Bob Faria: 'Brasil mostrou o futebol que a gente gosta de ver' (Foto: Gladyston Rodrigues/EM/DAPress)



Chegou então a fase de mata na Copa. A Copa das zebras, a Copa das vitórias improváveis que fazem do futebol o esporte mais imprevisível do mundo.



É muito natural que, à medida que a coisa vá se afunilando, a margem de possibilidades para os azarões vá diminuindo e quem tem mais preparo não só técnico, mas emocional vá ganhando confiança.
 
Vimos um bravo Japão sucumbir ao vice-campeão do mundo, vendendo muito caro sua eliminação. Mas na hora de decidir, nos pênaltis, faltou pernas e concentração. Apesar de ter, como a maior parte das seleções, a base do seu time jogando na Europa, ainda não foi dessa vez que os Samurais avançaram.

Goleada do Brasil


Sobre o jogo do Brasil, é obvio que agora, depois do resultado, fica fácil concordar. Mas vi muita gente questionando a opção do Tite em colocar o Neymar desde o início do jogo. Bem, eu já concordava desde o anúncio de que ele seria titular. O que, neste momento, já não faz nenhuma diferença, mas só queria registrar.




Quanto às soluções que o treinador achou para o sistema defensivo, acho que foram perfeitas. Militão mais uma vez se saiu muito bem, Danilo atuou na esquerda como se fosse sua posição de origem e a contenção de meio campo muito sólida.
 
Isso dito, vitória incontestável do Brasil. Antes dos 10 minutos, já tinha definido o rumo da pavimentação do caminho da Coreia de volta para casa. No primeiro gol, me chamou a atenção a calma, a tranquilidade, a frieza, chame como quiser, do Vini Júnior para bater na bola. Dominou como se estivesse sozinho na área, enquanto um exército coreano se atirava em sua direção e bateu como se não houvesse ninguém à sua frente. Golaço.
 
O pênalti (ok... vamos combinar que foi meio maroto...) mas desequilibrou ainda mais o time sul-coreano. E Neymar bateu com requintes de crueldade. Bola lenta, esperando à la Ronaldo, que o goleiro decidisse por ele o que fazer. O goleiro dobrou as pernas e ele fez sem modéstia nenhuma.



 
O terceiro foi uma síntese do melhor futebol brasileiro. O futebol que a gente gosta de ver. Começou na pressão alta, na inspiração do Paquetá pela direita, na triangulação na entrada na área, e a forma como o Richarlison ataca o espaço por dentro para fuzilar pro Gol é simplesmente lindo.

Daí pra frente, o passeio estava até sem graça. O que vimos foi uma Coreia do Sul absolutamente desanimada, diante de um adversário não só confiante, mas inspirado.

Enquanto o Brasil desfilava, se dando ao luxo de deixar Paquetá pisar na área, a defesa de vermelho afundava, e o deixava livre para acertar o belo chute que me derrubou no bolão (Eu tinha cravado 3 x 0!). 4 x0 só no primeiro tempo...




Raphinha foi o melhor em campo.

O resto já é história.

Permitam-me fazer um breve momento de reverência ao Rei do futebol. Sua Majestade Pelé, primeiro e único, está enfrentando um dos adversários mais difíceis de sua vida, porque é um adversário ardiloso, que não tem escrúpulos nem ética, que não respeita as leis do jogo e que age silenciosamente. Mas como sempre, estamos na torcida para que ele, assim como já fez milhares de vezes, também passe por essa. Vida longa ao Rei.