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O DIA EM QUE FOMOS ATROPELADOS

Dramas x Esperança

Confira o especial completo da goleada da Alemanha sobre o Brasil no Mineirão

postado em 05/07/2015 12:02 / atualizado em 05/07/2015 09:45

Divulgação/MOWA PRESS

DECLÍNIO TÉCNICO

A goleada para a Alemanha por 7 a 1 representou uma renovação significativa para a Seleção Brasileira. Dos 23 jogadores inscritos para a Copa América, apenas sete estiveram no grupo que fracassou na Copa do Mundo: Jefferson, Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva, Fernandinho, Willian e Neymar. Outros três – Marcelo, Luiz Gustavo e Oscar – só ficaram de fora por causa de contusão. As mudanças, no entanto, surtiram pouco efeito até agora. Com a instabilidade de Roberto Firmino (foto) e Diego Tardelli, o Brasil está sem jogador de referência no ataque. Filipe Luís, Elias e Éverton Ribeiro fizeram torneio discreto no Chile. Das surpresas positivas, Miranda retornou como homem de confiança da zaga e Philippe Coutinho aparenta ser alguém que possa dividir a responsabilidade com Neymar.

Divulgação/MOWA PRESS

FALTA DE ATUALIZAÇÃO DOS TREINADORES


Enquanto quatro treinadores argentinos levaram suas seleções às semifinais da Copa América – Gerardo Martino (Argentina), Jorge Sampaoli (Chile), Ramón Diaz (Paraguai) e Ricardo Gareca (Peru) –, a Seleção Brasileira recorreu novamente a Dunga, que saiu do comando debaixo de críticas em 2010 e teve passagem sem brilho pelo Internacional em 2013. O gaúcho conseguiu 10 vitórias consecutivas em amistosos, mas fracassou na competição continental, caindo nas quartas de final (2 vitórias, 2 empates e 1 derrota). “(Dunga) só falhou em 45 minutos”, defendeu o coordenador da Seleção, Gilmar Rinaldi, durante a última semana. “Algumas pessoas que tiveram a segunda oportunidade mostraram que valeu a pena insistir, e ele vai mostrar”, garantiu. O presidente Marco Polo del Nero, que anda sumido, assegurou Dunga para as Eliminatórias.

Bruno Domingos / Mowa Press

CORRUPÇÃO NOS BASTIDORES


Durante a preparação para a Copa do Mundo, o futebol brasileiro passou por sua maior crise administrativa. Presidente da CBF desde 1989, Ricardo Teixeira renunciou ao cargo em março de 2012, depois de denúncias de corrupção e superfaturamento no amistoso Brasil x Portugal, em Brasília, em 2008. No ano seguinte, João Havelange, ex-sogro e padrinho de Teixeira, também renunciou aos cargos honorários que ocupava no COI, Fifa e CBF, envolto em denúncias de propina do caso ISL nos anos 1990. Teixeira foi sucedido pelo vice mais velho, José Maria Marin (foto), que, em maio último, foi preso na Suíça, juntamente com outros dirigentes, acusado de participar de esquemas de subornos e propinas na cúpula da Fifa. Na semana passada, o governo dos Estados Unidos pediu a extradição do cartola, que continua preso em Zurique.

Ricardo Stuckert/ CBF

DESORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA


Se os dirigentes brasileiros são alvos em escândalos mundiais, no âmbito caseiro a situação da CBF também não é das mais fáceis. O atual presidente, Marco Polo del Nero (foto), sofre pressão de dois lados: dos jogadores, que se organizaram, por meio do Bom Senso F. C., para cobrar melhorias no calendário, condições de trabalho e fairplay financeiro, entre outros itens; e dos clubes, que se dividem quanto à aprovação da Medida Provisória 671, a MP do Futebol: Flamengo, Fluminense e Bahia se manifestaram favoráveis, enquanto os demais e a CBF tentam mudanças no texto –principalmente sobre as restrições no uso de até 70% da arrecadação do clube com futebol.

AFP PHOTO

FALTA DE IDENTIFICAÇÃO


Os dois únicos amistosos que o Brasil disputou em casa depois da Copa mostraram que a relação fervorosa entre Seleção e torcida deu lugar à impaciência e à cobrança – o que deve se intensificar nas Eliminatórias. Depois da vitória sobre o México por 2 a 0, em 7 de junho, Dunga criticou a “paciência limitada” da torcida paulista. Quatro dias depois, em Porto Alegre, mesmo com o 10º triunfo em 10 jogos (1 a 0 sobre Honduras), o treinador teve de encarar as vaias da torcida, que não ocupou nem metade do Beira-Rio (22 mil dos 51,3 mil lugares). “Não esperávamos as vaias, porque estamos em casa, é final de temporada. Mas futebol é emoção. A torcida vai mais na emoção”, justificou o técnico.

Rafael Ribeiro / CBF

PERDA DE AUTOCONFIANÇA


O choro do então capitão Thiago Silva, que pediu para não cobrar pênalti contra o Chile nas oitavas de final da Copa, no Mineirão, é uma das imagens negativamente marcantes da atual geração da Seleção. Na Copa América, a instabilidade emocional voltou a assombrar a equipe, desta vez com a expulsão e exclusão de Neymar pela confusão generalizada depois da derrota para a Colômbia. Curiosamente, o camisa 10 havia herdado a braçadeira de capitão de Thiago Silva, que perdeu o posto de intocável com Dunga.

AFP PHOTO / RODRIGO ARANGUA

DEPENDÊNCIA DE UM JOGADOR


A suspensão de Neymar, aliás, revelou novamente a dependência da Seleção Brasileira, que perde a referência sem o atacante do Barcelona. Se a lesão na vértebra causada pela entrada do colombiano Zúñiga, nas quartas de final do Mundial, culminou com a goleada para a Alemanha por 7 a 1, a exclusão do craque na Copa América foi um dos fatores que levaram à eliminação precoce, mais uma vez diante do Paraguai, nas quartas de final. “Achei que depois da saída do Neymar todo mundo pudesse se fechar e mostrar que não dependia de um só jogador, mas isso não aconteceu”, criticou Zico, ex-camisa 10 brasileiro e um dos principais críticos do atual momento do time.

Divulgação/MOWA PRESS

NEYMAR


Para o bem ou para o mal, Neymar é o ponto de inflexão do atual momento da Seleção. Está sobre as costas do atacante do Barcelona, de 23 anos, as esperanças brasileiras de boa campanha nas Eliminatórias e do ouro inédito nos Jogos Olímpicos Rio'2016. Ao lado de Messi e Suárez, o atacante vive a melhor fase em três anos no Barcelona, fechando a temporada com os títulos do Espanhol, da Copa do Rei e da Liga dos Campeões – da qual foi um dos artilheiros, com 10 gols. Foram 39 gols em 51 jogos, que ajudaram o ex-santista a se consolidar no clube catalão. Na Seleção, desde o retorno de Dunga, o atacante marcou nove vezes em 11 partidas, chegando a 44 em 65 jogos com a camisa verde-amarela – quinto artilheiro da história, atrás de Pelé (77), Ronaldo (62), Romário (55) e Zico (48).

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