Felipão deixou o Cruzeiro em janeiro deste ano (Foto: Gustavo Aleixo / Cruzeiro)


O comentarista Paulo Cobos, da ESPN Brasil, disse que o presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, acertou ao "recusar os delírios" do técnico Luiz Felipe Scolari, que queria as contratações de jogadores consolidados no mercado para a atual temporada. O dirigente celeste destacou que o clube não possui condição de trabalhar pagando altos salários e poderia fazer apenas apostas.



"Fez muito bem. Tudo que o Cruzeiro, afundado em uma das maiores crises financeiras da história de um clube brasileiro, não poderia fazer agora é atender os delírios de Felipão e pagar salários de R$ 400 mil para um jogador", disse o comentarista, em seu blog na ESPN.

"Não adianta dizer que o time precisa fazer isso para voltar à primeira divisão. O Cruzeiro vai ter que retornar à elite com o que pode pagar (o que é muito pouco). Se Juventude e Cuiabá podem fazer isso, o gigante mineiro também pode", frisou Cobos.

Durante a última semana, Felipão disse que deixou o Cruzeiro por diferenças com o dirigente. "O presidente tem umas ideias um pouco diferentes das minhas. Ele gosta de futebol, adora futebol, tem dedicação, mas algumas coisas no Cruzeiro têm que ser modificadas, não sei se ele vai conseguir. Se ele conseguir, pode ser que o Cruzeiro dê os primeiros passos para esta recuperação. Eu entendia que se não fosse da forma que a gente tinha apresentado, a gente não conseguiria. E ele tem outra forma, outro procedimento. Era melhor que a gente terminasse como terminou. Ficou o Cruzeiro na Série B e neste ano vai tentar subir", disse o treinador, ao programa Grande Círculo, do SporTV.



Sérgio Rodrigues afirmou que não podia contratar os jogadores pedidos por Felipão. "Com o Felipão não houve divergência de ideias, mas sim de execução. Eu mesmo falei a ele, quando vi a entrevista, porque ele virou para nós para renovar e disse que precisava de jogadores da lista dele. E havia jogadores que estão na Série A, titulares em seus times, jogadores que estão no exterior, que ganham o equivalente a 60, 70 mil dólares, com o dólar nesse preço, ganham lá fora R$ 400 mil. Eu falei pra ele que o projeto era inexequível", esclareceu o mandatário, em entrevista à Rádio Itatiaia.

"Eu também acho que jogadores que ele apresentou são essenciais para o Cruzeiro e ajudariam muito, ele achou isso, que sem esses jogadores o Cruzeiro não subiria. Eu tentei explicar para ele que esses jogadores estavam além do que o Cruzeiro poderia contratar. Nossa divergência foi essa, não foi na forma ou na ideia. Eu também concordo com ele, seriam jogadores essenciais, só que eu preciso brigar com as armas que me são permitidas", argumentou.


CruPix


O comentarista ainda criticou o CruPix, canal de doações para o clube.



"O Cruzeiro não pode gastar esse dinheiro, mas também não deve seguir na rotina de ficar suplicando ajuda para seus torcedores. A última ideia foi pedir para os cruzeirenses doarem dinheiro para ajudar o clube a pagar os salários. Isso agora via Pix, a nova forma de pagamentos do país", escreveu Cobos.

"O tal CruPix teve números, como quase sempre ocorre nesse tipo de campanha, decepcionantes. Em quatro dias, segundo a diretoria cruzeirense, o clube arrecadou R$ 33.579,82, o que não paga nem salário de jogador padrão Série B. Foram 3.540 doadores, com valor médio de R$ 9,49. Vaquinhas para pagar dívidas podem funcionar para clubes pequenos. Não vai ser assim que o Cruzeiro sairá do buraco", destacou.