Gilmar Laignier
Enviado especial a Buenos Aires
Uma mistura de descrença e confiança. Pode parecer um paradoxo, mas essa é a sensação do torcedor do Cruzeiro para o jogo de hoje, às 22h, contra o River Plate, em Buenos Aires. A classificação emocionante contra o São Paulo parece ter motivado a torcida celeste, que comparecerá em grande número ao Monumental de Núñez para apoiar a equipe, apesar da irregularidade nesta temporada – são cinco derrotas nos últimos sete jogos.
Em Buenos Aires, o duelo dentro das quatro linhas divide os holofotes com as questões extracampo de segurança, já que os incidentes envolvendo a torcida do Boca Juniors no superclássico da semana passada ganharam repercussão mundial. Por conta disso, River Plate e autoridades argentinas tomaram todas as providências possíveis para que o jogo de hoje transcorra com tranquilidade. A prova é que o efetivo policial destacado para esse duelo pela Copa Libertadores é recorde: 1.650 profissionais envolvidos na segurança.
Saiba mais
Para se ter uma ideia da proporção, no primeiro duelo entre River e Boca Juniors pelas oitavas de final da Libertadores, disputado no Monumental, 1.200 homens de todas as forças de segurança foram envolvidos no trabalho. Já na Bombonera, na partida de volta, foram solicitados 1.200 policiais federais e contratados 450 seguranças privados.
O brasileiro Fábio Vieira trabalha como segurança privado em um hotel de Buenos Aires há quatro anos. Ele era Policial Militar em São Paulo antes de se mudar para a capital argentina, para viver com a ex-esposa. Segundo ele, os “barras bravas” são muito fanáticos e agressivos, mas a criminalidade entre as torcidas organizadas brasileiras é ainda maior. “Não volto para o Brasil porque aqui é uma cidade ótima para se viver, muito menos violenta. Há os barras bravas, mas é algo muito restrito. Acho que o jogo será muito tranquilo”, diz o segurança santista, que torcerá pelo Cruzeiro hoje à noite.
Todos os ingressos destinados à torcida do River Plate foram comprados. Já os cruzeirenses, que já tinham esgotado pacotes de dois voos fretados, poderão adquirir mais dois mil bilhetes hoje, entre 12h e 18h, nas bilheterias do Club Defensores de Belgrano, Calle Comodoro Rivadavia (c/ Avenida Libertador), 1450, Bairro Núñez. Ao todo, são mais de 60 mil entradas comercializadas para o jogo.
Dentro de campo, é esperado um duelo marcado por jogadas duras e marcação forte. Foi com essa disposição que o River derrotou o Boca no primeiro jogo das oitavas de final e segurou o empate nos 45 minutos do jogo da volta. A escalação contra o Cruzeiro deve ser praticamente a mesma das oitavas. O lateral-direito Mercado e o atacante Teo Gutiérrez voltam ao time, enquanto o atacante Driussi, o mais afetado pelo gás de pimenta na Bombonera, está fora.
Já o Cruzeiro deverá ser exatamente o mesmo que eliminou o São Paulo nos pênaltis. O técnico Marcelo Oliveira disse na último domingo que pretendia “manter a receita” que deu certo contra o São Paulo: marcar no campo de ataque para evitar sufoco na defesa.
Na noite de quarta-feira, Marcelo Oliveira comandou o treino de reconhecimento do gramado do Monumental e a imprensa já teve uma noção do rigor da segurança. Jornalistas ficaram 30 minutos fora do estádio até passarem por uma triagem. Um repórter de Governador Valadares foi barrado por não ter feito o credenciamento. Na atividade, o treinador cruzeirense ainda orientou finalizações e bolas aéreas ofensivas e defensivas.
FICHA TÉCNICA
River Plate
Marcelo Barovero, Gabriel Mercado, Jonatan Maidana, Funes Mori e Vangioni; Carlos Sánchez, Ponzio, Kranevitter e Ariel Rojas (Gonzalo Martinez); Teo Gutiérrez e Rodrigo Mora.
Técnico: Marcelo Gallardo
Cruzeiro
Fábio; Mayke, Manoel, Bruno Rodrigo e Mena; Willians, Henrique, Arrascaeta, Marquinhos e Willian; Leandro Damião.
Técnico: Marcelo Oliveira
Data: Quinta-feira, 21 de maio/2015
Horário: 22h
Local: Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires (ARG)
Árbitro: Enrique Osses (Chile)
Auxiliares: Carlos Astroza (Chile) e Marcelo Barraza (Chile)
