Marcelo Moreno deixou o Cruzeiro e agora é reforço do Cerro (Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro )

O comentarista André Kfouri, da ESPN, elogiou a gratidão de Marcelo Moreno pelo Cruzeiro e destacou que é bonito ver essa relação entre torcida e jogador, mesmo em um futebol cada vez mais voltado às relações capitalistas. Nessa quarta-feira, chegou ao fim a terceira passagem do atacante Marcelo Moreno pelo clube. Maior artilheiro estrangeiro do clube, com 54 gols em 147 jogos, o boliviano de 34 anos acertou sua transferência para o Cerro Porteño, do Paraguai, por duas temporadas.  

"Ele (Marcelo Moreno) sabe seu momento de carreira, tem perfeita noção do que é capaz de fazer. E demonstrou a gratidão daquilo que aconteceu na apresentação, mostra a relação de um jogador com o clube, do jogador com uma camisa, com uma torcida, que são coisas bonitas de se ver no futebol. Eu não gosto de bater nesta tecla de que 'é só negócio e que tem muito frieza, todo tipo de emoção de um jogador que se declara a um distintivo é porque tem interesse por trás, ou porque é uma imagem que não é verdadeira', Eu me recuso a acreditar neste tipo de coisa, eu compreendo o lado do negócio e da relação meramente profissional, mas o Marcelo Moreno ainda mostra que existem ligações afetivas", disse Kfouri, durante o SportCenter.




Marcelo Moreno iniciou a sua história no Cruzeiro em março de 2007, quando teve os direitos adquiridos por US$ 400 mil (R$ 830 mil na época) por empresários, que repassaram 40% sem custos à Raposa. O então garoto de 19 anos havia contribuído para o acesso do Vitória à Série B, em 2006, ao marcar 12 gols na Terceira Divisão.

A estreia de Marcelo pelo Cruzeiro foi na derrota por 3 a 0 para o Corinthians, na segunda rodada do Campeonato Brasileiro de 2007, no Mineirão. Apesar do placar, ele deixou boa impressão ao entrar na etapa complementar e cabecear uma bola no travessão.


No decorrer da Série A, Moreno ganhou oportunidades com o técnico Dorival Júnior e terminou o ano com seis gols em 14 partidas. A Raposa obteve a classificação para a fase preliminar da Copa Libertadores ao alcançar a quinta colocação no Brasileirão.




Na temporada 2008, Moreno virou a referência no ataque e anotou 15 gols em 22 jogos. Campeão mineiro com direito a gols nos dois jogos da decisão contra o rival Atlético (vitórias por 5 a 0 e 1 a 0), o boliviano também se destacou na Libertadores, na qual dividiu a artilharia com o paraguaio Salvador Cabañas, com oito gols.

Em maio de 2008, Marcelo Moreno foi vendido ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, por US$ 9 milhões, e o Cruzeiro teve direito a 40% do valor. Posteriormente, vestiu as camisas de Werder Bremen, da Alemanha, e Wigan, da Inglaterra, até ser comprado por quase R$ 15 milhões pelo Grêmio, em 2012.

Foi o Grêmio quem emprestou Marcelo ao Cruzeiro em uma época de alegrias para a torcida. Em 2014, o boliviano contribuiu para o título brasileiro ao marcar 15 gols em 32 partidas - mesmo número de Ricardo Goulart (26 jogos). No geral, fechou o ano com 24 gols em 57 jogos, ganhando também o estadual no primeiro semestre.




Em 2015, Marcelo Moreno saiu do Cruzeiro e foi negociado pelo Grêmio para jogar na China, onde ficou até janeiro de 2020. Em cinco anos, fez 55 gols em 100 partidas: Changchun Yatai (22 gols em 53 jogos), Wuhan Zall (25 gols em 34 jogos) e Shijiazhuang Ever Bright (oito gols em 13 jogos).

Em fevereiro de 2020, Moreno afirmou ter abrido mão de R$ 50 milhões de salários a serem recebidos na China para regressar ao Brasil com a missão de ajudar o Cruzeiro no acesso à Primeira Divisão Nacional. Porém, o time foi mal nas duas edições da Série B: 11º em 2020, com 49 pontos, e 14º em 2021, com 48.

Se por um lado o camisa 9 não repetiu os bons momentos na Toca, por outro se tornou protagonista da Bolívia. Nos últimos dois anos, ele esteve 19 vezes em campo pela seleção e anotou 12 gols. O ótimo rendimento deu origem à tese (em tom de brincadeira) de que o sucesso de Marcelo em La Verde se dá pelo uso do sobrenome Martins.