Rogério Ceni dirigiu o Cruzeiro em oito jogos no ano passado (Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


Rogério Ceni voltou a falar sobre sua passagem pelo Cruzeiro. Em entrevista ao SporTV, o treinador disse que não poderia se sujeitar aos desejos dos jogadores para deixar o clima no vestiário positivo. Na Toca da Raposa II, Ceni teve problemas com os atletas mais experientes do elenco, como o lateral Edilson e o meia Thiago Neves. Sem ambiente favorável, ele foi demitido do clube por Itair Machado, então vice de futebol, e hoje indiciado pela Polícia Civil pelos crimes de apropriação indébita, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.




Ceni disse que não se arrependeu de ter dirigido o Cruzeiro. "Não me arrependo. Foi uma grande experiência na minha vida. E você tem que passar por grandes experiências para poder vencer. Acho que isso faz parte da vida. Você está na rede Globo é muito mais fácil você recusar uma proposta de uma outra emissora. Eu tinha como meta a Copa do Brasil, foi o único torneio que eu não ganhei como jogador na minha carreira. E o Cruzeiro estava em uma semifinal da Copa do Brasil, apesar do resultado adverso contra o Internacional, perdeu o primeiro jogo por 1 a 0. E, além disso, eu conhecia o Cruzeiro de treinar, o Cruzeiro tem um belíssimo centro de treinamentos, estrutura ótima".

Rogério Ceni disse que faltou aos jogadores do Cruzeiro, em especial aos mais experientes, mais comprometimento de aceitar as escolhas do treinador.

"Os atletas tentaram fazer o seu melhor. É claro que muitos atletas mais rodados querem jogar e você não consegue acomodar todos em um time. Se eu fosse acomodar todos no time - eu não tenho preconceito nenhum em relação à idade, hoje o Fortaleza é o time com mais jogadores acima de 30 anos no Brasil -, agora eu não posso me submeter à vontade das pessoas para manter um clima bom no vestiário. Clima bom de vestiário é aquele no qual todos desejam vencer, compreendem as necessidades, aceitam ficar no banco de reservas, aceitam entrar no segundo tempo". 

"Eu adoro o grupo, trato eles como se eu ainda jogasse, cumprimento eles todos os dias, mas eu não posso me ajustar às pessoas, eu tenho modelo de jogo, que vejo como os jogadores se encaixam, faço minhas escolhas. Agora, não vou me submeter a algumas coisas para me manter no cargo. Quando vejo que algumas coisas não dão certo, ou você tem que sair ou você tem que ser demitido, como foi", completou. 




Rogério Ceni culpou um dirigente do clube - ele não citou nome, embora estivesse se referindo ao então vice de futebol Itair Machado - pelo rebaixamento e disse que, se tivesse continuado, a Raposa ainda estaria na Série A do Campeonato Brasileiro.

"A grande culpa do Cruzeiro era de uma pessoa que comandava o clube, porque o clube é bom de se trabalhar, clube ótimo, tradicionalíssimo. Mas não se tornou o momento certo para ir (para o Cruzeiro). Se eu estivesse lá até hoje, o clube até poderia estar em crise financeira, mas estaria jogando a Série A do Campeonato Brasileiro".