Alexandre Mattos disse que atacante foi oferecido por Ronaldo (Foto: Divulgação / Athletico-PR)


O CEO de negócios do Athletico, Alexandre Mattos, disse que o atacante Vitor Roque foi oferecido ao clube paranaense por Ronaldo e Paulo André, principais integrantes da SAF do Cruzeiro, durante uma ligação na manhã do último domingo (10). A pedida da Raposa era de R$ 40 milhões pela promessa de 17 anos. Na ocasião, Mattos procurou o empresário André Cury e soube que o atleta sairia do clube pelo valor da multa, R$ 24 milhões. Sendo assim, o dirigente do Furacão resolveu fazer o negócio com o agente e ficar com a joia celeste. 



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"No domingo agora, recebo uma ligação do telefone do Ronaldo junto com o Paulo André. Eles estavam tentando fazer uma contratação de um jogador que pertence ao Athletico, o Jajá. Mas ele tinha um acordo para ir ao Bahia, e eles me pediram para eu ajudar. Eu falei: 'não posso obrigar o menino a ir, alguém tem que convencer ele a ir para o Cruzeiro. Eu empresto, mas ele está me dizendo que tem um compromisso com o Bahia'. Neste momento, o Ronaldo e o Paulo André viraram para mim dizendo: 'Alexandre, você quer comprar o Vitor Roque?'. Eu falei: 'Ronaldo, quero. Mas você está falando em milhões de euros [isso foi falado em uma conversa anterior entre eles]'. Ele falou: 'faça o seguinte, me pague R$ 40 milhões e me empresta o Zé Ivaldo e o Jajá. Ronaldo me falou isso ao telefone, domingo, dia 10, às 10h30. Falei: 'Ronaldo, acho um pouco acima do meu orçamento, mas eu vou conversar com o Petraglia, quem sabe eu te faço uma contraproposta e a gente pode tentar'. Ele disse algo como parcelar os R$ 40 milhões, alguma coisa assim", disse Mattos, em entrevista à rádio 98FM.

"Eu liguei para o meu presidente Petraglia e disse: 'você lembra aquele jogador fenômeno do Cruzeiro, 17 anos?' Ele respondeu: 'Sim, lembro, claro'. Eu falei: 'O Ronaldo está querendo o Jajá. O Jajá não quer ir. Ele está querendo envolver o Jajá aqui no negócio do menino por R$ 40 milhões'. Petraglia disse que era muito e perguntou se a gente conseguiria melhorar o preço. Falei para a gente fazer uma proposta. Ele perguntou se o menino tinha interesse de vir para cá. Falei que o André Cury é o responsável pela participação na venda do jogador, ele levou o jogador do América para o Cruzeiro. A nota do Cruzeiro fala de ética, né!? Quando pegaram o jogador na mão grande do América ninguém falou de ética, né! Mas liguei para o André Cury às 11h30", acrescentou.

Mattos disse que ouviu do empresário André Cury que Vitor Roque sairia do Cruzeiro na segunda-feira, porque dois clubes estavam interessados no jogador e pagariam a multa de R$ 24 milhões. O dirigente do Furacão então convenceu o estafe de Roque de que o Furacão era a melhor opção.




"'André, o Cruzeiro me ligou agora querendo vender o Vitor Roque, dá para a gente fazer um acordo? O menino quer sair do Cruzeiro?'. Resposta do André Cury: 'Alexandre, o menino amanhã vai sair do Cruzeiro'. Aí ele me falou de dois clubes, um de São Paulo e outro do Rio Grande do Sul, que não vou dizer por questão ética, porque eles iriam pagar a multa. Falei: 'como assim pagar a multa?'. Ele disse que a multa era de R$ 24 milhões. Falei com o Petraglia e ele me falou na mesma hora que não podemos pagar mais que a multa, empresta o Jajá e o Zé Ivaldo e só paga a multa. Liguei na mesma hora para Paulo André e Ronaldo dizendo que a multa é R$ 24 milhões. Eles me falaram que não era. Se não é, eu não sei. O empresário me falou que era R$ 24 milhões. O Ronaldo disse que ia pensar. Depois me ligaram falando em fazer um acordo, deixar R$ 16 milhões com o Cruzeiro e acertar com o América direto; o menino tem 20%. Queria ainda que pagasse salário de Jajá e Zé Ivaldo e deixar 10% de vitrine". 

"Passei tudo para o Petraglia. O Ronaldo ligou para o Petraglia durante a tarde, o Paulo André e eu estávamos na mesma ligação. O Petraglia disse que não poderia pagar a mais porque era a multa e não tinha como justificar internamente que estava comprando um jogador por um valor maior do que a multa. Ficou um silêncio e não nos falamos mais. Por volta de 21h, de 22h, o empresário comunicou ao Cruzeiro que ia fazer a rescisão unilateral. Eu falei que queria. Aí tive que convencer o André e o Sandro, ex-volante do Cruzeiro, que são empresários dele, de que o melhor caminho era o Athletico, porque somos um clube que coloca os jovens para jogar. E fizemos um acordo. Na segunda, tentamos fazer um acordo, falei com Ronaldo que íamos pagar a multa, não tem nada de ilegal nisso, é o que está em contrato. Ele disse que beleza, que achava que não era R$ 24 milhões. Posteriormente à rescisão, eles entraram com direito de transferência. Quando se fala na nota que usei de saber do contrato, é faltar com a verdade, eu não sabia do contrato. Quando trabalhei no Cruzeiro, estava em Boston-EUA, fazendo tudo com maior carinho", concluiu.

Cruzeiro


Em nota oficial divulgada na noite de terça-feira (12), o Cruzeiro comentou, pela primeira vez, a transferência de Vitor Roque, de 17 anos, para o Athletico-PR. O clube disparou, principalmente contra André Cury, agente do jogador, e Alexandre Mattos, que passou pela Toca II no fim do ano passado, e agora exerce a função de CEO do Furacão.




"Não nos assusta o fato de tal processo ter sido articulado por André Cury e Alexandre Mattos, ex-diretor de futebol do Cruzeiro - que hoje exerce cargo similar no Athletico Paranaense. É notório que ele faz uso das informações contratuais que carregou do Cruzeiro em benefício de seu novo empregador", escreveu a Raposa.

"Atitudes repugnantes como a deste grupo vão absolutamente na contramão do profissionalismo que torcida e amantes do futebol esperam, ainda mais em um momento de fortalecimento da indústria do futebol com a ideia de criação de uma Liga Brasileira. Essa é a hora que os clubes precisam de diálogo e de entendimento e não de relações estremecidas", complementou.

NOTA OFICIAL DO CRUZEIRO SOBRE CASO VITOR ROQUE
O Cruzeiro Esporte Clube, em sua nova gestão, tem como princípio a transparência em todos os temas relevantes à sua torcida, imprensa e ao universo do futebol. Por isso vimos a público dar luz aos fatos que envolvem o atleta Vitor Roque.




Ao longo de todo o mês de março, a diretoria de futebol estabeleceu diversas conversas e negociações com os agentes André Cury e Francisco Rocha, caminhando para a formalização do novo vínculo com o ajuste salarial pretendido por eles para a renovação do Contrato de Trabalho do atacante. Entretanto, em vias de finalizar o negócio, as respostas obtidas começaram a se tornar esparsas e evasivas.

O Cruzeiro, verificando a obscena e já conhecida falta de ética de André Cury, mas determinado em contar com o atleta, e no exercício do seu direito de renovação do primeiro contrato de trabalho previsto pela Lei Pelé, foi diligente e formalizou sua proposta com protocolo do documento na Federação Mineira de Futebol.

Porém, na noite de domingo (10/4), o atleta se negou a renovar o Contrato Especial de Trabalho Desportivo com o clube, informando expressamente sua intenção de rescindir unilateralmente, supostamente por meio da realização do pagamento da cláusula indenizatória contratual prevista no art. 28, § 1o, I da Lei Pelé. Nesta terça-feira (12/4), através de liminar na Justiça do Trabalho foi registrada a rescisão no sistema da CBF.




Em se confirmando tal pagamento - ainda não disponibilizado ao clube - tratará de um equívoco técnico do atleta, de seu staff e do clube por trás da contratação. O Club Athletico Paranaense terá depositado em juízo quantia menor do que o previsto no § 11 do Art. 29 da Lei Pelé, que toma por base os salários ofertados pelo Cruzeiro Esporte Clube ao atleta.

Não nos assusta o fato de tal processo ter sido articulado por André Cury e Alexandre Mattos, ex-diretor de futebol do Cruzeiro – que hoje exerce cargo similar no Athletico Paranaense. É notório que ele faz uso das informações contratuais que carregou do Cruzeiro em benefício de seu novo empregador.

Atitudes repugnantes como a deste grupo vão absolutamente na contramão do profissionalismo que torcida e amantes do futebol esperam, ainda mais em um momento de fortalecimento da indústria do futebol com a ideia de criação de uma Liga Brasileira. Essa é a hora que os clubes precisam de diálogo e de entendimento e não de relações estremecidas.




Lamentamos que o atleta, extremamente mal assessorado, tenha embarcado para o Paraná optando por violar seu contrato de trabalho ainda vigente e abandonado sem autorização seu ofício. Aproveitamos para tornar público o nosso repúdio pelas práticas amadoras adotadas por André Cury.

De qualquer forma, o Cruzeiro Esporte Clube, com tranquilidade e conhecedor de seus direitos, não hesitará em adotar todas as medidas necessárias para preservá-los.