Kabiru Nasiru, 25, nasceu em Gana e desfilou com a camisa do Atlético em Doha (Foto: João Vitor Marques/Superesportes)



A pauta era outra. O sol de 35 graus que iluminou Doha durante todo o dia na estação mais fria do ano já tinha ido embora. O desafio: encontrar um refresco com uma das cervejas mais baratas da cidade em meio à proibição da bebida no entorno dos estádios durante a Copa do Mundo no Catar.







Em frente ao bar, uma multidão animada tomava as ruas em uma espécie de carnaval fora de época. Mas ninguém estava ali pelo álcool. As centenas de ganeses dançavam e cantavam em apoio à seleção, que acabara de chegar ao hotel ali por perto. Entre as tantas camisas do país, uma chamou a atenção. A do Clube Atlético Mineiro.

Sobre o fundo bege, os traços de cada um dos 853 municípios mineiros, o escudo alvinegro e uma frase em referência ao hino: "Uma vez até morrer". Quem a vestia não sabe falar português. Kabiru Nasiru, 25, nasceu em Gana e atravessou o continente africano de Leste a Oeste até chegar ao Oriente Médio para apoiar a seleção. Mas, nesta sexta-feira (18), decidiu deixar o uniforme ganês guardado para usar o atleticano.

"Eu gosto da camisa, gosto do time e gosto do design. Eu não conheço o time, mas eu gosto do design. Eu comprei em Gana e tenho três modelos do Atlético. Tenho a listrada, a branca e a preta também", disse Kabiru, que é segurança e também se apresenta como jogador de futebol.




O modelo que o ganês vestia foi desenhado por Lucas Adriano de Sousa, inspirado no mapa de Minas Gerais. A peça ganhou o concurso 'Manto da Massa' em 2021 e rapidamente se tornou um sucesso de vendas. Foram 120 mil unidades vendidas, com arrecadação bruta de aproximadamente R$ 24 milhões. O lucro chegou a cerca de R$ 7 milhões, descontados os preços de produção e entrega dos produtos.

Kabiru Nasiru: 'Eu gosto da camisa, gosto do time e gosto do design' (Foto: João Vitor Marques/Superesportes)


Mas a peça também atravessou os mares. Kabiru a comprou em Gana e a exibe com orgulho aos compatriotas. Em meio às danças animadas, fica o sonho de ver a seleção avançar na Copa do Mundo num grupo que ainda tem Portugal, Uruguai e Coreia do Sul.

Mas, mais do que isso, a certeza de viver ao máximo o Mundial. "É uma coisa fantástica o que está acontecendo aqui. Os jogadores acabaram de chegar e estamos aqui para vê-los. Mas nós também estamos aproveitando o momento", vibrou.