Wagner Pires de Sá pode ser expulso do Conselho do Cruzeiro (Foto: Igor Sales/Cruzeiro E.C.)


O Conselho Deliberativo do Cruzeiro decidirá nesta segunda-feira se o ex-presidente Wagner Pires de Sá será excluído do quadro social do clube. A reunião está marcada para 19h, no ginásio do parque esportivo do Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.




Os portões da Rua Guajajaras, nº 1722, serão abertos às 17h30 e fechados às 19h. A votação terá a participação de conselheiros beneméritos, natos e efetivos do Cruzeiro. O acesso será feito com a carteira do clube, e os que ainda não receberam o passaporte poderão retirá-lo no local.

De acordo com o Cruzeiro, os presentes na reunião extraordinária vão acompanhar a leitura completa do relatório sobre o ex-dirigente, e, em seguida, a defesa poderá se pronunciar. Depois, haverá a votação fechada na qual os conselheiros vão responder, em cédula, sobre a perda do mandato.

No fim, a Comissão de Fiscalização acompanhará a apuração e divulgará o resultado. No dia da votação, o clube do Cruzeiro do Barro Preto estará fechado para as atividades dos associados e as escolas de esportes. A votação para a exclusão de Pires de Sá não será aberta à imprensa.




Wagner será julgado por seus pares, entre outros motivos, por eventual "falta de natureza grave" cometida ao longo do mandato. Ele esteve no cargo entre entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019, quando renunciou ao lado de seus dois vices, Hermínio Lemos e Ronaldo Granata.

O ex-presidente renunciou ao cargo um ano antes do término de seu mandato sob denúncias de irregularidades administrativas. Ele dirigiu a Raposa durante a campanha que resultou no rebaixamento celeste ao final do Brasileirão 2019.

Wagner Pires de Sá e Itair Machado em entrevista no dia 27 de maio de 2019 para explicar denúncias de corrupção na gestão do Cruzeiro exibidas no Fantástico, da TV Globo (Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro)



Wagner responde na Justiça por três possíveis crimes na gestão do Cruzeiro: falsidade ideológica, apropriação indébita e formação de organização criminosa. Seus dois homens de confiança eram o ex-vice-presidente de futebol, Itair Machado, e o ex-diretor geral, Sérgio Nonato.


O mandato de Pires de Sá foi marcado por gastos exacerbados com salários, serviços terceirizados, comissões e cartões corporativos. Em dois anos, a dívida total do clube saltou de R$400 milhões para mais de R$1 bilhão.

Segundo relatório da Kroll, empresa especializada em consultoria de riscos, as despesas de Wagner superaram R$1,18 bilhão no biênio 2018/2019 - 53% a mais que os R$770 milhões na 'era' Gilvan de Pinho Tavares, em 2016/2017.

O modus operandi trouxe um título da Copa do Brasil (2018) e dois do Campeonato Mineiro (2018 e 2019), porém resultou na queda à Série B, em 2019, e mergulhou o clube em uma crise financeira sem precedentes.

A situação financeira do Cruzeiro ficou tão complicada que a solução encontrada foi a criação da Sociedade Anônima do Futebol para atrair investidores. O ex-jogador Ronaldo Fenômeno tem acordo para adquirir 90% das ações por um aporte de R$ 400 milhões nos próximos anos.