Vôlei
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NÃO QUER PARAR

"Paro quando quiser"

Destaque do Minas na Superliga, veterano diz que ainda não pensa em aposentadoria

postado em 05/05/2013 08:47

Glaydston Rodrigues/EM/D.A Press

Ele virou uma espécie de símbolo do time de vôlei do Minas. Chegou desacreditado, criticado pela idade – hoje está com 39 anos –, mas deu a volta por cima ao se tornar um dos destaques da equipe nas duas últimas edições da Superliga, quando foi um dos principais responsáveis em levar o clube duas vezes às semifinais. “Paro quando quiser. Não são os outros que vão decidir por mim”, diz, quando questionado sobre a aposentadoria. A resposta é direcionada a quem duvida de sua produtividade. Foi chamado de velho, mas mostrou que é igual a vinho, pois foi um dos melhores levantadores da última edição da competição. Casado com Raquel e pai de Pedro (que nasceu durante a Olimpíada de Pequim, em 2008) e Marcela, ele fala sobre a carreira nesta entrevista ao Estado de Minas.

Como foi que você começou a jogar vôlei?
Nasci no Rio de Janeiro, tinha 13 anos e jogava na seleção carioca mirim de futsal. Um dia, fui ver o treino do Flávio, meu irmão, que jogava vôlei no Clube Israelita Brasileiro (CIB), em Copacabana. Aí, me convidaram e resolvi experimentar. Deu certo, pois gostei logo de cara. Virou meu sonho, meu objetivo.

Sua primeira convocação foi ainda na base...
Em 1993, fui convocado para a Seleção Brasileira Juvenil. Aí, não parei mais. O Ricardo Navajas me levou para o Suzano nesse mesmo ano, eu tinha apenas 17 anos. Lá, me encontrei com meu ídolo, o Maurício, com quem tive o prazer de jogar uma Olimpíada, a de Sydney, em 2000.

Ele foi seu espelho?
Ele sempre foi o meu exemplo. Fomos campeões em Suzano. Depois, ele saiu. Ganhei e perdi dele. Era muito difícil jogar contra o Maurício. Mas eu tinha um grande desafio, que eu mesmo criei: tinha de vencê-lo.

Vendo as jogadas que ele fazia, você se cobrava mais...
Ficava observando as jogadas dele e pensava: este é o levantador que eu quero ser. Tenho de conseguir fazer o que ele faz. Mas não me torturava quando jogava contra ele. Tentava, sim, aproveitar tudo. Cada jogada que eu via, tentava aprender, repetir. Foi também um incentivo muito grande jogar primeiro no mesmo time que ele e depois enfrentá-lo.

O que mais o marcou no começo da carreira?
No começo era tudo diferente do que ocorre hoje. Sonhava em jogar num time que tivesse ônibus, que viajasse de avião. Lembro que nesse começo nós nem nos reuníamos antes dos jogos. A gente anotava o endereço do ginásio, pegava um ônibus e todos se encontravam na porta, onde recebíamos o uniforme e trocávamos de roupa. Por isso, valorizo muito a origem de cada um e a luta para continuar a jogar.

Quando você disputou sua primeira Superliga?
Em 1993, com o Suzano. O torneio ainda não se chamava Superliga. Foi quando comecei a ganhar espaço. Decidimos contra o Palmeiras, do Renan, Gílson, Talmo, Jorge Édson. Perdíamos por 2 a 0 quando entrei. Era um jogo decisivo. Se perdêssemos, a decisão seria em São Paulo. Mas entrei e viramos a partida. Fomos campeões em casa.

Quem mais jogava nesse time?
O time tinha um monte de craques, como Giovane, Max, Janélson. Tinha também dois estrangeiros, o norte-americano Brian Ivie e o russo Ruslan Olikhver. Na temporada seguinte, voltei para o Rio de Janeiro, defendendo o Olympikus.

E quando foi para o exterior?
Em setembro de 1999, fui para o Iveco Palermo, da Itália, que era um time modesto da Sicília. Joguei com o Luca Cantagali e Vigor Bovolenta. Tinha também um cubano, Angel Dennis, e um holandês, Hendrik Held. Chegamos aos playoffs do Italiano e eliminamos o Sisley Treviso, que tinha liderado o campeonato de ponta a ponta, mas não fomos campeões.

E a volta ao Brasil?
Voltei na temporada 2000/2001. Vim jogar pela primeira vez em Minas, no Vasco, que criou um time em Três Corações. Foi bom, porque sou vascaíno no futebol. Olikhver, Giovane e Max também estavam na equipe. Fomos campeões cariocas e terceiros na Superliga. Depois, voltei para a Europa, para jogar no Panathinaikos, da Grécia. No retorno, fui para o Unisul, de Santa Catarina, onde fui campeão da Superliga novamente, na temporada 2003/2004.

Quando chegou à Seleção Brasileira Adulta?

Fui convocado pela primeira vez em 1997 pelo técnico Radamés Lattari e disputei os Jogos Olímpicos de Sydney'2000. Mas só virei titular depois da briga do Bernardinho com o Ricardinho. Fui titular em Pequim’2008 ganhando a medalha de prata. Um ano antes, ganhamos o ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio’2007.

Você chegou a viver uma grande decepção no vôlei?
Nenhuma.

Nem a passagem pelo Pinheiros, quando foi acusado de não se empenhar?
Não. O Pinheiros, na verdade, foi o que me possibilitou estar no Minas, no qual sou extremamente feliz. Aqui voltei a viver num grupo verdadeiro, em busca de um só objetivo.

O MEDALHISTA

Ouros
Mundial Juvenil (1993)
Liga Mundial (2001, 2004, 2005, 2006 e 2007)
Mundial Adulto (2002 e 2006)
Copa do Mundo (2003 e 2007)
Copa dos Campeões (2005)
Jogos Pan-Americanos do Rio (2007)
Superliga Nacional (1996/1997, com o Suzano; 1998/1999, com o Telesp; e 2003/2004, com a Unisul-SC)
Copa Europeia (2011, com o Sisley Treviso-ITA)

PRATAS
Jogos Pan-Americanos de Winnipeg (1999)
Liga Mundial (2002)
Jogos Olímpicos de Pequim (2008)

BRONZES
Liga Mundial (1999 e 2000)
Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo (2003)
Superliga Nacional (1999/2000, com o Vasco, de Três Corações; 2011/2012 e 2012/2013, com o Minas)

PRÊMIOS INDIVIDUAIS
Melhor Levantador da Superliga nas temporadas 1996/1997 e 1998/1999