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CLÁSSICO

Uma usina de polêmicas

Escolha de túnel, cessão de ingressos ao visitante, torcida única, arbitragem... Clássico mantém tradição de pôr Cruzeiro e Atlético em lados opostos para marcar terreno

postado em 19/04/2015 08:45 / atualizado em 19/04/2015 08:55

O novo capítulo do clássico entre Cruzeiro e Atlético será escrito hoje, às 16h, no Mineirão, no segundo jogo das semifinais do Campeonato Mineiro. A rivalidade tornou-se mais acentuada nos últimos anos devido ao protagonismo de ambos no futebol nacional e também a polêmicas extracampo. Não foram poucas as discussões sem fim fora dos gramados, envolvendo sobretudo os dirigentes dos clubes e os organizadores do espetáculo. Da definição dos árbitros e assistentes, passando por ingressos, torcidas únicas, datas dos confrontos e até os túneis a ser usados no Gigante da Pampulha. Enquanto isso, os jogadores, que são realmente os protagonistas da festa, acabam sendo deixados de lado, com quedas de braços muitas vezes irrelevantes tomando o lugar das discussões.

O confronto de hoje não fugiu à tradição. Com os dois jogos das semifinais do Estadual entremeados por confrontos decisivos pela Copa Libertadores, os cruzeirenses se revoltaram por não ter conseguido jogar a segunda partida no sábado, o que desrespeita o intervalo mínimo de 60 horas de descanso. Com isso, teriam mais tempo para se recuperar rumo ao duelo com o Universitario de Sucre, terça-feira, também no Mineirão. O Atlético, por sua vez, garantiu seu desejo de atuar no domingo, pois teve de ir ao México na semana passada encarar o Atlas, e ganhou mais tempo para descansar após viagem desgastante.

Jorge Gontijo/EM/D.A Press


Terceiro túnel no Mineirão
Antes do fechamento do Mineirão, os clubes travaram disputa pelo túnel do lado direito das cabines de rádio, que ficava ao lado do assistente de arbitragem nº 1. O ex-presidente alvinegro Alexandre Kalil decidiu que o Galo ficaria no local quando fosse mandante. Talvez tenha sido influenciado por seu pai, Elias Kalil, que em 1984, então dirigente do Atlético, chegou ao extremo de construir mais um banco de reservas do outro lado do campo, para o Atlético ter direito de ficar próximo ao assistente nº 2.

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press


Quando a festa é só para um
Desta vez, o problema não ocorreu diretamente entre os clubes, mas sim com a Polícia Militar (PM). Com o fechamento do Mineirão para reforma, de 2010 a 2012, visando à Copa do Mundo, a Arena do Jacaré se transformou no principal palco do estado e recebeu sete dos oito clássicos no período – o outro ocorreu em Uberlândia. A PM determinou que houvesse torcida única, já que era impossível garantir a segurança dos torcedores, principalmente nas rodovias que cortam Sete Lagoas. Os dois clubes acataram a ordem da corporação, apesar da insatisfação.

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press


Na briga, o torcedor paga
Houve confusão nos bastidores com relação à carga de bilhetes para a decisão da Copa do Brasil no ano passado. No jogo de ida, no Independência, o Cruzeiro abriu mão do 10% dos bilhetes a que tinha direito, devido à confusão de suas torcidas organizadas no último clássico de 2013, pelo qual foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva com perda de mando de campo. Já o Atlético requisitou sua carga no duelo de volta, no Mineirão, irritando os dirigentes celestes. Como resposta, a Raposa cedeu quantidade bem menor do que os 10% previstos. Houve brigas nos bastidores, troca de acusações e o caso foi parar no STJD, que multou o Cruzeiro em R$ 175 mil.

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press


Árbitros de Minas? Sem chance
Desde 2008, Atlético e Cruzeiro optaram por árbitros de outros estados nas decisões do Mineiro, sob o pretexto de que um juiz local seria mais vulnerável à pressão das torcidas. Mas em quase todas as edições houve reclamações e polêmicas com relação aos erros de arbitragem, como no domingo, com ambas as equipes contestando o paulista Raphael Claus. Enquanto isso, os mineiros são preteridos, após ter conduzido os jogos da primeira fase. É o caso de Ricardo Marques Ribeiro, eleito o melhor do último Brasileiro, que jamais apitou um clássico em Minas. Ele está vetado pelo Atlético. Já o Cruzeiro diz que aceitaria juiz mineiro, desde que Ribeiro entrasse no sorteio.

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