, 1983 e 1987, Zico não é idolatrado apenas pelos rubro-negros. No Japão, é considerado herói nacional. Ao encerrar a carreira no Brasil, ele foi convidado a atuar no incipiente futebol nipônico, já aos 38 anos. Não só ajudou a desenvolver a modalidade no país, comotambém comandou posteriormente a Seleção Japonesa. “O Japão também tem grande importância para mim, porque começamos lá do zero. Considero o Kashima (Antlers) como um filho que você cria. Dá prazer e orgulho ver hoje o país como o nº 1 do continente”, comemorou.

A passagem pela Seleção Brasileira, que ele defendeu em três Copas do Mundo (1978, 1982 e 1986), começou no mesmo 1971, com o título do Pré-Olímpico da Colômbia. Mas as decepções também logo apareceram: Zico não foi convocado para a Olimpíada de Munique. “Minha carreira teve também momentos ruins. Não foi só felicidade. O corte na Olimpíada de 1972 quase me fez desistir da carreira”, recordou o craque, que citou também a contusão no joelho esquerdo em 1985, a um ano da Copa do México, disputada com muito sacrifício. “Lógico que foram momentos de muita dificuldade, mas aí entra o lado de superação e da determinação, que marcaram minha carreira.”

(Mohammed Dabbous/reuters - 11/11/11)
Uma particularidade na carreira de Zico foram os confrontos com os mineiros. Enquanto diante do Atlético fez grandes jogos, brilhou e conquistou título, contra o Cruzeiro, ele jamais balançou a rede. “Às vezes, encontro torcedor do Cruzeiro que me parabeniza por isso. Mas é coincidência. Em nenhum momento tive preocupação de marcar contra A ou B. Queria era ajudar o Flamengo, não contava tanto o adversário. Flamengo e Atlético tinham grandes equipes, que disputavam palmo e palmo e fizeram grandes jogos seguidos. Eram duas seleções”, lembrou.

Outra forte ligação de Zico com Belo Horizonte é o médico Neylor Lasmar, que cuida de seu joelho desde 1986. “Faço aniversário no dia 3 e ele no dia 4. Até nisso combinamos. Foram quatro cirurgias, sempre cuidando de mim com muito carinho. É uma amizade muito grande, que passou de pai para filho, agora com o Rodrigo”, afirmou o eterno camisa 10 do Fla.

Depois de comandar a Seleção Japonesa de 2002 a 2006, Zico deu sequência à carreira de treinador em mercados menos nobres, como Turquia (Fenerbahce), Uzbequistão (Bunyodkor), Rússia (CSKA), Grécia (Olympiakos) e Iraque. O ídolo justificou por que não trabalha no Brasil: “É opção minha, para não ter de enfrentar o Flamengo. Por causa da minha ligação com a torcida, não conseguiria enfrentá-lo”.

Outra decepção vivida por Zico profissionalmente ocorreu no ano passado, quando deixou o comando da Seleção Iraquiana, com a qual tinha contrato até 2014. “Foi muito chato. Estava cheio de esperança, mas não tive apoio. Não deu certo e agora quero resolver essa questão na Fifa”, disse o treinador, ainda sem planos para a sequência da carreira.

Coordenador técnico com Zagallo na Copa do Mundo de 1998, quando foi acusado de ter participado do corte do atacante Romário, Zico aposta na dupla Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira na Seleção Brasileira na Copa das Confederações e na Copa do Mundo. “Eles pegaram uma Seleção bem estruturada. Mano Menezes levou tempo, mas conseguiu montar uma base. Eles têm bons jogadores e precisam de uma sequência para entrar com confiança na Copa das Confederações.” Para o Galinho, uma das maiores dificuldades nas duas competições pode ser justamente o fator local. “A torcida brasileira vai querer vencer ou vencer aqui. Eles precisam trabalhar muito o lado psicológico dos jogadores”, alertou.

A boa fase de Ronaldinho Gaúcho no Atlético, depois da conturbada saída da Gávea, deixa Zico satisfeito. “Talvez ele tenha reencontrado a felicidade para jogar futebol, e caiu muito bem no time, no qual pode fazer sua melhor jogada, que são os lançamentos. Sua qualidade é inegável, mas é preciso que tenha ao lado caras que possam ajudar. É um jogador que surpreende a todo minuto, e a gente fica feliz, porque ele tem muito a dar ao futebol brasileiro. Tomara que tenha sequência tanto no Atlético quanto na Seleção.”

‘‘Minha carreira teve também momentos ruins. Não foi só felicidade. O corte na Olimpíada de 1972 quase me fez desistir”

‘‘Flamengo e Atlético tinham grandes equipes, que disputavam palmo a palmo e fizeram grandes jogos seguidos. Eram duas seleções”

‘‘Ronaldinho tem muito a dar ao futebol brasileiro. Tomara que tenha sequência tanto no Atlético quanto na Seleção”

>> Flamengo
Depois de tratamento para desenvolvimento físico, o Galinho reinou na Gávea e foi um terror constante para os goleiros adversários

>> Seleção Brasileira
O craque atuou nas Copas do Mundo de 1978, 1982 e 1986, as duas últimas com Sócrates e Telê Santana e na terceira com muito sacrifício

>> Treinador

O ídolo ajudou a desenvolver o futebol do Japão e dirigiu a seleção do país, mas não quer trabalhar no Brasil para não enfrentar o Fla