Ambulância? Não, 1.0

Paulo Galvão
Enviado especial

Se a Escola Municipal Santo André contabiliza os primeiros reais das doações da Seleção Alemã, outros beneficiados, os índios pataxós da Aldeia Nova Coroa, em Coroa Vermelha, também distrito de Santa Cruz Cabrália, ainda esperam recursos. Eles receberam cheque simbólico de 10 mil euros depois do último treino germânico na região, em 11 de julho, e ainda aguardam que a doação seja transformada em dinheiro vivo.

O desejo inicial era o de comprar uma ambulância, mesmo usada, mas os pouco mais de R$ 30 mil só darão mesmo para um veículo 1.0, zero quilômetro, já de grande utilidade para quem sofre com a falta de transporte público em situações de emergência. Os pataxós curtem ainda o aumento das visitas à aldeia, às margens da estrada Porto Seguro-Santa Cruz Cabrália, pois podem aumentar a arrecadação com a venda de artesanato e com as gorjetas pelas duas apresentações diárias de danças típicas. “É a nossa principal fonte de renda, e a divulgação do nosso povo pelos alemães foi muito boa”, diz Biribiri, que responde pela Nova Coroa na ausência do cacique Piki Pataxó.

Tucum, um dos responsáveis pelas boas-vindas aos turistas, é só elogios aos campeões do mundo. “Na primeira vez que fomos lá, nem agendamos nada, mas acabamos muito bem recebidos. Mostramos nossas necessidades e acabamos atendidos com a doação. Bom seria a ambulância, mas o carro já serve”, afirma. “Os alemães foram muito atenciosos, ao contrário dos suíços, com os quais não tivemos nenhum contato.” A outra seleção europeia ficou na vizinha Porto Seguro.

A alegria pela exposição mundial e pela camisa autografada da Alemanha que receberam de presente, porém, não é tudo. “Já chegou a luz, mas falta água e calçamento”, lamenta Biribiri.