Quem conheceu Salomé e sua casa, no bairro Inconfidentes, em Contagem, tem a sensação de que ninguém no mundo amou mais o Cruzeiro que essa mulher. Uma raposa empalhada, bandeiras, camisas, objetos alusivos ao clube e pássaros com nomes de jogadores compunham o lar perfeito dessa mineira nascida na zona rural de Bom Despacho. A paixão era tão grande que a torcedora-símbolo disse a amigos que morreria se o Cruzeiro fosse rebaixado. No domingo, ao presenciar a queda para a Série B, no Mineirão, ela passou mal. Na terça, aos 86 anos, faleceu e virou estrela.
Em 2017, Salomé foi personagem da série Paixões, produzida pelo Superesportes e pelo Estado de Minas, justamente por ter um amor incondicional pelo Cruzeiro. Durante as gravações, ela abriu as portas de sua ‘casa azul’ para a reportagem e confirmou ser uma cruzeirense especial. Um bandeirão enfeitava o jardim de entrada. O varal só tinha espaço para camisas do clube. Ao fundo, banners de eleições passadas no Cruzeiro com rostos de Zezé Perrella e Gilvan de Pinho Tavares demarcavam o espaço onde ela criava o canarinho Marcelo Moreno, o pássaro preto Alex Alves e dois papagaios: Adilson Batista e Bob Faria. Homenagem a ídolos e ao comentarista que ela admirava.
Dentro de casa, os objetos do Cruzeiro estavam por toda parte. Naquela entrevista, ela já demonstrava que o desempenho do time em campo influenciava até na sua saúde. “Dia de jogo do Cruzeiro, eu nem consigo comer direito, perco a fome, perco o sono”.
Desde a década de 1990, Salomé era funcionária do Cruzeiro e trabalhava como faxineira no clube social do Barro Preto.
A cruzeirense foi velada nessa quarta-feira no Ginásio do Riacho, em Contagem, onde foi muitas vezes acompanhar o time de vôlei do Cruzeiro. O sepultamento foi em Santa Luzia.