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AMÉRICA

Bate-papo com Flávio Lopes: dirigente avalia acesso e cenário para montar time forte em 2016

Coordenador técnico comenta algumas ações do América visando ao ano seguinte

postado em 29/11/2015 08:00 / atualizado em 27/11/2015 21:39

Carlos Cruz/América FC

Flávio Lopes tem história no América. Como jogador, vestiu a camisa 10, ganhou o Campeonato Mineiro de 1993 e marcou 46 gols em seis temporadas. Já na condição de treinador, sagrou-se campeão da Copa Sul-Minas, em 2000, torneio que ele mesmo classifica como “mais importante da história” do Coelho.

Hoje, aos 50 anos, Flávio Lopes ocupa o cargo de coordenador técnico (ex-gerente de futebol) e participa ativamente da captação de reforços para o clube desde 2013. Em seu primeiro ano de trabalho, o América ficou em nono na Série B, com 57 pontos, três a menos que o quarto colocado Figueirense. Em 2014, o time subiu dentro de campo, mas perdeu seis pontos no STJD e amargou o quinto lugar, com 61 (o Avaí, 4º, ficou com 62). Neste ano, a história teve final feliz. Com um time competitivo, o Coelho se firmou no G-4 e vai disputar a elite de 2016.

Entre vários assuntos abordados pela reportagem do Superesportes, o dirigente comenta o desafio que o América terá na Série A do Brasileiro, o perfil dos reforços para o ano seguinte, a relação com o técnico Givanildo Oliveira e o aproveitamento de jovens das categorias de base.

ENTREVISTA COM FLÁVIO LOPES, COORDENADOR TÉCNICO DO AMÉRICA

Sucessos como jogador de futebol, treinador e dirigente

Arquivo/EM D.A Press
Estou muito feliz este ano. Um acesso como esse supera o que ocorreu no ano passado. Dentro de campo, nós subimos. Nos dois anos que ajudei a montar a equipe, o time subiu. Sinal de que estamos no caminho certo. Sucesso como atleta, como técnico e agora como coordenador técnico. Foi muito importante para mim, pois devo muito ao América e não queria, nessa nova função, passar em branco. Por isso, creio que minha felicidade é maior que todos, mesmo sabendo que todos tiveram participação e deram suas contribuições. Estou mais feliz por causa disso: não lembro, como profissional, uma pessoa conseguir vingar como jogador, treinador e coordenador técnico.

Redução do número de contratados em 2015

O conselho de administração assumiu no fim de dezembro de 2014 e se mostrou preocupado com a parte financeira. Os dirigentes nos passaram o limite da situação. Por isso, houve o pedido para que fôssemos mais pontuais, mesclando a base com alguns jogadores experientes, entre os quais João Ricardo, Wesley Matos, Thiago Santos, Leandro Guerreiro, Mancini... a espinha dorsal nós conseguimos manter e unimos com os jovens. No Mineiro não tivemos sucesso, pois saímos na primeira fase. Mas, em compensação, a base, reforçada pelas contratações pontuais, fez o grupo ficar forte tanto internamente quanto dentro de campo.

Trabalho para se manter na Série A

O time precisa acreditar. O exemplo de 2015 é positivo. Mexo com futebol há 32 anos e digo que é mais difícil se manter na Série A. É preciso buscar jogadores que queiram vencer e vejam o América como uma porta. Prova disso é que os atletas, quando me ligam, dizem que o América é uma família. O Pablo (volante e lateral, hoje no Avaí), o Renan Oliveira (armador que pertence ao Atlético e está emprestado ao Avaí), o Gilson (lateral-esquerdo cedido pelo Cruzeiro à Ponte Preta)... estou citando esses nomes porque são recentes e fáceis de serem lembrados.

Sobre a permanência na Série A, é preciso montar um grupo pontual com atletas que estejam interessados em crescer, e não com aqueles que já venceram e descartam dar continuidade. A Série A é mais técnica, sem a menor dúvida. E é competitiva também. Então, creio que a diretoria, trabalhando em conjunto conforme fizemos este ano, tem tudo para ser vencedor. Hoje ninguém acha craque. E se achar, é caro. Assim, precisamos ser excelentes captadores e achar bons valores para o nosso grupo.

Lição deixada por Richarlison

Ramon Lisboa/EM D.A Press
O Richarlison foi um atleta que caiu do céu para nós. Acho que Deus o mandou de uma forma... o acompanhei nos treinos e jogos aqui. Claudinho (Cláudio Prates, assistente técnico) e Givanildo Oliveira também. Vou ser sincero, se me perguntassem assim: ‘Flávio, você apostava que ia acontecer tudo isso?’. Eu responderia: ‘Não nessa velocidade’. Não foi um atleta programado, mas que nos ajudou muito e ainda vai nos ajudar. Ele é muito cobiçado, essa é a verdade. Mas o futuro do América é esse. Disse ao Dr. Paulo Lasmar (integrante do conselho de administração) que o América sempre teve sucesso na mescla de base e profissional.

Quando fui treinador da equipe em 2000, no título da Copa Sul-Minas, tinham os jovens Ruy Cabeção, Tucho, Álvaro e Fabrício e os experientes Edgar, Pintado e Zé Afonso. O América sempre teve sucesso misturando jovens e veteranos. Este ano não foi diferente. O Toscano não é um menino, tem 30 anos. João Ricardo, Fernando Leal, Leandro Guerreiro, Alison e Mancini também não são meninos. Agora, sobre o Richarlison, fui surpreendido com a personalidade dele. Ele é um espelho para outros atletas. Há Patrick Allan, Messias, Xavier, Rubens, Sávio, Diego Henrique... acho que neste ano o América deu um passo muito largo.

Perfil do grupo de 2016

Precisa fazer um trabalho pontual, com muita responsabilidade, e com atletas que querem mostrar serviço. Além, claro, de dar sequência à categoria de base. Sobre o grupo deste ano, é tão bom que nem cobra as coisas da diretoria. Precisamos ter profissionais sérios aqui que vistam a camisa do América da melhor maneira possível. Foi isso que ocorreu na Chapecoense, por exemplo, que se firmou na Série A.

Estrutura do América

Ouvi de Obina e Fábio Júnior, atletas que jogaram em grandes clubes do Brasil e exterior. Eles falaram que o América têm uma estrutura que poucas equipes do país possui. Na minha época (década de 1990), não havia nada disso aqui. Banheiro com água quente, sala de musculação, fisioterapia, banheira de hidromassagem, campo de qualidade... hoje, o atleta que vem jogar no América, tem as melhores condições para desenvolver o trabalho.

Contratações para o ano que vem

Ainda não foi discutido. O principal agora é tentar renovar o contrato do Givanildo Oliveira. Ele é quem vai indicar os jogadores, ouvir orientações, etc. É assim que trabalhamos. Acertando com ele, com certeza vamos traçar esse perfil.

Givanildo, uma unanimidade

Ramon Lisboa/EM D.A Press
Com certeza. O que ele fez é uma coisa impressionante. Aprendi muito com ele. Não só eu, mas todos os profissionais que trabalham no clube. Um homem sério, íntegro, trabalhador e com grande vivência no futebol.

Perda do posto de 3º técnico que mais dirigiu o América (justamente para Givanildo Oliveira)

Tenho que ficar feliz com isso (risos). O sucesso dele é o meu sucesso. Eu quero que ele continue ganhando para todos nós melhorarmos nossos currículos. Este ano, por exemplo, ninguém teve problema no grupo. Nenhum mesmo. Não vi nada. Isso vai muito de quem comanda. E ele é um cara muito sério. Claro que há as virtudes e os defeitos, porém sempre aprendemos muito com ele. Só temos que parabenizá-lo.

Possibilidade de retomar a carreira de técnico

Não falei para ninguém. Se eu falei que não há paixão de ser técnico, estarei mentindo. Meu maior sucesso foi como treinador. Mas minha esposa não deixa isso. Por causa do estresse e da distância, sobretudo pelas viagens pelo Brasil. Nesses dois anos e quatro meses que estou como coordenador aqui no América, a cada seis meses recebo uma proposta para voltar a treinar. O Remo, o Tombense, enfim. Mas minha mulher cobra muito isso de mim. Ela trabalha aqui em Belo Horizonte, não viaja comigo. Por isso, tenho que pensar muito antes de tomar uma decisão como essa.

Ações para se dar bem como dirigente

É necessário ficar atento ao mercado de futebol e ter bons relacionamentos. Tenho contatos no Nordeste, Centro-Oeste, no Sul. Futebol é momento. É preciso enxergar lá na frente, com muita visão e critério. O exemplo que dou aqui no América é o Richarlison. Claudinho e eu estivemos no CT num sábado e acompanhamos o jogo dele. E hoje está fazendo sucesso. Enquanto eu estiver aqui trabalhando, conversando com os meninos, dando orientações para as carreiras deles e sendo um observador da parte prática, ficarei satisfeito. Agora, a parte burocrática do futebol eu não quero. Não é minha praia ficar em escritório.

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