MARATONA
Após dez anos do "quase ouro" em Atenas, como anda a vida de Vanderlei Cordeiro de Lima
Corredor deixou de correr profissionalmente, mas agenda segue cheia de compromissos
postado em 02/09/2014 15:05 / atualizado em 02/09/2014 15:18
Eram quase 160 metros de vantagem para o segundo colocado. Na passagem pelo quilômetro 36,5km da maratona da Olimpíada de Atenas, em 29 de agosto de 2004, o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima nem aparecia no campo de visão dos dois adversários mais próximos. Conseguir a inédita medalha de ouro para o país era uma questão de tempo. Tempo esse que foi interrompido pelo desvario do ex-padre irlandês Cornelius Horan. O ouro foi parar no pescoço do italiano Stefano Boldini, mas a honra foi toda de Vanderlei, que na última sexta-feira brindou os dez anos da conquista da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos da Grécia.
As lembranças daquele dia são muitas e na maioria felizes. “Só lembro de querer concluir o percurso. Queria a minha medalha. Inesquecível o que o atletismo me proporcionou”, conta o ex-atleta em entrevista a repórter Ana Paula Santos, do Superesportes, que sempre que a agenda permite corre entre 8km e 10km. “Só para não desaprender”, diverte-se.
Ao longo desses dez anos, Vanderlei só não nutre nenhuma vontade de ficar frente a frente com o (ir)responsável pelo desatino que lhe tirou o ouro. “Não tenho a menor curiosidade de conhecê-lo. Não guardo mágoa nem rancor, mas não existe essa possibilidade. Acho que nem deveriam dar muito espaço para a atitude daquele maluco. A festa é para celebrar o que fiz na pista”, comentou.
“As duas até se envolveram com esportes na época do colégio, mas depois só passaram a correr de mim (risos!). Botei as duas para estudar”, orgulha-se o filho da pernambucana, de Afogados da Ingazeira, Aurora Maria da Conceição de Lima. “Minha mãe veio morar perto de mim. Na verdade, a maior distância para meus irmãos é de 150 metros, fácil de fazer essa distância. Só tenho uma irmã que está meio desgarrada, em Rondônia”, brincou. “Tenho sangue nordestino. Meu pai, José Cordeiro, era paraibano. É por isso que sou persistente e nunca desisti dos meus sonhos”, acrescentou.
HOMENAGENS
E as homenagens vieram de vários segmentos. Após sua aposentadoria – ocorrida na São Silvestre de 2008, o maratonista tornou-se padrinho da equipe paulista BM&F/Bovespa, que celebrou a data, presenteando o atleta. Neste mesmo dia em que foi à sede da BM&F, ele pegou a estrada com seu técnico e parceiro Ricardo D'Angelo com destino a Campinas/SP, onde também recebeu felicitações e premiou as crianças que fazem parte do Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima (fundado em 2007), que também possui núcleo na cidade paranaense de Campo Mourão. O ex-maratonista ainda faz parte do seleto grupo de Heróis do Atletismo, da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), além de atender compromissos com outros patrocinadores.
Principais títulos
Vice-Campeão Meia Maratona de Berlim, 1994
Campeão Maratona de Reims-França, 1994
Campeão Sul-Americano de Cross Country, Cali-Colômbia, 1995
Campeão Maratona de Tóquio, 1996
Prata Mundial de Revezamento em Maratona, Copenhagen, 1996
Vice-Campeão Maratona de Dong-A, Córeia do Sul, 1997
Vice-Campeão Maratona de Tóquio, 1998
Ouro nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, 1999
Vice-Campeão Maratona de Beppu-Oita, 2001
Campeão Maratona de São Paulo, 2002
Ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, 2003
Campeão Maratona de Hamburgo, 2004
Bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas, 2004