None

COLUNA DO JAECI

Raposa era favorita. Galo foi o vencedor

"Havia um favorito, por tudo o que faz no Brasileirão, mas do outro lado havia um time limitado, guerreiro, que sabe como poucos vencer o maior adversário"

postado em 22/09/2014 14:00 / atualizado em 22/09/2014 08:31

Jaeci Carvalho /Estado de Minas

ALEXANDRE GUZANHSE / EM DA PRESS
O Cruzeiro era o grande favorito. Tinha mais time, banco, estrutura, pontos e torcida, mas não teve a competência nem a sorte do Atlético para vencer o clássico. Acabou batido por 3 a 2 em partida emocionante, na qual o garoto Carlos foi o protagonista, com dois gols. A derrota pode até não ter mudado a vida celeste na tabela, porque o São Paulo perdeu para o Corinthians e a diferença de sete pontos foi mantida, mas mostrou que nem no Independência nem no Mineirão o time azul conseguiu vencer o arquirrival nesta temporada. Pode até ser campeão, o que é praticamente certo, mas terá de amargar o dissabor de saber que continua freguês do Galo no confronto histórico.

Se o adversário foi superior o jogo inteiro, a torcida alvinegra não está nem aí. O que importa é que venceu os dois clássicos neste Brasileiro. E a torcida cruzeirense deverá comemorar a conquista da taça sem ter batido o maior rival. A destacar, além de Carlos, a atuação impecável do árbitro Marcelo de Lima Henrique, que enganou até um comentarista de TV, que apontava impedimento no primeiro gol do jovem, mas teve de se redimir no intervalo ao ver em outra imagem o lateral Mayke dando condição ao atacante atleticano.

O Cruzeiro entrou mostrando sua superioridade, dominando, tendo mais posse de bola e acertando o travessão antes do segundo minuto de jogo. Mas tramava muito, chutava a gol e pecava na finalização. Éverton Ribeiro fazia jogadas geniais. O garoto Alisson também arrebentava, mas o gol não saía. Leonardo Silva, um gigante, impedia qualquer investida azul. A posse de bola cruzeirense era o dobro da do adversário, que atuava como podia, no contra-ataque, sem inspiração. Para piorar, o técnico Levir Culpi insistiu em Emerson Conceição, contestado pela torcida, e Guilherme, inoperante e parecendo desinteressado.

Diz um ditado antigo no futebol: quem não faz leva. E em dois minutos, no fim do primeiro tempo, o Cruzeiro sofreu dois gols. O primeiro de Carlos, em falha da defesa. O segundo de Tardelli, escorando cruzamento de Dátolo. Para quem tinha menos posse de bola, fazer dois gols em dois minutos era como estar no céu. Mas, no finzinho do primeiro tempo, em bela jogada de Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart diminuiu.

O torcedor azul viu seu time ir para o intervalo na certeza de que o time empataria na hora em que bem entendesse. E realmente isso aconteceu, logo no início da fase final, com um golaço de Alisson. Os 2 a 2 davam a certeza de que a virada era questão de tempo. Alisson mandou outra bola na trave, Dagoberto perdeu gol na cara de Victor, mas quem marcou de novo foi Carlos, de cabeça, no fim, em falha de marcação da defesa. O favorito ficou pelo caminho. De quem menos se esperava veio o triunfo, mas, por sorte, quem tem gordura queima na hora que deve, como fez o Cruzeiro. A derrota do São Paulo para o Corinthians o manteve sete pontos na frente.

Para o Galo, porém, o sabor foi outro. Reduziu a vantagem do rival para 12 pontos e encostou no G4, na briga por vaga na Libertadores. Havia um favorito, por tudo o que faz no Brasileirão, mas do outro lado havia um time limitado, guerreiro, que sabe como poucos vencer o maior adversário. Neste ano, o torcedor celeste não viu vitória sobre o Atlético.

Quem leu minha coluna de ontem viu que previ quebradeira de ônibus e depredação no Mineirão. Infelizmente, não de outra. Bandidos, travestidos de torcedores soltaram bombas durante o clássico e quebraram cadeiras no estádio. Só mesmo um louco para levar o filho a um campo de futebol. Vivemos num país violento, onde o respeito ao ser humano não existe. Vestir a camisa de um time adversário, para esses marginais, significa dizer que é um inimigo. E com a Polícia Militar não dando segurança fora do estádio, na cidade houve torcedores feridos a bala.

Vivemos num Estado sem lei, em que o cidadão de bem está atrás das grades e os bandidos soltos, cometendo barbáries por aí. Nosso futebol na lama e a sociedade de bem acuada pela criminalidade sem fim. E a PM diz que não tem condições de dar segurança a duas torcidas no mesmo estádio. Chegamos ao fundo do poço. Pobre futebol brasileiro.

Tags: seriea interiormg atleticomg cruzeiroec