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Após derrota para o Internacional, técnico Mano Menezes anuncia saída do Cruzeiro

Treinador comunicou desligamento do clube depois de três anos no comando

postado em 08/08/2019 00:15 / atualizado em 09/08/2019 15:44

<i>(Foto: Ramon Lisboa/EM D.A Press)</i>
Mano Menezes anunciou sua saída do comando do Cruzeiro depois da derrota desta quarta-feira para o Internacional, por 1 a 0, no Mineirão, pelo jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil. A sequência de oito jogos sem vitórias e gols foi determinante na interrupção do trabalho do treinador. Ele concedeu entrevista coletiva na sala de imprensa do estádio ao lado do diretor de futebol Marcelo Djian e do gerente de futebol Marcone Barbosa.




“Pelo quórum, o pessoal está com o instinto bom. Gostaria juntamente com o Marcone e o Marcelo comunicar oficialmente que a gente interrompe o trabalho à frente do Cruzeiro nesta noite, porque a gente entendeu que era o momento de fazer isso, de que nós não poderíamos estender mais essa fase difícil. Muito mais que uma fase difícil que o Cruzeiro vem apresentando, porque são 18 jogos e uma vitória. A gente sabe que isso no futebol não se sustenta. A decisão parte de uma consciência de que as coisas podem piorar, e elas não podem piorar. Hoje, o torcedor teve uma reação que para mim é fundamental para com o técnico: o torcedor da gente não pode achar que a gente é burro, porque o burro vem aos 47 do segundo tempo hoje, amanhã ele vem aos 30, e isso vai numa continuidade afetar a equipe, e eu tenho muito respeito pelo Cruzeiro. Não vou permitir que isso atrapalhe ainda mais este momento difícil que o clube e a equipe vem atravessando. A série de jogos, a maneira como a gente está perdendo, as coisas que acontecem como aconteceram hoje diz que algo precisa ser mudado. Então a conversa foi neste nível e nós entendemos que deveríamos vir aqui fazer este comunicado para o torcedor do Cruzeiro. É isso que estamos fazendo. Acho que não temos muito a falar a respeito disso”.

Mano agradeceu à diretoria pela confiança depositada em seu trabalho e negou qualquer atrito interno na Toca da Raposa II. “Eu não acho que a direção do Cruzeiro tenha me derrubado. Eu acho a saída justa. Um conjunto de 18 jogos você vencer uma partida, você não pode continuar conduzindo um trabalho. Treinador tem que ter essa ideia e essa noção clara. E foi por isso que tomei essa iniciativa de conversar com eles já no domingo e hoje novamente. Para eles evitarem um constrangimento que não temos que passar. Temos que nos respeitar, eu respeito muito o Cruzeiro, gosto das pessoas com quem trabalhei esse tempo todo, e nós não vamos perder o respeito e a consideração, porque o resultado não vem. Quando o resultado não vem em uma série tão grande como essa o trabalho precisa ser interrompido. E o treinador precisa ter o respeito pelos seus jogadores, porque o treinador vive de uma teoria de futebol. E essa teoria é, na prática, executada pelos seus jogadores dentro do campo. Na medida em que o resultado não vem, muitas vezes essa teoria perde confiança, e o próprio treinador perde confiança. E quando você começa a perder esta confiança, você não consegue defender com a mesma confiança, tão ecessária para você ter a reação que o Cruzeiro precisa ter. Então, é simples, claro, cristalino e justo que se faz esta interrupção neste momento”.

Também na coletiva, Marcelo Djian comentou a saída do treinador. “Essa decisão foi tomada em conjunto, como o Mano acabou de dizer para vocês. No último domingo, após o jogo contra o Atlético, a gente já tinha conversado, como ele havia passado para vocês. E na ocasião a gente achou que não era o momento dele sair. Hoje, com mais um resultado negativo e com esta análise que ele fez e que a gente estava fazendo, nós realmente achamos que sim. Por mais que nós temos um carinho enorme pela pessoa dele e como profissional, um treinador que ganhou quatro títulos aqui, nós agora resolvemos interromper e trazer um novo profissional”.

<i>(Foto: Ramon Lisboa/EM D.A Press)</i>

Segundo Djian, como a saída de Mano não estava inicialmente nos planos, o Cruzeiro será comandado por um interino no duelo contra o Avaí, domingo, às 16h, no Estádio da Ressacada, em Florianópolis, pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro. “Este profissional ainda não existe, porque nós não estávamos pensando em acabar agora, mas será um treinador interino. Não sei se será um auxiliar ou um treinador do sub-20, mas será um treinador interino contra o Avaí em Santa Catarina”.




Longevidade

Mano conduziu trabalho longevo no Cruzeiro. Ele foi contratado em 26 de julho de 2016, com a missão de salvar o clube do rebaixamento no Brasileiro após a saída do português Paulo Bento. Deu certo. O time saltou da 19ª colocação, na 16º rodada (15 pontos), para a 12ª, ao término da competição (51 pontos). Nos anos seguintes, o comandante colheu os frutos do bom trabalho e se tornou especialista em torneios de mata-mata. Foram duas conquistas da Copa do Brasil, em 2017 e 2018, além de dois títulos estaduais, em 2018 e 2019.

Graças aos três anos consecutivos de trabalho, Mano Menezes alcançou a quarta posição entre os técnicos que mais dirigiram o Cruzeiro, com 235 partidas. Contando os números da primeira passagem, no segundo semestre de 2015, foram 112 vitórias, 69 empates e 54 derrotas. A Raposa marcou 333 gols e sofreu 205.

Entretanto, conforme admitido pelo próprio treinador, os maus resultados recentes tiveram peso para o fim da 'era Mano Menezes'. Nos últimos 18 jogos, o Cruzeiro empatou oito e perdeu nove. A única vitória foi conquistada sobre o Atlético, por 3 a 0, no Mineirão, pelo jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil, em 11 de julho.

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Culpa dividida?

“Não cabe a mim fica dividindo parcela. Eu tenho que assumir a minha. Eu era o técnico do Cruzeiro, eu deveria assumir esta parcela e assumi. É lógico que se entendêssemos que deveria continuar, havia clima para continuar. Não havia problema de relacionamento, nenhum que não permitisse a continuidade. A relação não está parada aí, a questão está parada que os resultados não estão vindo, e não estão vindo há bastante tempo, a última vitória que tivemos foi a vitórias no clássico pelas quartas de final da Copa do Brasil aqui. E sempre está faltando um detalhezinho aqui, aí você coloca A e o torcedor quer B e sempre quem não está dentro parece ser a solução, e não é verdade. Quando isso tudo está muito aglutinado e contido no mesmo ambiente, o treinador tem que entender que é hora de interromper o trabalho”.

Xingamentos da torcida

“Não me incomodou. Achei justo o xingamento. Não ganha, não ganha, não ganha, o sujeito que escala, escolhe jogadores e toma decisões não está sendo competente. Longe de mim achar que o torcedor tem que ser passivo nesta hora. Ele está vendo o clube dele do coração sofrer como está sofrendo em campo, a reação dele é passional. Eu só entendo que na medida em que você estende isso, a tendência é aumentar. E isso não tem sentido nenhum. Eu gosto do Cruzeiro, gosto do torcedor. Passamos momentos muitos bons, tivemos conquistas significativas e eu quero que isso perdure pela vida. E então a decisão tem a ver com isso também. Mas o balanço é bom, três anos com quatro títulos, é um bom desempenho”.

Perfil do substituto

“Não cabe a mim fazer análise dos profissionais que têm no mercado. Seria antiético fazer qualquer tipo de observação ou análise. Claro que existem profissionais capacitados para que o Cruzeiro saia dessa situação, da mesma maneira que eu vim aqui duas vezes e saiu. A situação não está na competência ou na incompetência. A situação está em uma ideia nova, chegar com a cabeça arejada e que não vivenciou esses problemas que eu vivenciei. Porque o técnico escolhe caminhos e quando você escolhe caminho, tem filosofia e ideias claras, para você voltar a vencer é mais difícil. É quase impossível. Para outro treinador, que chega com novas ideias, ele não precisa voltar para lugar nenhum. Ele vai implantar a sua maneira de ver e a sua maneira de dirigir este grupo, e o Cruzeiro vai sair desta também. Boa noite e muito obrigado”.

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