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Larissa pode parar após ouro olímpico

Em entrevista ao Correio, brasileira do vôlei de praia aponta o título olímpico como a conquista que busca na carreira e o motivo de ter voltado a jogar

postado em 02/07/2015 11:51

Vítor de Moraes /Correio Braziliense

Jorge William/Agência O Globo
A torcida brasileira, acostumada aos gritos de “Juliana” nas arquibancadas do vôlei de praia, terá de decorar outro nome para incentivar nos Jogos Olímpicos de 2016: “Talita”. Em caso de confirmação de vaga no evento, é ela quem estará ao lado de Larissa e não a companheira de longa jornada da atleta capixaba na modalidade.

A dupla Juliana/Larissa ficou junta por oito anos e colecionou conquistas: bronze em Londres-2012; hexacampeonato do Circuito Mundial; pentacampeonato do Circuito Brasileiro; ouro, prata e bronze em campeonatos mundiais; ouros (dois) em Jogos Pan-Americanos.

A nova parceria também promete. Até agora, em 100 partidas, Larissa/Talita somam 92 vitórias, 61 delas consecutivas.

As Olimpíadas do Rio podem representar o fim da carreira de Larissa, desta vez definitivamente — ela se aposentou em dezembro de 2012, mas voltou às areias em julho de 2014. “(E encerrar), aí, sim, com chave de ouro”, disse a atleta ao Correio, por e-mail, da Holanda.

Larissa disputa o Circuito Mundial em busca da melhor posição no ranking da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), um dos critérios de escolha das duplas de 2016. A melhor parceria fica com uma vaga. A outra será decidida pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), segundo “critérios técnicos, físicos, experiência etc.”, como explica a assessoria de imprensa da entidade.

O sonho de Larissa de ser mãe ficou para depois dos Jogos. Casada com a também jogadora Lili Maestrini, de quem herdou o sobrenome (Lili incorporou o “França”), ela tentou engravidar duas vezes, sem sucesso.

Em 2012, decidiu dar uma pausa na carreira para cuidar do casamento e tentar a inseminação artificial. Além da tristeza por não ter conseguido ter filhos, a atleta incomodou-se com a ideia de estrangeiras faturarem o ouro nas Olimpíadas. “Eu não ia voltar, mas ver as americanas ganhando um jogo me fez pensar que elas viriam para a nossa casa buscar mais uma medalha”, explicou. Confira a entrevista com a jogadora.


Como é a relação com Juliana? Vocês ainda se falam com frequência?
A minha história com a Juliana foi de um time vencedor. Nós nos encontramos muito nas competições e sempre estamos nos falando. Existe muito respeito e admiração de ambas as partes.

O brasileiro associou muito você a Juliana. Acha que já conseguiu dissociar isso?
A história da dupla Larissa e Juliana foi vitoriosa e guardo cada momento, cada conquista com carinho. Mas agora é Larissa e Talita. Esse é o meu novo time, é por ele que me empenho 100%. Os resultados que tivemos fizeram as pessoas olharem para nós de uma maneira especial. Isso acaba ajudando a fazer todos entenderem que agora estou vivendo um novo momento, com uma nova parceira. Tenho certeza de que em 2016, se conseguirmos essa vaga, as pessoas saberão que a dupla é Larissa e Talita, e estarão lá torcendo pela gente.

Quando decidiu voltar a jogar, você pediu para formar dupla com a Talita. Por que ela?
Coloquei o objetivo de formar um time competitivo para brigar por medalha em 2016. Em cima disso, analisei quais jogadoras poderiam me ajudar. Formar uma dupla com a Talita foi motivador. Além da grande jogadora que ela é, o fato de ter de começar um novo desafio seria muito motivador para mim. Sou movida a desafios. Tudo isso me fez escolher a Talita — claro, além de toda a qualidade dela como atleta.

Reprodução/Facebook


De que forma o período sem jogar ajudou você?

Eu precisava desse tempo para mim. Cuidar do meu casamento, da minha família... Jogar profissionalmente significa abrir mão de muita coisa, principalmente de estar ao lado das pessoas de quem gosto, já que viajo muito. Acho que essa parada foi fundamental para eu me dar esse espaço e voltar com força total agora. Nesse tempo, cuidei mais de mim e de tudo de que gosto, foi importante para eu perceber uma série de coisas que me fazem hoje uma pessoa e uma atleta melhor.

O que fazer para que os motivos que levaram você a se aposentar não surjam novamente?
Não penso nisso. Parei consciente do que queria e não me arrependo. Eu não ia voltar, mas ver as americanas ganhando um jogo me fez pensar que elas viriam para 2016 jogar na nossa casa e buscar mais uma medalha. Isso me fez querer voltar para ganhar essa medalha e encerrar, aí, sim, a minha carreira com chave de ouro. Foi o empurrão que faltava para reacender a vontade de jogar novamente.

Ainda planeja ser mãe? Quando?
Sim, esse é um desejo muito grande meu. Mas, isso só para depois de 2016.

Você e Talita optaram por não disputar o Pan-Americano. Por quê?

O Pan será disputado entre duas etapas do Circuito Mundial. Elas contam para o ranking que definirá as representantes brasileiras em 2016. Como nosso objetivo é a Olimpíada, tivemos de abrir mão de jogar o Pan para focar no que queremos. Mas estou feliz em ver a Lili e a Carol Horta representando o Brasil. Estarei na torcida por elas.

A dupla caiu para o nono lugar no ranking da FIVB (3ª melhor parceria brasileira). Isso preocupa vocês na corrida por vagas nos Jogos?
Não, porque o ranking que define as representantes brasileiras para 2016 é outro, feito pelo CBV. E, nesse, estamos bem colocadas (líderes). Claro que sempre buscamos estar na frente, mas o que acontece é que fizemos uma programação voltada para a classificação olímpica, por isso abrimos mão de jogar algumas etapas do Circuito Mundial. Essa nona colocação no ranking acaba acontecendo por conta disso, mas estamos focadas em nosso objetivo e conseguindo atingir o que planejamos.

Que papel as Olimpíadas podem ter no futuro da sua carreira?
Foi o que me motivou a voltar a jogar. Estou me dedicando muito para ganhar o ouro em 2016; esse é o meu objetivo, esse é o planejamento, mas antes temos de conquistar a vaga nos Jogos. Penso sempre no objetivo mais próximo, claro, sempre com a meta final na cabeça. Então, agora, por exemplo, o que quero é lutar para conquistar o Campeonato Mundial aqui na Holanda.

Atualmente, qual é a melhor dupla do mundo?
Todas as duplas são fortes. Aqui, no Circuito Mundial, é visível isso, sabemos que cada jogo é uma batalha. Não podemos focar apenas em uma ou duas duplas como as adversárias a serem batidas. A parceria que focamos é sempre a próxima que vamos enfrentar. E quando entramos em quadra, sabemos que temos de dar sempre o nosso melhor. Se fizermos isso, os resultados aparecerão.

O que falta na sua carreira? Aonde você quer chegar?
O ouro olímpico é o que quero em 2016. Esse é o meu objetivo maior e estou me preparando muito para isso.