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Sonho da bola oval

Rúgbi de sete ganha atenção no Brasil com o bronze no Pan de Toronto e a estreia em Olimpíadas, no ano que vem. Mas o esporte ainda carece de apoio financeiro para deslanchar

postado em 16/08/2015 11:00

Jhonny Moises/Fotojump
No campo gramado de luz fraca no Bairro Estoril, em Belo Horizonte, cerca de 20 jogadoras, entre 15 e 35 anos, treinavam na noite da última quinta-feira, às vésperas de representar Minas Gerais em mais uma etapa do Campeonato Brasileiro Feminino de Rúgbi de Sete, em Florianópolis. Por causa do frio, muitas nem se arriscavam a tirar o moletom. Depois de alongamento e bate-papo com o treinador, a bola oval começou a correr de mão em mão, com alguns empurrões e muita correria em busca do try – o gol da modalidade, que ocorre quando um atleta consegue fincar a bola atrás na linha de fundo do adversário.

Elas defendem o BH Rugby, equipe mais antiga e tradicional do estado, que, desde a primeira edição do Campeonato Mineiro Feminino, em 2010, jamais perdeu uma partida. Segundo dados da Federação Mineira da modalidade, hoje são pouco mais de 100 praticantes federadas em Minas Gerais – ante cerca de 500 no masculino. O número pode ser maior, já que muitas atletas, especialmente no interior, não têm cadastro na entidade. Além de BH, Varginha e Ipatinga contam com equipes estruturadas. “A procura das mulheres é sazonal, depende muito do apoio para formar equipes. Em 2013, chegamos a organizar o Mineiro com 10 equipes, nove do estado e uma convidada. Este ano, são cinco, sendo que apenas quatro jogaram a última etapa”, explicou Breno Castilho, vice-presidente da entidade.

O BH Rugby, que também tem equipe masculina de rúgbi tradicional (com 15 jogadores), treina em campo cedido pelo UNI-BH. O time se mantém por meio de leis de incentivo ao esporte, patrocínios privados e da mensalidade de R$ 100 dos próprios atletas. Da equipe, já saíram duas jogadoras para a Seleção Brasileira: Manuela Abreu e Brenda Maia, que não permaneceram no time nacional por causa da exigência de morar em São Paulo.

APOIO “Com o fato de a Olimpíada ser no Brasil e o rúgbi ser um dos esportes estreantes, os apoiadores têm aparecido, mas ainda não é suficiente para pagar todas as contas. Viagens, material esportivo reforçado por causa do contato intenso, local de treino, tudo isso demanda investimento”, explica Janine Ávila, jogadora e manager da equipe. “Nós nos mantemos com as mensalidades e apoiadores. O UNI-BH nos cede o campo, o que já barateia bastante o custo”, afirma.

“Com a Olimpíada, a gente tem esperança de que melhore, especialmente em Minas. É um esporte relativamente barato, mas que tem custos para a organização dos eventos, como transporte, aluguel de campo e taxas”, comenta Breno. Segundo ele, o custo para organizar uma etapa do Estadual – que geralmente é feita em uma mesma cidade, com vários jogos, para baratear as despesas – gira entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. “Temos apoio de faculdades, que cedem campo e transporte, e de algumas empresas privadas. É um esporte que cresceu muito nos últimos seis anos, mas que tem muito mais a evoluir.”