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CLUBES DA ESQUINA

Eles sonharam. E se deram bem

O que têm em comum João Leite, Paulo Isidoro, Cerezo, Marta, Dedê e Evanílson? Todos se revelaram nos campos esburacados e lamacentos da várzea belo-horizontina

postado em 07/12/2014 09:01 / atualizado em 07/12/2014 08:24

Renan Damasceno / Estado de Minas

Edesio Ferreira/EM/D.A Press


Se a grama não nasce onde o goleiro pisa, nos campos de terra a pequena área é sempre o lugar mais esburacado, traiçoeiro e, quando chove, um verdadeiro lamaçal. A lembrança do goleiro João Leite, um dos grandes ídolos da história do Atlético, é essa: pular para fazer uma defesa e acabar atolado no barro do campo do Alvorada, clube fundado em 1937 na Vila Oeste - hoje Nova Gameleira. Foi na várzea que o atleta que mais atuou pelo Galo na história (684 vezes, entre 1976 e 1992), aprendeu os atalhos e macetes da pequena área.

“O futebol de várzea nos permite sonhar, o que as categorias de base profissionais não proporcionam. Foi no barro que comecei a imitar meus ídolos, a sonhar em ser um grande goleiro. A diferença é essa: eu aprendi um futebol lúdico”, lembra João Leite, que começou no pré-mirim do Alvorada, onde permaneceu até os 15 anos, em 1974, quando foi levado para o Atlético pelo técnico Barbatana. Dois anos depois, já estava no profissional, na reserva do argentino Ortiz. “A várzea é menos exigente, o que nos permite brincar mais de futebol. Hoje exigem muito da parte física e esquecem a habilidade, que é característica de quem joga futebol no terrão.”

Ex-companheiro de João Leite, Paulo Isidoro também chegou ao Galo depois de passar pelo futebol amador, defendendo o extinto Ideal, do Bairro da Graça. Chegou ao time com 12 anos, quando se mudou de Matozinhos para a Sagrada Família. Foi para o profissional relativamente tarde, com quase 17 anos, mas nem sentiu a diferença. “Para quem joga na terra, passar para a grama fica fácil, é mais leve, a bola corre. Por isso, nunca me machuquei ao longo da carreira. A preparação física é uma vantagem”, explica ele, que aos 61 anos ainda joga futebol pela Seleção Master de São Paulo.

O ex-ponta de lança ágil e habilidoso se lembra dos clássicos Ideal x Brasilina, que parava a Zona Leste, e das boas histórias dos tempos da várzea. “Teve um jogo no campo do Brasilina que acabou em confusão, e só escapamos porque o time inteiro pulou de um barranco”, recorda.
Reprodução - Beto Novaes/EM D.A. Press


MELHOR DO MUNDO

Muitos jogadores foram revelados para o futebol a partir dos campos de terra de Belo Horizonte. Outro ídolo alvinegro, Toninho Cerezo jogou no Ferroviário, do Horto. Cleison, que defendeu Cruzeiro e Atlético, começou no Santa Tereza, que também revelou o armador Irênio (ex-América e Atlético). Eleita cinco vezes a melhor do mundo, a alagoana Marta também lapidou seu futebol na capital mineira, atuando pelo Santa Cruz, último clube que defendeu no futebol brasileiro antes de partir para o da Suécia.

“A Marta chegou aqui em 2002 por meio de um patrocinador. Ficou com a gente por três temporadas. Ao todo, sete jogadoras que defenderam a Seleção Brasileira passaram pelo Santa Cruz: Cristiane, Pretinha, Formiga...”, enumera o presidente Cláudio Henrique Soares.

No masculino, o Santa Cruz, entre outros, revelou o lateral-esquerdo Dedê (ex-Atlético e Borussia Dortmund) e o lateral-direito Evanílson (ex-América, Cruzeiro e Atlético).

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