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Brasília prepara revolução e se reúne com "cabeça" da parceria Palmeiras-Parmalat

De comando novo, finalista do Candangão busca alternativas para se fortalecer

postado em 22/04/2015 10:14 / atualizado em 22/04/2015 12:30

Marcos Paulo Lima /Correio Braziliense

Minervino Junior/CB/D.A Press

Uma reunião nesta quarta-feira (22/4) com José Carlos Brunoro pode dar início a um processo gradativo de revolução na gestão do Brasília Futebol Clube. O empresário é ex-técnico de vôlei e foi o homem-forte do Palmeiras nos anos 1990, na era dourada em que o clube paulista teve o patrocínio da multinacional Parmala. O executivo da Brunoro Sports Business está na cidade para um encontro com Luis Felipe Belmonte, o novo acionista majoritário do colorado (96%).

Belmonte é ex-advogado do proprietário do Brasiliense, Luiz Estevão e mestre do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal (UDV) — sociedade religiosa com sede no Brasil e filial em Londres, na Inglaterra. Ele mantém conversas, ainda, com a Victrix Sports Entertainment. A empresa comandada pela brasileira Daisy Brandino tem escritórios em São Paulo, em Goiânia, em Zurique, na Suíça, e em Dubai, no Catar. A firma gerencia a carreira de dezenas de jogadores. Um deles, Fernandinho, é titular do Manchester City, da Inglaterra, e da Seleção Brasileira. O portfólio inclui ainda a dupla sertaneja João Lucas & Marcelo e o ex-piloto de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi.

Reprodução
A assinatura dos contratos dependia, principalmente, da classificação do Brasília para a final do Candangão. O empate por 1 x 1 na terça-feira garantiu o colorado na decisão contra o Gama. Um dos times, ou até mesmo os dois, podem disputar a Série D. Nos bastidores, a Federação Brasiliense de Futebol (FBF) tem implorado ao novo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, uma segunda vaga para o DF na quarta divisão. Mal posicionada no ranking da entidade, a capital do país tem direito, hoje, a apenas uma "senha", reservada ao vencedor da. Consultado pela reportagem, o Departamento Técnico da CBF reafirmou que apenas um clube candango participará da competição. Portanto, se houver acréscimo será por desistência ou, mais provável, arranjo político.

Copa Sul-Americana

Independentemente da conquista do Candangão, a nova cúpula do Brasília pensa em montar um time forte, ao menos, para a disputa da Copa Sul-Americana. Vencedor da Copa Verde em 2014, o clube disputará o torneio continental da Conmebol no segundo semestre. "O projeto é para o próximo ano, mas, se já conseguirmos resultados favoráveis em 2015, anteciparemos o cronograma em uma temporada. Se ganharmos o Candangão, vamos preparar um time para se classificar para a Série C. Com isso, em 2016, abriríamos vaga para que outro time da cidade dispute a Série D", projeta, à reportagem, o presidente Luis Felipe Belmonte. "Tenho uma reunião com o Brunoro para definir se ele assume ou não a gestão do clube, mas essa parceria está bem encaminhada", confia, com ironia aos boatos de que árabes assumiriam a gestão do Brasília. "Asseguro que não tem xeque nenhum", ri.

Em caso de conquista do Candangão e vaga na Série D, a divisão das responsabilidades ficaria assim: a Victrix seria responsável por fortalecer o elenco do Brasília com jogadores administrados pela empresa. Em contrapartida, José Carlos Brunoro cuidaria da gestão do clube e seria uma espécie de homem-forte, isso porque Luis Felipe Belmonte viaja regularmente a Londres para compromissos religiosos e quer um nome de peso e confiança à frente do clube. Ex-presidente do Brasília, Roberto Marques é outro braço direito do novo mandatário.

Colher de chá

Facebook/Reprodução
Além de ser advogado, Luis Felipe Belmonte é mestre do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal (UDV). A sociedade religiosa foi homenageada recentemente em uma sessão solene na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Por sinal, ele foi designado pela UDV para o trabalho de legalização do uso do chá Hoasca na Europa. A ingestão da bebida faz parte da liturgia nos encontros dos membros da UDV.

Neste início de temporada, Belmonte tornou-se uma espécie de Messias para o Brasília. Endividado, o clube pensou em seguir o mau exemplo do Samambaia e desistir até mesmo de disputar o Campeonato Candango. Abdicar da disputa do Campeonato do DF seria um vexame para quem venceu uma arrastada batalha no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra o Paysandu-PA pelo título da Copa Verde. Abandonar a competição colocaria em risco a movimentada agenda na temporada.

Discretamente, Luis Felipe Belmonte começou a costurar a tomada do poder em janeiro, conseguiu as garantias financeiras para o clube cumprir a agenda no campeonato do DF, na Copa do Brasil, na Copa Verde e na Copa Sul-Americana, e espera, agora, implantar a nova administração. "Quero fazer do Brasília uma equipe qualificada no cenário nacional", vislumbra Belmonte.