Conselheiros do Cruzeiro aprovaram com ressalvas o balanço de 2021 (Foto: Marcos Vieira/EM D.A Press)


O Conselho Deliberativo do Cruzeiro aprovou com ressalvas o balanço do exercício de 2021 em reunião na noite desta sexta-feira, no clube do Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O documento aponta dívida de R$ 970 milhões e déficit acumulado de R$ 1 bilhão. Dos 59 presentes no encontro, 54 votaram favoravelmente e cinco foram contrários.



A base para opinião com ressalva da auditoria Moore foi a falta de “evidências apropriadas e suficientes para confirmar os valores registrados em 31 de dezembro de 2021 relativos a salários a pagar (R$ 17,377 milhões), 13º salário a pagar (R$ 8,803 milhões), FGTS a recolher (R$ 17,257 milhões) e INSS a recolher (R$ 1,843 milhão)”.

No demonstrativo de 2021, o Cruzeiro informou uma receita líquida de R$ 138,7 milhões e um custo das atividades de R$ 176,9 milhões.

Considerando despesas operacionais administrativas, pessoais, comerciais, tributárias e de provisão para contingências,o déficit do exercício fechou em R$ 113 milhões.

Segundo o clube, os principais efeitos negativos do balanço foram:

  • R$ 60 milhões de gastos com pessoal do Futebol Profissional
  • R$ 32 milhões como provisões para contingências
  • R$ 28 milhões de custo de acordos/indenizações de processos judiciais
  • R$ 25 milhões de atualização de juros/empréstimos

Com relação ao endividamento de R$ 970 milhões, a gestão do presidente Sérgio Santos Rodrigues atribuiu o crescimento aos acordos realizados com atletas que não integravam mais o elenco, às variações cambiais das dívidas na Fifa e aos juros de empréstimos.




Dívida do Cruzeiro:

  • 2021: R$ 970 milhões
  • 2020: R$ 898 milhões
  • 2019: R$ 804 milhões
  • 2018: R$ 533 milhões
  • 2017: R$ 371 milhões

Apesar do cenário econômico devastador em 2021, a Raposa elevou seu faturamento em R$ 20 milhões, sobretudo pela alienação do imóvel situado em frente ao clube da Pampulha, na Rua das Canárias, bairro Santa Branca, por R$ 13 milhões. O valor de R$ 138,7 milhões superou com folga os R$ 118,8 milhões de 2020.

Considerando somente a arrecadação com atividade desportiva profissional, o Cruzeiro obteve R$ 115,7 milhões, montante ligeiramente inferior aos R$ 116,1 milhões apurados em 2020. Entram nessa conta direitos econômicos, publicidade e transmissões, patrocínios e royalties, sócio-torcedor e outras fontes do futebol.

  • R$ 20,3 milhões - direitos econômicos
  • R$ 44,2 milhões - publicidade e transmissões de TV
  • R$ 37,6 milhões - patrocínios e royalties
  • R$ 2,38 milhões - bilheterias
  • R$ 7,29 milhões - sócio-torcedor
  • R$ 3,8 milhões - outras receitas

Em abril de 2022, o ex-jogador Ronaldo assinou a compra de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol do Cruzeiro por um investimento de R$ 400 milhões - R$ 50 milhões de aporte inicial e R$ 350 milhões por capital próprio e/ou receitas incrementais baseadas na média apurada com o futebol de 2017 a 2021 (R$ 220 milhões).



  • 2021: R$ 115.729.000,00
  • 2020: R$ 116.123.000,00
  • 2019: R$ 267.554.320,00
  • 2018: R$ 318.857.150,00
  • 2017: R$ 283.382.276,45

  • Média: R$ 220.329.149,00

Assim, caso a gestão do empresário eleve os ganhos para R$ 300 milhões, será como se ele adicionasse R$ 80 milhões além dos R$ 220 milhões.

A tendência é que o clube atinja a quantia somente a partir do retorno à Série A, tal como ocorreu em 2018, quando faturou R$ 318,8 milhões.

Em março, o estafe de Ronaldo e o banco XP (representante do Cruzeiro) ajustaram alguns pontos do contrato, como a impossibilidade de venda das ações a um terceiro por um período de cinco anos ou até complementar os R$ 400 milhões, e o licenciamento da marca do clube à SAF, com pagamento de royalties à associação civil após quitada a dívida.

O Fenômeno ainda assumirá o passivo tributário da instituição, de R$ 180 milhões e com parcelas superiores a R$ 1 milhão até 2032, tendo como contrapartida as propriedades das Tocas da Raposa I e II.

A lei da SAF determina a destinação de 20% das receitas do clube-empresa para o abatimento de dívidas da associação civil em um prazo de seis anos, prorrogáveis por mais quatro em caso de liquidação de 60% do débito original.