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ESPORTE PARALÍMPICO

A importância da cooperação das Américas para o paradesporto brasileiro

Comitê Paralímpico Brasileiro assina acordo de parceria com Chile, Equador e Peru no Parapan de Jovens de SP, que reúne futuros campeões do continente

postado em 27/03/2017 12:33 / atualizado em 27/03/2017 15:29

MPIX/CPB Divulgação
O futuro do esporte paralímpico americano esteve concentrado em São Paulo. Apenas seis meses após o Rio de Janeiro sediar as Paralimpíadas 2016 – as primeiras da América do Sul –, outra metrópole brasileira recebeu mais um grande evento do movimento paralímpico, desta vez, ligado a promessas de 13 a 21 anos de 20 países, que disputaram os Jogos Parapan-Americanos de Jovens. O evento composto por 12 modalidades representou também a oportunidade de estreitar laços com países vizinhos, especialmente os latinos. A aposta é que o desenvolvimento dos "hermanos" eleva o nível dos brasileiros.

”Quando podemos cooperar com esses países e eles trazem atletas de melhor nível para competir conosco, isso beneficia os nossos atletas”, avalia Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). O que refletiria em Jogos Parapan-Americanos, Sul-Americanos, Parapan juvenil mais competitivos. Para Parsons, até o Circuito Caixa, principal campeonato nacional, colheria frutos positivos, já que atrai vários competidores de nações latinas.

E a estratégia não se limita às trocas de experiências e conhecimentos somente durante as competições. No embalo do Parapan-Americano de Jovens, o Comitê Paralímpico Brasileiro assinou um acordo de parceria com os Comitês Paralímpicos de Chile, Equador e Peru com o intuito de estabelecer uma troca de informações técnicas e conhecimento organizacional. Na prática, técnicos, classificadores e oficiais técnicos do Brasil oferecerão treinamento com profissionais dos países envolvidos.

“Que bom que o Parapan de jovens está sendo no Brasil e que os países da América conseguiram enviar atletas. O nosso país vive uma crise e seria bem mais difícil se só houvesse competição na Europa, por exemplo”, comenta Yohansson Nascimento, campeão paralímpico de atletismo em Londres-2012. Portanto, fortalecer torneios na América pode refletir na diminuição da necessidade de levar os competidores brasileiros para Europa, Oriente, Estados Unidos ou Canadá com objetivo de intensificar a preparação. “No movimento paralímpico, ninguém cresce sozinho, ninguém vence sozinho”, resume Verônica Hipólito, medalhista de prata no atletismo na Paralimpíada do Rio-2016.

MPIX/CPB Divulgação


O Parapan-Americano de Jovens chega à quarta edição com participação recorde de atletas na primeira vez que o Brasil recebe o evento: 800 no total de 20 países diferentes. Um aumento considerável em relação à última edição, há quatro anos, em Buenos Aires, na Argentina, quando competiram 631 atletas de 16 países. Que, por sua vez, atraiu mais nações do que os dois primeiros eventos: em 2009, o Parapan de Bogotá, Colômbia, contou com 14 países; e o evento de Barquisimeto, Venezuela, com dez países.

Para o presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), Philip Craven, os Jogos Paralímpicos são a vitrine do movimento paralímpico. “Mas o coração é realmente em competições de jovens talentos”, pondera. “Ouve-se que as Américas vão crescer nos próximos Jogos Paralímpicos. A maneira que todas as nações se reuniram nos eventos recentes realizados no continente e trabalham juntas é a mensagem do movimento paralímpico.”

Americanos nas Paralimpíadas

Crescimento semelhante foi visto na participação entre os representantes americanos nos Jogos Paralímpicos, principal competição multiesportiva do movimento. Com toda a repercussão de um país americano sediar o evento, os Jogos do Rio-2016 contaram com participação recorde de 1.013 atletas. Maior do que em Londres-2016, quando 804 americanos disputaram; e do que em Pequim-2008, que levou 751 competidores das Américas ao evento.

O aumento quantitativo acaba se refletindo também no número de vezes que a bandeira de um país do continente americano é hasteada a cada ocasião em que um representante sobe ao pódio. Embora a conquista de medalhas entre atletas americanos tenha caído de 238 nos Jogos Paralímpicos de Pequim-2008 para 221 nos Jogos de Londres-2012.

Quatro anos mais tarde, na Rio-2016, o salto de rendimento seria mais expressivo: 274 medalhas de países americanos. “O recorde de atletas e nações participantes enfatiza o desenvolvimento do esporte paralímpico nas Américas e, especialmente, no Brasil nos últimos dez anos”, ressalta Philip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional.

Salto de rendimento brasileiro neste século

AFP
Neste século, o Brasil apresentou um salto de rendimento no esporte paralímpico. Nas Paralimpíadas de Sydney-2000, levou 22 medalhas, terminando na 24ª colocação geral no quadro de medalhas. Foi a partir de 2001 que o movimento paralímpico passou a receber verba pública prevista pela Lei N° 10.264, conhecida como Lei Agnelo/Piva, por meio do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Nos Jogos de Atenas-2004, o Brasil alcançou o 14º lugar no quadro de medalhas, após ter subido 33 vezes ao pódio.

No meio deste processo, o Brasil sediou os Jogos Parapan-Americanos do Rio-2007 antes dos Jogos Paralímpicos também no Rio, no ano passado. Tudo colaborou para que o país entrasse no top-10 nas Paralimpíadas de Pequim-2008, na nona colocação, e saltasse mais duas posições nos Jogos de Londres-2012. Para o evento sediado “em casa”, a meta de chegar ao top-5 não foi alcançada. Ainda assim, se tornou uma potência na América do Sul. Agora, para crescer mais, entende que depende do desenvolvimento dos vizinhos.