Mineirão não recebe futebol desde novembro do ano passado (Foto: Divulgação/Minas Arena)


Maior palco do futebol no estado, o Mineirão ultrapassou a marca de 100 dias sem receber jogos de futebol masculino. A última partida no Gigante da Pampulha ocorreu em 10 de novembro do ano passado, quando o Atlético venceu o Cuiabá, por 3 a 0, pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro. Desde então, o estádio não viu a bola rolar - exceção feita à final do Estadual Feminino, no dia 19 de novembro de 2022. O jejum será encerrado no clássico entre Galo e América, pela 7ª rodada do Estadual.





O duelo entre Alvinegro e Coelho está marcado para o sábado (25/2), às 16h30. Ao todo, o Gigante da Pampulha ficará 107 sem futebol masculino, maior período de privação desde a reinauguração do estádio, em fevereiro de 2013.

Nem o intervalo de tempo em que o Mineirão ficou reservado para sediar a Copa do Mundo foi tão grande quanto agora. Em 2014, o estádio chegou a ser fechado por quase um mês (21 de maio a 14 de junho) para passar pelos ajustes finais antes do primeiro jogo do Mundial em Belo Horizonte, a vitória da Colômbia por 3 a 0 sobre a Grécia.

Observação triste para os amantes do futebol em Minas Gerais é o fato de o Mineirão ser o único estádio reformulado para a última Copa do Mundo no Brasil que ainda não recebeu partidas nesta temporada.



Dugout


Até estádios em locais onde o futebol não prosperou tanto, como o Amazonas e o Rio Grande do Norte, já sediaram jogos. A Arena Amazônia e a Arena das Dunas já receberam duelos dos campeonatos locais, prestigiando os clubes desses estados.

Dificuldade de acordos


A explicação para a abstinência vivida no Mineirão em 2023, temporada na qual Minas Gerais voltará a ter três clubes na Série A do Campeonato Brasileiro, passa pela dificuldade enfrentada pela concessionária Minas Arena para fechar acordos com os clubes.

O estádio só não virou um 'Elefante Branco', expressão utilizada para classificar algo valioso e sem utilidade, pela agenda de shows, que inclusive tem complicado a realização de alguns jogos.




Logo no início do ano, o Mineirão estava impossibilitado de receber os jogos da primeira rodada do Campeonato Mineiro porque foi palco do Summer Times Festival, no dia 22 de janeiro. O evento contou com a apresentação de grandes artistas, como o cantor havaiano Jack Johnson, e ocorreu no gramado.


Outras datas também estão indisponíveis para o futebol. Prova disso é que o estádio não estará liberado para receber o primeiro jogo da final do Campeonato Mineiro, marcado para 1º de abril.

Nesse mesmo dia, o Gigante da Pampulha sediará o 'Buteco do Gusttavo Lima', que trará a BH o cantor mineiro de Presidente Olegário que dá nome ao espetáculo. Esse evento foi marcado com muita antecedência, justifica a Minas Arena, que só conheceu a tabela do Estadual em 28 de novembro do ano passado, quando houve a divulgação pela Federação Mineira de Futebol (FMF).  

Além disso, o jogo do Atlético que pode selar a vaga na fase de grupos da Copa Libertadores deve encontrar o Mineirão parcialmente bloqueado. Caso elimine o Carabobo, da Venezuela, o Galo enfrentará o vencedor do duelo entre o Universidad Católica, do Equador, ou o Millonarios, da Colômbia, pela terceira fase da competição internacional. 



A Conmebol agendou a partida de volta para a semana do dia 15 de março - se avançar, o Galo decidirá em casa por ter melhor posição no ranking da Conmebol. Três dias depois, no sábado (18/3), o Mineirão receberá a gravação do DVD 'Luan City 2.0', do cantor Luan Santana. O evento, que terá grande investimento, será realizado dentro do campo e está com ingressos quase esgotados.

Para esse caso, a Minas Arena alega que precisa saber quando será o jogo do Atlético e diz que uma possível saída é usar o estádio com setores bloqueados, como já foi feito em 2022. 

A empresa que administra o estádio justifica que hoje Cruzeiro e Atlético não assinaram contrato e estão negociando seus jogos de forma isolada com a empresa. Assim, não há bloqueio na agenda do Mineirão.




Dugout

Sem jogos programados no estádio, a Minas Arena precisa buscar eventos porque o desempenho da concessionária (ocupação do estádio) é um dos fatores que influenciam na remuneração da empresa, que recebe repasses do governo estadual todos os meses.

Apesar disso, a administradora explica que o Mineirão estava disponível em três dos quatro jogos realizados pelo Cruzeiro na primeira fase do Campeonato Mineiro. E dos três que o Galo atuou no Independência, em um o estádio estava liberado.

Rompimento com o Cruzeiro


Outro motivo para a ausência de jogos no estádio é o rompimento entre Cruzeiro e Minas Arena. No dia 23 de janeiro, o empresário Ronaldo Nazário, dono de 90% das ações da SAF da Raposa, anunciou que não chegou a um acordo com a administradora do estádio.




"Este ano damos como rompida nossa relação com a Minas Arena. Não jogaremos nenhum jogo no Mineirão neste ano. Eu acho que é um problema importante que o Governo de Minas Gerais precisará resolver", disse o empresário.


"As condições (da Minas Arena, concessionária que administra o estádio) sempre foram horríveis para o Cruzeiro. A Minas Arena tem um contrato muito confortável com o governo, em que eles têm todas as armas nas mãos para fazer boas negociações para eles e nunca boa para gente", complementou.

No dia 27 de janeiro, o Cruzeiro anunciou acordo com o América para mandar seus jogos no Independência nesta temporada. A Raposa alega que os custos serão bem menores em relação aos do Mineirão. Além disso, o clube terá direito a valores com vendas em bares. Por outro lado, deve perder em arrecadação nos grandes jogos e afetará negativamente o programa de sócio-torcedor.




Atlético e Arena MRV


O Atlético mandará sua primeira partida no ano no Mineirão neste fim de semana. O Galo tampouco assinou contrato com a Minas Arena em 2023. Apesar disso, o clube pretende usar o Gigante da Pampulha nos grandes jogos desta temporada. A mudança para a Arena MRV está prevista para ocorrer a partir do mês de agosto.